Vício: a destruição do ser humano
Seja qual for o tipo de dependência, ele gera um atraso para a vida de quem o tem e, além disso, causa uma desgraça para a sociedade. Entenda qual é a raiz desse mal e como se livrar dele
Originária do termo em latim “vitium”, a palavra vício significa falha ou defeito. Já no Dicionário Aurélio, lemos a seguinte definição: “tornar mau, pior, corrompido ou estragado; alterar para enganar; corromper-se, perverter-se, depravar-se”. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, entende que o vício é uma doença física e psicoemocional.
Quando falamos do assunto, é comum vir à nossa mente os vícios em substâncias químicas ou em álcool, pois, realmente, eles são os mais falados abertamente na atualidade. Contudo não são apenas eles que levam o ser humano a se corromper e até a se destruir. Há muitos outros tipos que, muitas vezes, não são tão expostos, como o consumo de pornografia, que, em razão da facilidade de acesso à internet, dificulta até a mensuração do número de adictos. Estes, por sinal, se tornam prisioneiros, carregam inúmeras frustrações e levam as pessoas com as quais se relacionam também ao sofrimento.
Outro tipo são os jogos de azar que fazem com que muitas pessoas percam família, bens, carreira e investimentos. Existem ainda aqueles indivíduos que não têm mais tempo, liberdade nem tranquilidade por conta do período exacerbado de permanência nas redes sociais. A comida, para outras pessoas, também é um exemplo e muitas vezes é usada como um escape para a ansiedade e as preocupações. Dessa forma, o que deveria ser um prazer se torna uma compulsão. Em todos esses casos, ainda que o dependente tenha momentos de satisfação, em seguida, acaba vivenciando outros de culpa e tristeza.
Você já fez a si mesmo as seguintes perguntas: o que está por trás desse comportamento? O que faz com que uma pessoa permaneça presa a algo que lhe traz uma satisfação momentânea e a faz sofrer posteriormente, mesmo que queira escapar disso? Como ela se mantém nesse círculo vicioso de desejo, realização, culpa e, depois, abstinência? Como ela consegue permanecer praticando algo que destroi milhares de indivíduos em todo o mundo? Afinal, não é apenas o viciado que sofre com as consequências do vício, mas também sua família e até a sociedade. O último Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos (Lenad Família), realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), estima que pelo menos 28 milhões de pessoas têm algum familiar dependente químico e os reflexos são os mais variados: 58% das famílias são afetadas em suas atividades profissionais e 33% têm medo do familiar morrer ou alegam que já sofreram ameaças da parte dele. É fácil compreender esses dados, uma vez que nenhuma mãe, esposa ou filha, por exemplo, vê um membro da família se autodestruindo e permanece bem ou indiferente.
O Bispo Mauro Souza, responsável nacional pelas reuniões do Tratamento para a Cura dos Vícios, revela que o que está por trás de qualquer tipo de vício é um espírito e, mais do que desejar afetar o corpo ou a mente do dependente, seu alvo principal é atingir a alma dele. É por isso que esse espírito age em consonância com a busca que o indivíduo faz para alcançar satisfação ou refúgio para os traumas e frustrações. “Esse espírito, quando vê a pessoa em busca de refrigério, satisfação ou paz, lhe apresenta uma proposta e, após o primeiro clique, gole, tragada ou aspiração, ele entra na vida e na mente da pessoa e causa a destruição dela”, explica.
É assim que esse mal se torna mais forte e faz com que o indivíduo se transforme em um escravo dele. “É justamente nesse ponto, ao ver que não consegue sair da situação, que a pessoa fica desesperada e, por isso, é acometida por pensamentos de desesperança ou até mesmo suicidas”, acrescenta o Bispo.
Ele salienta que a solução final para esse problema pode ser encontrada no campo espiritual e diz como isso acontece: “é preciso que aconteça a troca de espírito. Somente o Espírito da Vida pode fazer essa mudança de pensamentos, de atitudes, de vontades e com que a vítima volte a se conectar consigo mesma, com a vida e com aqueles que ama ou estão a sua volta de forma definitiva”.
Milhares de pessoas em todo o mundo agiram assim e conquistaram esse resultado por meio da fé. Ou seja, enquanto o final da história de vida de muitos foi a destruição, a prisão e até a morte, para outros foi receber uma nova vida. Esse fato é relatado com as histórias de Mike, Lucas e Ana, que você confere a seguir.
O vício tirou a esperança e a dignidade dele
Aos 25 anos, o empresário Mike Santos começou a usar ecstasy aos finais de semana, mas, segundo afirma, a substância passou a não fazer mais efeito e, então, ele começou a consumir cocaína. “Com o passar do tempo, eu já não conseguia mais me controlar e o que eu fazia apenas no final de semana passou a fazer parte da minha rotina diária para que eu pudesse ter momentos de alívio”, diz.
Mike detalha que tentou ainda manter sua vida social normalmente, mas o vício foi ganhando força na sua mente e, dessa maneira, viver tranquilamente deixou de ser sua realidade. “Tudo piorou quando usei mesclado de crack com cigarro. Contudo, por não ser suficiente, passei a usar crack puro”, afirma.
O descontrole causado pelo vício começou a devastar todas as áreas de sua vida. Ele começou a ter problemas em seu antigo emprego, já que faltava de quatro a cinco dias consecutivos, e isso acarretou na sua demissão. “Nesse momento, eu já me sentia um lixo de ser humano, porém, sem conseguir parar, peguei minha rescisão de mais de R$ 70 mil e usei tudo em hotéis e drogas na Cracolândia”, recorda.
Com vergonha da família e por considerar que estava no fundo do poço, ele decidiu morar na rua. Aquela situação o fez acreditar que o seu único destino seria a morte. “Fiquei em um estado deplorável, mas, ainda assim, continuava com as drogas, afinal, achava que esse seria meu fim. Eu as consumia constantemente e, para manter o vício, passei a fazer também pequenos furtos”, conta.
Ele ficou quase duas décadas refém dos vícios, o que também atingiu sua família. Sua irmã, Neuma Maria dos Santos, de 38 anos, afirma que viveu momentos de muito sofrimento. Ela relata um fato que presenciou: “meu irmão sempre foi esforçado e trabalhador, mas, percebemos que ele parou de se cuidar e ficava disperso e ausente em muitos momentos. Até que um dia eu achei um ‘pino de droga’ nas coisas dele e fiquei em choque”.
Ela detalha que percebeu que com o decorrer do tempo o estado de seu irmão foi piorando, o que era reforçado pelo sumiço e pela ausência dele em casa e no trabalho. “Ficávamos dias sem saber dele e isso gerava pânico em nós, pois logo pensávamos que algo de mau tinha acontecido. Além disso, ele furtava cartões da minha mãe e do meu outro irmão para manter o vício. Ele tinha perdido o controle e nós estávamos afundando com ele”, declara.
Neuma comenta que via seu irmão se matando aos poucos e passou várias noites sem dormir. “Ele chegou em casa várias vezes sujo, machucado e cheirando mal. A situação dele passou a afetar totalmente o meu emocional e, então, eu tinha pesadelos nos quais o via morto, acordava aos prantos e percebia que minha mãe também estava chorando”, relata.
Mike morou nas ruas por três meses e, certo dia, teve um princípio de overdose. Sozinho e à beira da morte, ele clamou a Deus e conta o que ocorreu: “senti como se a minha alma fosse descolar do corpo e pedi que Deus me desse uma chance. E, assim que voltei ao normal, logo procurei uma Universal. Eu estava sob efeito de tanta droga que nem me lembro de como cheguei lá. Era um domingo e estava acontecendo a reunião do Tratamento para a
Cura dos Vícios”.
Naquela reunião, ele entendeu a raiz do seu problema e decidiu entregar o que restava da sua vida a Deus. Foi assim que sua história começou a mudar, como esclarece: “pela fé, fui curado e me libertei e, por meio do Espírito Santo, recebi uma nova direção de vida. Hoje, tenho paz, felicidade e alegria. Ele também tem me permitido reconquistar sonhos que as drogas tinham levado”, conclui ele, que está com 44 anos.
Tanto a irmã dela como o restante da família percebeu essa mudança, conforme afirma Neuma: “ficamos muito bem ao vê-lo reconquistando sua vida e hoje, para honra e glória de Deus, ele ajuda pessoas que estão no lugar onde ele já esteve”.
O “prazer” que se tornou uma prisão
O auxiliar de produção Lucas Eduardo Silva, de 18 anos, conta que, aos 13 anos, por curiosidade, se envolveu com pornografia, pois esse assunto era muito falado entre seus amigos. Só que ele não imaginava que isso lhe traria tantos problemas. “Me viciei logo no primeiro dia que comecei a ver pornografia. Em um primeiro momento, tive uma sensação diferente e prazerosa e, então, procurava formas de mantê-la”, conta.
Contudo, com o passar do tempo, aquele prazer momentâneo se transformava em desgosto. Assim, o vício começou a afetar a sua saúde mental. “Era como se eu vivesse sujo, mas ainda assim, eu continuava. Eu não conseguia mais viver sem, ainda que me sentisse mal depois”, explica.
Para satisfazer seus desejos, Lucas procurava estar sempre em relacionamentos amorosos, mas só acumulava frustrações, como detalha: “tive relacionamentos virtuais e reais e buscava estar em contato com alguma moça, mas nunca ficava bem, pois não tinha satisfação. Então, vivia em um ciclo vicioso”.
A situação já estava fora de controle e ele conta um episódio inusitado: “um dia, durante uma viagem de carro com meus pais, escondido no banco de trás, eu pratiquei masturbação. Eu não conseguia parar e eu tinha diversos pensamentos e sentimentos conflitantes”.
Por não aguentar mais conviver daquela maneira, Lucas pediu ajuda a Deus. “Eu falava chorando, pois não queria mais sofrer, e duas semanas depois recebi o convite para ir à Universal. Chegando lá, entendi que a minha luta era espiritual e que precisava de libertação”, afirma.
No primeiro dia, a mudança começou a acontecer no interior dele, que não sentiu mais necessidade de realizar aquelas práticas para se sentir bem. Hoje ele diz que está curado: “Deus fez a transformação no meu interior e na minha mente e hoje estou livre do que me aprisionava. Vivo bem e a minha única necessidade e fonte de bem-estar é o Espírito Santo”.
Um vício que levou a outro
A autônoma Ana Cláudia Couto, de 43 anos, relata que, ainda na adolescência, se relacionou com um rapaz que era traficante. Foi dessa forma que ela conheceu as drogas e o álcool e passou a consumi-los. “Inicialmente, meu único problema era o álcool, mas, logo depois, passei a usar também cocaína frequentemente e, sem controle, também passei a cometer pequenos furtos”, lembra. Ela teve dois filhos com esse companheiro.
Ela informa que seu ex-parceiro era alguém que gozava de confiança entre os criminosos, mas que foi expulso do grupo quando passou a usar crack e, com isso, começou a ser ainda mais agressivo com ela. Então, Ana Cláudia optou pela separação. “Ele me ameaçava de morte, então tive que fugir, temendo que algo pudesse acontecer até mesmo com as crianças. Mas essa situação me desencadeou uma depressão muito forte e me levou a tentar suicídio”, revela.
Em estado de desequilíbrio emocional e mental, ela decidiu deixar seus filhos com sua mãe, pois não tinha condições de mantê-los e de proporcionar segurança a eles. Naquela época, ela morava em um abrigo do governo em sigilo e, por apresentar crises emocionais, foi internada em uma clínica psiquiátrica. Foi aí que ela se viciou em medicamentos. “Em dez anos, tive cerca de 70 internações em clínicas e sempre recomendavam que eu tomasse remédios. Cheguei a consumir 15 remédios por dia”, contabiliza.
Ela descreve que seus dias não tinham mais sobriedade, pois o álcool e o efeito dos remédios eram os controladores da sua mente. “Quando os remédios já não faziam mais o efeito que eu desejava, eu abusava do álcool. Contudo, mesmo com medicações intensas e anestesiada pelo álcool, a tristeza e a dor interna não passavam”, observa.
No fundo de poço, Ana Cláudia conheceu seu atual marido, que também tinha problemas com o vício. “Apesar de não ser do tráfico, ele também usava drogas, mas, pelo desejo de ficarmos juntos e de fazer dar certo, entendemos que os problemas anteriores iriam persistir, então queríamos uma mudança”, relata.
Até que, em 2019, já conhecendo o trabalho da Universal, Ana Cláudia decidiu buscar a mudança de vida por meio da fé nas reuniões na Universal. Ela conta o que aconteceu: “Deus reconstruiu o meu interior e hoje não tenho mais dependência de nada, a não ser da Palavra de Deus. A minha casa é marcada por alegria e felicidade, que começa na minha alma”, encerra.
Procure ajuda
Se você ou seu familiar é vítima de algum vício, procure ajuda na reunião do Tratamento para a Cura dos Vícios, que acontece aos domingos na Catedral da Universal da João Dias, na zona sul da capital paulista, às 15h, e em outros templos da Universal. Para conferir outros endereços, acesse universal.org/localizar.
Saiba mais:
Leia as demais matérias dessa e de outras edições da Folha Universal, clicando aqui. Folha Universal, informações para a vida!