Missionários americanos são sequestrados no Haiti
País sofre com grave crise política e econômica, que resulta no aumento de crimes
No último final de semana, mais uma notícia entristeceu cristãos do mundo inteiro. Um grupo de 17 cristãos foram sequestrados no Haiti, sendo eles cinco homens, sete mulheres e cinco crianças. Dezesseis deles são cidadãos americanos e um é canadense.
Eles estavam em uma viagem missionária ao país, que enfrenta uma grande crise econômica e política. Enquanto voltavam para casa, depois de visitar a construção de um orfanato, foram surpreendidos por uma gangue armada em Ganthier, uma comunidade a leste da capital do Haiti, em Porto Príncipe. A gangue controla a área e é conhecida por extorsões, sequestros e roubos de carros, sendo boa parte de suas vítimas os cristãos.
Durante o início da ação dos criminosos, um dos sequestrados conseguiu enviar uma mensagem de voz para a organização Christian Aid Ministries, que imediatamente fez um comunicado com um pedido urgente de oração.
“Estamos buscando a direção de Deus para uma resolução e as autoridades estão procurando maneiras de ajudar”, afirmaram eles, em um comunicado. “Junte-se a nós em oração por aqueles que estão sendo mantidos como reféns, os sequestradores e as famílias, amigos e igrejas dos afetados. Ore por aqueles que estão buscando a direção de Deus e tomando decisões sobre este assunto”.
Aumento de crimes e sequestros
Infelizmente, esse não é o primeiro caso de sequestro a cristãos no Haiti. Diante da crise no território haitiano, outros incidentes de liberdade religiosa ocorreram. Como em abril deste ano, onde 15 pessoas — entre elas dez religiosos franceses — foram sequestradas pelo mesmo grupo criminoso na região. Além disso, em setembro, um diácono foi assassinado e sua esposa sequestrada.
Desta forma, o número de sequestros só aumenta e essas gangues armadas, que durante anos controlaram os distritos mais pobres da capital haitiana, agora ampliam seu poder para Porto Príncipe e regiões próximas. Somando mais de 600 crimes em 2021, segundo o Centro de Análise e Investigação em Direitos Humanos.
Mesmo com uma profunda crise política, paralisando o desenvolvimento socioeconômico do Haiti há muitos anos e o constante envio de missionários para ajudar na construção do país, alguns grupos como esse se aproveitam da situação para sequestrar e extorquir dinheiro.
Cenário político
Além disso, o crime de sequestro dos missionários aconteceu poucos dias após a visita de oficiais americanos de alto escalão ao Haiti. Na ocasião, eles prometeram mais recursos para a Polícia Nacional do país, incluindo mais US$ 15 milhões, com a finalidade de contribuir para redução da violência das gangues.
Nesta semana também, o gabinete do primeiro ministro do Haiti, Ariel Henry, negou qualquer relação do governo com as gangues. Anteriormente, em agosto, o governo americano pediu que os cidadãos evitasse ir até o Haiti devido a instabilidade e riscos de sequestros.
Vale salientar ainda que o crime aconteceu um dia após o Conselho de Segurança da ONU estender missão no Haiti por nove meses.
E diante da grave situação, muitos haitianos pedem que os EUA envie tropas para ajudar na situação em que se encontra o país. Entretanto, o presidente Biden tem resistido em descolar seus militares para esse tipo de operação.
Ainda sobre os desdobramentos do sequestro, nesta segunda-feira, 18 de outubro, a cidade de Porto Príncipe estava mais vazia devido a uma greve convocada por grupos empresariais e profissionais.
“É como se não vivêssemos mais”, disse Germain Joce Salvador, um jovem de 20 anos, no centro da cidade. “É impossível continuar ouvindo todos os dias que um ente querido, um amigo ou outra pessoa foi sequestrado”, completou.