Um em cada quatro trabalhadores já perdeu o emprego por conta da idade

Aumento da expectativa de vida de brasileiros aponta como deve agir quem quiser atuar no mercado de trabalho daqui para a frente

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A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que 30% dos brasileiros terão mais de 60 anos até 2050 e isso já tem reflexos atualmente sobre a população: um em cada quatro trabalhadores já perdeu o emprego por conta da idade, conforme a pesquisa Etarismo, realizada em conjunto pelo site vagas.com, Colettivo e Talento Sênior e divulgada em novembro de 2022. Vale fazer algumas reflexões: como o mercado se adaptará no presente ao aumento da expectativa de vida e ao menor número de jovens? O preconceito contra profissionais maduros vai diminuir? Como deve agir quem quiser atuar nesse cenário que já é real?

Para Juliana Ramalho, CEO da Talento Sênior, os profissionais maduros têm realmente se tornado a bola da vez quando é preciso fazer cortes. “As grandes empresas ainda hoje estão presas ao modelo de contratação com base na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regime em que o profissional trabalha exclusivamente para uma única empresa, o que acarreta muito custo com planos de saúde e outros benefícios com os quais as organizações arcam. Elas também preferem contratar quem está entrando no mercado com uma pegada mais jovem a ficar formatando ou formando os profissionais mais velhos a um custo alto”, analisa.

Ela afirma que desvalorizar o profissional maduro é o principal erro das grandes empresas: “se a companhia não está exigindo força física desse profissional, se o que conta é o aspecto intelectual, não tem por que trocá-lo pelo mais jovem. Em um ambiente de colaboração e concorrência franca entre as pessoas, se todo mundo tiver as mesmas oportunidades, os profissionais mais velhos darão conta do recado, porque sabemos que intelectualmente vamos melhorando até os 80 anos”.

Para mudar esse cenário, as empresas precisam entender que o jovem não é o único capaz de trazer inovação. “Há uma visão equivocada propagada na mídia que valoriza a juventude, a pele não enrugada e o corpo atlético. O profissional sênior também é uma fonte estratégica para o desenvolvimento de inovações. Quando você põe um profissional mais velho com um mais novo, as soluções tendem a ser mais rápidas e também mais bem pensadas por causa do aporte do mais velho”, analisa.

Já Fran Winandy, consultora e psicóloga com MBA em recursos humanos e mestre em administração de empresas, diz que não existe uma cartilha sobre habilidades ou competências que as empresas procuram nos trabalhadores seniores. “As demandas sempre mudam e não estão relacionadas à idade dos profissionais. As empresas querem pessoas comprometidas, que consigam gerenciar sua inteligência emocional, contribuam com seu pensamento crítico, trabalhem bem em times e coloquem o seu conhecimento a serviço da organização”, diz.

Para Juliana, o profissional sênior não precisa ser um expert em tecnologia, mas precisa dominá-la minimamente para se manter no mercado. “A cada dia que passa as tecnologias estão ficando mais acessíveis. A inteligência artificial, por exemplo, favorece a pessoa sênior que a utiliza como usuária, consegue implantá-la no seu dia a dia e, assim, cria um diferencial. É necessário abandonar o viés etarista autodirigido e se permitir testar novas tecnologias. Hoje está tudo à disposição, se ele mantém a curiosidade em alta, põe um vídeo no YouTube e aprende como usar o ChatGPT (tipo de inteligência artificial) sozinho, por exemplo”, declara.

Fran diz que fazer cursos em áreas complementares também ajuda. “Esta é uma questão interessante: focar ou generalizar? Cada caso é um caso e o autoconhecimento pode ajudar o profissional a decidir o que pretende fazer.

Algumas vezes optamos por nos especializarmos em um tema e fazemos cursos que aumentem ou aprofundem o nosso conhecimento dele. Há quem decida se reinventar e faz cursos totalmente diferentes para apoiar a nova escolha, o que também é válido. Além de novos conhecimentos, a pessoa monta uma nova rede de contatos na nova área. Não existe fórmula: o principal é não parar de estudar, ou melhor, de aprender”, diz.

Ela afirma ainda que é importante que o profissional maduro pare e analise sua trajetória: “avalie o que lhe trouxe mais satisfação, no que você é reconhecidamente bom e o que gostaria de fazer no futuro. Geralmente, na fase da maturidade, procuramos alinhar nossa experiência ao nosso propósito. Claro que avaliar o cenário é importante, mas temos que tentar pensar ‘fora da caixa’ porque o mercado de trabalho mudou muito nos últimos anos e talvez você possa ter vários trabalhos, em vez de um emprego. Então, reflita qual seria a situação ideal para você: o que você gostaria versus o que é possível e tente aproximar esses dois aspectos”, conclui.

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Colaborador

Eduardo Prestes/ Foto:RainStar/getty images / Arte: Edi Edson