Conselhos Tutelares: jornalismo anticristão é mero ativismo político
A perseguição de boa parte da imprensa brasileira contra evangélicos vem de longa data. Saiba mais no texto abaixo
A honestidade passa pela clareza de princípios e critérios. Mais ainda: se empenha para que estes sejam aplicados igualmente a todas as pessoas e ideias que forem relevantes a uma discussão — e que haja transparência em sua execução.
Princípios seletivos, ou seja, aplicados de forma diferenciada a pessoas e grupos, certamente não são bons princípios. Isto só faz sentido se houver uma agenda discreta, frequentemente política e/ou econômica, a ser buscada sob o disfarce de suposta neutralidade — jornalística ou outra qualquer.
Dados da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA) apontam que o Brasil tem hoje 6,1 mil conselhos tutelares espalhados por 5.570 municípios e entidades administrativas. Cada conselho possui cinco membros titulares. Assim, o total de conselheiros tutelares eleitos em 1º de outubro de 2023 e em exercício seria de 30,5 mil.
Mudança em curso
No Brasil, segundo pesquisa Datafolha de 2022, os segmentos evangélicos da população já somam 26% — e crescendo a cada ano. Isto significa que mais de um em cada quatro brasileiros é evangélico; e este número cresce muito quando comparado a outros grupos religiosos. A pesquisa Global Religion 2023, da Ipsos, aponta, inclusive, que 70% dos brasileiros que têm uma religião são cristãos. Também revela que os evangélicos já são maioria entre os jovens (até 30 anos) no Brasil — com 30% da população, contra 26% dos católicos.
No ano de 2012, a partir de dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os pesquisadores José Eustáquio Diniz, Suzana Cavenaghi — professores da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) — e Luiz Felipe Walter Barros, do IBGE, fizeram uma previsão interessante. Os estudiosos concluíram que, em 2040, o número de católicos e evangélicos empataria. A partir de 2040, portanto, os evangélicos seriam a maioria no Brasil. Mas isto pode acontecer ainda antes.
O IBGE segue trabalhando nos dados obtidos pelo Censo 2022; porém, a expectativa é de mais um aumento importante na população evangélica do país. Mesmo assim, há uma reportagem da VEJA de 21 de julho de 2023 que registra, a partir de projeções em cima dos Censos anteriores, que os evangélicos se tornarão a religião majoritária no Brasil já a partir de 2032.
Diversidade seletiva
Nestas eleições para conselheiros tutelares, é possível notar que várias representações religiosas e políticas, entre outras, se fizeram vencedoras das mais de 30 mil posições pelo Brasil. Se aplicamos de forma universal — ou seja, a todos, sem distinção — as ideias de representação e de diversidade, teríamos, com clareza, que tais eleições foram positivas e democráticas. E que toda a sociedade será, de fato, constituída de forma ampla e legítima, na medida em que processos humanos o permitem.
No entanto, a “diversidade”, palavra que muitos intelectuais gostam de sublinhar como princípio autoevidente de virtude e ética, tem, pelo visto, aplicação seletiva — portanto, vazia e desonesta. Essa ideia de diversidade não se estende aos cristãos brasileiros, menos ainda aos evangélicos e, em particular, à Igreja Universal do Reino de Deus.
Parece, para alguns, que pluralidade e diversidade são princípios que merecem celebração apenas quando contemplam determinados grupos queridos por uma fatia da imprensa brasileira. Aliás, os mesmos elementos midiáticos se recusam, até aqui, a investir em notícias e reportagens que abordem outros grupos, associações ou outras religiões — e com a mesma severidade, ou seja, com os mesmos padrões, quando o assunto são as eleições para conselheiros tutelares. Para os gelatinosos padrões atuais, isto seria honesto demais: seria bom jornalismo. Infelizmente, muitas redações preferem abandonar e contaminar mais ainda o que resta do jornalismo — que vive profunda crise de confiança (ver Gallup, Edelman etc.), além de financeira — para buscar os cliques fáceis de palavras barulhentas, duvidosas e que tendem a ganhar a simpatia dos algoritmos.
Jornalismo ou ativismo?
De forma geral, a perseguição de boa parte da imprensa brasileira contra evangélicos vem de longa data; o que mudou — e vai se intensificar, de acordo com os dados trazidos aqui — é a reação dos cristãos evangélicos. E esta reação se torna ainda mais legítima de acordo com nossa Constituição, no inciso VIII do art. 5º: “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”.
Nossa Lei Maior explicitamente garante, portanto, que qualquer pessoa — de qualquer religião — pode se candidatar e, se eleita, não poderá ser discriminada por seu credo. Deste modo, se um indivíduo evangélico, por exemplo, se sentir caluniado, injuriado, perseguido ou prejudicado, este poderá buscar seus direitos. Para início de conversa, tais práticas violam tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. E, ainda mais importante: a ofensa por razão religiosa — como, novamente, nossa Constituição deixa claro — pode ir muito além de calúnia, injúria ou difamação.
A depender da situação, estaremos mesmo falando de um crime de intolerância religiosa, registrado no Código Penal Brasileiro, Decreto-Lei 2.848/1940, em seu artigo 208: “Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”. Nesses casos, recomenda-se que você, evangélico, se sentir-se ultrajado por pessoa ou grupo, registre um boletim de ocorrência e faça uma denúncia pelo Disque 100.
Os caminhos para lidar com a imprensa, porém, são outros. De fato, alguns dos registros que vemos na ainda denominada grande mídia vão mesmo longe demais e exigem uma resposta de quem se sente lesado. A ironia: em um momento em que supostamente se caçam as fake news, frequentemente quem as comete — em graus muito variados e complexos — é, precisamente, a mesma mídia que pretende expor as falsidades. Vale recordar, ainda: no Brasil, não existe direito absoluto. Assim, os prejuízos provocados por aqueles que não conhecem — ou ignoram — as fronteiras entre o direito de informar e, no limite, o cometimento de um crime, devem ser reparados; claro, dentro da Lei.
Um questionamento final: a religião de uma pessoa a qualifica, ou não, para ser um bom conselheiro tutelar? Ou, ainda: isto depende da religião em questão? É nítido que nossa Constituição já deu essa resposta. Mas, de acordo com muitas matérias dos últimos dias, basta ser um candidato evangélico a conselheiro tutelar — ou, pior, eleito — que já brotam textos com ares de “polêmica”, no mínimo; e de “denúncia jornalística” com aspecto grave, no máximo. Por vezes, o jornalismo é chamado de quarto poder. No entanto, os casos nítidos de ativismo político anticristão revelam um poder nada jornalístico — nem democrático.
Brasil, um país cristão
Há uma combinação maliciosa, que mistura a possibilidade de denúncias legítimas — que precisam existir em casos de irregularidades comprovadas, não importa de quem sejam — ao fato de que a maioria de tais denúncias, quando dizem respeito a evangélicos, não são abordadas com transparência, equilíbrio e em sua totalidade. Em verdade, como em casos já documentados, tais denúncias, por vezes, sequer são verificadas. A prática jornalística mais básica, que visa (ou deveria visar) à busca pela verdade e a partir da qual são considerados e reportados todos os lados de uma questão, é jogada fora. Resta apenas o ar sensacionalista de uma suposta denúncia, de forma absolutamente tendenciosa.
Quem são as pessoas envolvidas nas denúncias? A quem interessa informar a religião de um candidato ou conselheiro tutelar? Qual o motivo do interesse, tão específico, de apontar apenas os que são evangélicos, em vez de dar atenção a todas as religiões — ou a nenhuma? Essas informações e questionamentos, obviamente relevantes, nunca aparecem nas reportagens.
Os princípios e critérios adotados — voltamos ao início do texto — ao que parece, são mesmo seletivos; ou seja, escolhidos por motivação política. O jornalismo, pobre dele, serve apenas como plataforma do ativismo em questão. A intenção, mais do que óbvia, é — mais uma vez — atacar cristãos evangélicos e, especialmente, a Universal.
Por fim: o precedente da simples existência, há décadas, e consolidação da bancada evangélica como grupo político no Congresso Nacional evidencia a legitimidade de conselheiros tutelares desta larga fatia do país.
O Brasil é um país cristão e, crescentemente, evangélico. Isto, apesar de todos os esforços contrários — há décadas — de determinados grupos midiáticos. Já passou da hora dos jornalistas de certos grupos compreenderem e levarem a sério o cidadão cristão e evangélico. Se, em teoria, a mídia pretende alcançar e firmar laços de confiança com o cidadão brasileiro, ela terá, primeiro, de se aproximar e compreender, com respeito, o cidadão cristão — e, especificamente, o público evangélico.