Apenas conflitos ou a Terceira Guerra Mundial?
O mundo chegou a um ponto tão belicoso que pode ser irreversível e isso nos traz um importante alerta
Quando falamos de guerra, há quem lembre de filmes ou dos estudos, mas elas não figuram apenas nas telas e nos livros de história. Há vários conflitos em curso atualmente: Ucrânia e Rússia estão em guerra há quase dois anos. O conflito entre Israel e Hamas já passou dos cem dias. A Venezuela ameaçou invadir a Guiana Francesa. Os Estados Unidos atacaram um grupo no Iêmen, país que vive uma guerra civil há uma década.
A China prometeu aumentar a pressão sobre Taiwan, caso a ilha insista em se tornar independente. A Coreia do Norte lançou mísseis próximos à fronteira da Coreia do Sul.
De acordo com uma pesquisa do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), há mais de 180 conflitos armados em andamento no planeta. “Isto aponta para uma situação cada vez mais problemática em muitas partes do mundo em termos de necessidades humanitárias, de estabilização e de reconstrução”, cita o relatório.
O Brasil neste cenário
Nenhuma dessas guerras envolve diretamente o Brasil. No entanto “esses conflitos ao redor do mundo geram instabilidade geral que afeta o fluxo do comércio e impactam a inflação no Brasil”, explica Vladimir Feijó, professor de relações internacionais.
Além do impacto econômico, sempre que um conflito tem início há certa apreensão sobre o posicionamento do País. Feijó lembra que o Brasil é um país de potência média e com tendência a crescer economicamente e, então, sempre há a expectativa de que o País seja um mediador dos conflitos ou se apresente como agente em favor da paz. “Obviamente essa influência brasileira depende do aceite do Brasil como mediador desses conflitos. No caso dos nossos vizinhos sul-americanos, isso parece ser bem recebido; já nos conflitos mundiais, o Brasil tem preferido se apresentar como uma das diferentes vozes e não como a mais importante em defesa da paz. Mas isso não exclui a possibilidade de o Brasil, eventualmente, ter que mostrar força como instrumento de desestímulo à guerra, já que uma demonstração de força para dissuasão e desestímulo de um conflito é uma das ferramentas em prol da paz reconhecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU).”
Só falta declarar
A Humanidade já viveu diferentes fases na comunicação, na indústria, na educação e até nos conflitos. Só que há detalhes que se repetem e, se examinarmos bem, veremos algumas semelhanças entre o início do século 20, quando eclodiram as primeiras guerras mundiais, e o atual cenário mundial.
Feijó analisa que na década de 1930 houve uma cultura de apaziguamento, relativização do Direito Humanitário Internacional e, logo depois, uma série de diferentes conflitos que originaram a Segunda Guerra Mundial. Esse cenário é bem semelhante ao atual, segundo Feijó: “parece que estamos caminhando para um jogo de Terceira Guerra Mundial, à semelhança do que foi a Segunda (que não foi somente um evento concentrado na Europa, mas um somatório de diferentes conflitos que acabaram envolvendo o mundo). Então, é bem possível que já estejamos vivendo a Terceira Guerra Mundial sem que haja esse nome oficial porque falta o cataclismo que fará o efeito dominó de muitos países declararem guerra simultaneamente a outros por diferentes acontecimentos. Já temos muitos desses conflitos com as grandes potências atuando neles. Só falta a declaração de guerra”.
A prática conflituosa de uma nova grande guerra seria diferente das anteriores, com múltiplas fontes de atuação e envolvimento até de armas nucleares, perturbação de atividades políticas e uso de tecnologias poderosas. “Há grandes indícios da inclusão de inteligência artificial por meio de drones terrestres, aquáticos e aéreos para realizar combates”, comenta Feijó.
É impossível prever o posicionamento do Brasil diante de uma guerra mundial, mas Feijó acredita que a opinião pública dirá, à medida que o conflito acontecer, se o País deve ou não se engajar militarmente. “Por questão de potencial desdobramento, devemos nos atentar aos conflitos na Ásia, pois eles terão mais impacto na Terra, tanto pelo fato da região possuir grande concentração da produção industrial do mundo quanto por ela ser um gargalo da logística mundial.”
Além das notícias
O Senhor Jesus alertou: “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim (…) Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mateus 24.6-13). Então, sabemos que os conflitos se intensificarão.
Estamos em uma era de múltiplos conflitos, ameaças de guerra cibernética e nuclear e, pelo que os sinais indicam, diante de uma iminente Terceira Guerra Mundial. No entanto todos os dias travamos outras batalhas que não são manchetes nos jornais, mas são tão presentes e perigosas quanto as que acontecem mundo afora. Neste momento você pode estar travando uma guerra contra o desânimo, o medo, a doença ou outro problema. Tratase de uma guerra invisível em que o campo de batalha está dentro de você. Mas tende bom ânimo, porque Jesus venceu o mundo e, seja uma guerra entre países ou na sua vida, não há motivo para desanimar ou temer, mas há, sim, para se apegar a Deus, pois Ele está à porta.
Há regras em uma guerra
As Convenções de Haia e de Genebra do Direito Internacional Humanitário estabelecem dois pontos importantes: o direito à guerra, ou seja, uma explicação plausível para um conflito justo; e o direito em guerra, ou seja, o que é considerado uma prática aceitável dentro de um conflito. Eles devem ser seguidos em todo e qualquer tipo de conflito: os que envolvem nações, entidades terroristas ou organizações criminosas.
Apesar de o Tribunal Penal Internacional lidar com os crimes de guerra, de genocídio, contra a Humanidade e os de agressão, esse conjunto de tratados é uma promessa entre os países e cabe a cada um, individualmente, adotar as medidas de respeito a eles. Então, o Executivo deve treinar, capacitar e fiscalizar suas Forças Armadas; o Legislativo deve adotar leis sobre os crimes de guerras, além de estabelecer deveres e direitos; e o Judiciário, ao receber as denúncias de violação, deve aplicar as penalidades estabelecidas pelo Legislativo.