Energéticos: sugando sua energia
As bebidas energéticas, que caíram no gosto de adolescentes e jovens, podem causar diversos malefícios
Sabe quando o seu celular está com a bateria nos segundos finais e você corre para carregá-lo antes que ele desligue? Às vezes, somos nós, os humanos, que estamos com a bateria no fim e precisamos de uma recarga rápida para dar conta da demanda diária de trabalho, estudos e cumprir várias responsabilidades. Muitas pessoas, quando estão com a agenda lotada, optam por recarregar a energia rapidamente e lá vem o café, o guaraná, o açaí ou aquela lata colorida e cheia de promessas, conhecida como energético.
O primeiro energético de que se tem notícia foi uma latinha azul que prometia fazer as pessoas voarem, mas, hoje, há uma grande variedade de marcas, sabores e de preços. Apesar de ter surgido como uma bebida para dar energia nos períodos de correria, ela caiu no gosto dos jovens que fazem uso recreativo em qualquer situação.
Você já se perguntou qual é a composição dessa bebida? A nutricionista Paula Oliveira explica: “ingredientes como cafeína e taurina, que aumentam temporariamente os níveis de energia, melhoram o estado de alerta e promovem uma sensação de bem-estar. Além disso, eles podem melhorar o desempenho cognitivo, ajudar na concentração e na memória e até estimular o metabolismo, auxiliando na queima de calorias. Em atividades físicas, os energéticos podem aumentar a resistência e reduzir a sensação de fadiga”.
Efeito nem tão passageiro
No primeiro momento, a bebida cumpre a promessa de energizar. No entanto ela pode causar efeitos colaterais como nervosismo, insônia, ansiedade e taquicardia. Graças às altas doses de cafeína, além do açúcar e adoçantes artificiais, a longo prazo, os energéticos podem contribuir para o ganho de peso, a resistência à insulina e para o aumento do risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Eles também podem elevar a pressão arterial e o ritmo cardíaco e causar irritação gastrointestinal.
Paula ainda lembra que a bebida é contraindicada para pessoas com problemas cardíacos, incluindo hipertensão ou doença cardiovascular, e mulheres grávidas e que estão amamentando. “Também é importante considerar condições de saúde mental, como transtornos de ansiedade ou transtorno bipolar, que podem ser agravados pelo consumo de energéticos. Em resumo, é fundamental avaliar o estado de saúde individual e a sensibilidade à cafeína antes de consumir essas bebidas e buscar orientação médica se necessário”, acrescenta.
Na lata!
A revista científica Public Health analisou 57 estudos sobre o consumo de energéticos, com informações de 1,2 milhão de crianças e adolescentes de 16 países. A conclusão foi que há uma forte associação entre o consumo de energéticos e o de tabaco, álcool e outras substâncias prejudiciais.
Além disso, há efeitos negativos na qualidade do sono e no desempenho acadêmico e “os efeitos adicionais para a saúde observados na revisão atualizada [dos estudos] incluíram aumento do risco de suicídio, sofrimento psicológico, sintomas de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), comportamentos depressivos e de pânico, doenças alérgicas, resistência à insulina, cárie dentária e desgaste erosivo dos dentes”, diz o artigo, que sugere uma política regulatória e a restrição da venda de energéticos para crianças e adolescentes. Além dos malefícios já descritos, Paula deixa um alerta para os jovens: “a dependência dessas bebidas para obter energia também pode levar a uma montanha-russa de energia e cansaço (…) e levar a picos de energia seguidos por quedas bruscas, afetando o humor e a capacidade de concentração”.
A verdade é uma só: independentemente da idade, tudo que consumimos influencia nossa saúde física, mental e psicológica e, por isso, é importante avaliar bem alimentos, bebidas e hábitos que podem sugar ou nos dar energia. Pense bem.