Uma infância roubada pelo crime

Aos 13 anos, Isaque já era gerente do tráfico. Veja como ele obteve a transformação de vida

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Isaque Fernandes, de 18 anos, iniciou sua trajetória no crime aos 8 anos. Por meio de amizades, ele conheceu a maconha. “No início, realizei pequenos furtos, mas o alvo sempre era maior. Quando completei 11 anos, meu pai teve complicações de saúde após uma briga e faleceu.”

A situação causou revolta em seus familiares, que culparam Isaque pela morte do pai. A acusação fez com que ele decidisse se dedicar totalmente ao crime. “Mergulhei de cabeça e, aos 13 anos, fui promovido a gerente-geral do tráfico da comunidade.”

As atividades criminosas lhe proporcionavam vantagens como ostentar carros, dinheiro, armas e ir a festas. Aos 15 anos, ele foi nomeado por um grupo de extermínio do Ceará como responsável por uma organização de assaltos, que deu início a uma série de assassinatos. “Me envolvi em 23 homicídios, mas vivia com medo de morrer. Tinha sonhos com mortos, ouvia vozes e procurava religiões.”

Isaque serviu a entidades espirituais com o objetivo de alcançar sucesso e proteção em suas atuações, mas foi em vão. “Cada dia que passava o vazio que havia dentro de mim só aumentava. Não era feliz, vivia mudando de casa e de bairro, porém nada me satisfazia. Tinha depressão, síndrome do pânico e não conseguia dormir.”

Durante uma operação da Polícia Militar, ele foi preso com a ex-companheira e um amigo. Ao chegar na unidade socioeducativa, organizou rebeliões e tentativas de homicídio. “Me mudaram várias vezes de unidade, até que cheguei no Centro Socioeducativo do Canindezinho. Lá, perdi tudo, caí em depressão, me cortei e tentei o suicídio.”

Luz no fim do túnel
Em 2017, a oportunidade de mudança apareceu. Ele participou de uma reunião da Universal que aconteceu dentro da unidade. “Fiquei surpreso porque não imaginava que existia uma igreja naquele lugar. Ouvi cada palavra que o pastor falou e decidi que serviria a Deus. Deixei a vida do crime para trás e larguei as drogas”, conta.

Depois de um ano e oito meses detido, ele recebeu a liberdade física e interior. “O Espírito Santo foi a maior transformação que aconteceu em mim. Agora tenho desejo de viver e ajudar outros que estão onde eu estive. Nunca pensei que Deus mudaria minha vida dentro de uma prisão”, diz.

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Colaborador

Camila Dantas / Fotos: Mídia/USE e Arquivo Pessoal