Naamá: uma mulher de fases e faces

A personagem da série Reis chegou envolta em mistérios e cada revelação a respeito dela rendeu reações e lições ao público

Imagem de capa - Naamá: uma mulher de fases e faces

Você se lembra quando a identidade da narradora da série Reis era um grande mistério? Ela contava a história de Israel para seu filho, com comentários que nos ajudavam a compreender melhor alguns detalhes, personagens e acontecimentos. Depois descobrimos que seu nome é Naamá (Giovana Lima/Ingrid Conte). Trata-se da história de uma garotinha que chegou na série Reis com sua família. Ela é uma estrangeira e passou por perdas irreparáveis, encontrou em Abisague (Nathália Nieman/Barbara França) uma boa amiga, se apaixonou pelo, na época, príncipe Salomão (Arthur Valadares/Guilherme Dellorto) e fez várias escolhas equivocadas que lhe renderam algumas consequências nada agradáveis.
Sua existência é uma licença poética usada pela autora, Cristiane Cardoso, mas sua história e sua personalidade são embasadas na Bíblia. “A colocamos como sulamita. Eu me baseei em Cantares para construir a Naamá porque vemos que era um relacionamento triste. Ela não é uma pessoa má, mas cometeu erros. Ela se entregou a Salomão, quis Salomão, o amou e ele não retribuiu ao seu amor. Então, ela culpa Abisague, ela culpa a tudo e a todos pela tristeza em que vive, menos a si mesma, que se entregou a alguém que não estava disposto a fazer o mesmo por ela”, diz Cristiane.

Três fases, três tipos de pessoa
A trajetória de Naamá, sem dúvida, é repleta de particularidades e de reviravoltas, não apenas nos acontecimentos em sua vida, mas também em sua personalidade.

No Papo Delas com a autora e coautoras de Reis (disponível no Univer Vídeo), aprendemos que Naamá é a representação de três tipos de pessoas, em três fases distintas da vida. Nas redes sociais, Cristiane sintetizou cada uma delas: “a primeira fase, que vimos na oitava temporada, é a que representa a pessoa que se apaixona, idealiza, acredita e se entrega, coloca todas as fichas em um relacionamento que, ao seu ver, é só questão de tempo para que se aprofunde”. Vimos essa Naamá inocente e apaixonada sempre observando Salomão, trocando com ele papiros cheios de juras de amor e se entregando a esse sentimento sem que antes houvesse um compromisso e tentando esconder sua insegurança.

Já a nona temporada trouxe uma Naamá numa fase e versão de si mesma bem diferentes: decepcionada e vingativa. “Essa fase é autodestrutiva porque não é nem racional. Quanto mais ela machucava Salomão, mais ele se afastava dela e mais ela sofria por isso”, resumiu Cristiane na publicação.
Agora, a autora revelou em coletiva de imprensa que Naamá chega à nova temporada, A Decadência, totalmente perdida com o que aconteceu com Abisague e com dificuldade de fazer as pazes com o rei Salomão, seja pelo passado, seja pela fuga de Roboão, filho dele (Henrique Camargo). E como vemos a sulamita agora? “Tão perdida que ela vai se aproximar das outras esposas e vai começar a ficar como elas, porque Naamá é um camaleãozinho. Se Salomão está romântico e feliz com ela, ela é feliz, romântica e legal; se Salomão está com outra esposa, ela é vingativa; se Salomão está dando uma chance a ela, ela finge que está pegando essa chance (…). Ela é levada pelas circunstâncias, ou seja, pelo que está acontecendo no momento”, ressalta Cristiane.

Um espelho
E é justamente por Naamá exibir tantas versões de si mesma que o público se identificou muito com ela ao longo da série. No entanto, quando suas inseguranças, erros e falhas se tornaram visíveis, o descontentamento tomou conta das pessoas nas redes sociais. A autora explica como avaliou essas reações: “muitas pessoas ficaram com raiva e falaram que eu não gostava da Naamá. Como assim? Eu que criei a Naamá, como não vou gostar dela? As pessoas levaram para o pessoal porque elas se viram na Naamá”. Estar diante do espelho nem sempre é confortável, mas agora é hora de aprender com essa personagem a como se curar do passado, a se valorizar, a amar com reciprocidade e a ter a atenção de quem a merece de verdade.

Aliás, esse é um dos grandes diferenciais dessa superprodução. A história dos personagens é real e revela suas qualidades e defeitos, acertos e erros, escolhas e consequências deles. São nuances que, independentemente do personagem, sempre trazem algo para nos identificarmos e para reconhecermos em que precisamos melhorar. Esse é um excelente motivo para continuarmos acompanhando a série Reise o fim dessa fase em que aprenderemos muito com o último rei que governou todas as tribos de Israel.

A produção vai ao ar de segunda a sexta-feira, a partir das 21h, na Record e no Univer Vídeo.

imagem do author
Colaborador

Laís Klaiber / Fotos: BLAD MENEGHEL