As mulheres estão mais estressadas, insatisfeitas e inseguras

Um estudo mostra que a ansiedade afeta seis em cada dez brasileiras e que 86% das entrevistadas consideram-se sobrecarregadas

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Uma pesquisa conduzida pela organização não governamental Think Olga revelou que a ansiedade afeta o cotidiano de seis em cada dez mulheres brasileiras. Esse fenômeno se intensificou, especialmente depois da pandemia de covid-19, em razão de as mulheres enfrentarem problemas financeiros, sobrecarga no dia a dia e desafios sociais. Em consequência disso, as brasileiras estão se sentindo cada vez mais estressadas, insatisfeitas e inseguras.

O estudo, realizado em 2023 com 1.078 brasileiras, com idades entre 18 e 65 anos e de diversas classes sociais, mostrou que 38% das mulheres são as únicas provedoras em seus lares, enquanto apenas 11% não contribuem com os pagamentos dos gastos familiares. Essa responsabilidade financeira, somada à pressão para garantir o sustento básico e manter as contas em dia, recai predominantemente sobre elas.

A insegurança também tem abalado as mulheres. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de feminicídios em 2023 aumentou 1,6%, quase 1.500 casos, se comparado a 2022. Por conta dessa realidade, 16% das mulheres têm medo de sofrer violência. Outro dado levantado pelo estudo indica que 86% das mulheres consideram-se com sobrecarga de responsabilidades. Além disso, 26% delas sofrem pressão da sociedade em relação aos padrões de beleza, o que impacta negativamente suas vidas, contribuindo para baixa autoestima e insatisfação corporal e afetando sua saúde emocional. Não surpreendentemente, 68% dos diagnósticos de transtornos alimentares são detectados em mulheres.

Excessos
A psicóloga Daiane Bessa observa que as mulheres se sentem obrigadas a controlar todos os aspectos de suas vidas, incluindo casa, filhos, trabalho e finanças. Essa pressão excessiva pode levar a um maior desenvolvimento de ansiedade em comparação com os homens, que geralmente não sentem essa mesma obrigação de controle.

Daiane esclarece que a ansiedade patológica surge quando algo causa sofrimento excessivo e leva a preocupações que ultrapassam o limite considerado normal. Essas inquietações podem levar a comportamentos socialmente anormais, como desregulação no apetite no sono, desespero excessivo para resolver ou por antecipar problemas e sofrimento por pensamentos antecipatórios negativos. Tudo isso interfere no funcionamento da pessoa em diferentes contextos sociais. “Quando o sofrimento atinge o limite, podem surgir sintomas psicossomáticos, como gastrite, travamento muscular, enxaqueca, dor lombar e manchas na pele. Além disso, algumas pessoas desenvolvem sintomas psicológicos, como necessidade de repetir tarefas por conta da preocupação exagerada com o futuro, uma vez que a ansiedade é uma preocupação excessiva com o futuro e o passado, o que dificulta viver no presente”, explica a psicóloga.

Oposto da fé
Daiane faz uma analogia entre ansiedade e fé. “Podemos dizer que a ansiedade é uma ‘fé às avessas’, pois, enquanto a fé é a crença em algo bom, a ansiedade é acreditar em algo negativo que ainda não aconteceu, levando ao bombardeio de pensamentos negativos e aos complexos e fazendo a pessoa acreditar que tudo vai dar errado. Quando esse sentimento começa a fugir do controle, ele prejudica o relacionamento social e causa desespero à pessoa.”

Para a psicóloga cognitivo-comportamental Rejane Sbrissa, as mulheres estão sobrecarregadas com múltiplas responsabilidades tanto dentro quanto fora de casa: “mesmo com a contribuição masculina nas tarefas domésticas e com os filhos, elas continuam a ser as principais planejadoras do funcionamento da casa e do cuidado dos filhos, o que pode gerar preocupações constantes. Além disso, elas tendem a antecipar possíveis problemas e necessidades do outro, o que pode ser extremamente desgastante emocionalmente e levar ao transtorno de ansiedade. Isso pode inclusive desencadear síndrome do pânico, associada ou não à depressão”.

Entregue o controle
Os problemas do cotidiano sempre estarão presentes. No entanto o Senhor Jesus orienta a lançar “sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós” (1 Pedro 5.7). Ele compreende que enfrentaremos um turbilhão de preocupações, mas devemos aprender a confiar nEle. O controle de nossas vidas deve estar em Suas mãos. Quando vivemos de acordo com os princípios da Palavra de Deus e seguimos Seus conselhos, nossa alma se tranquiliza, renunciamos à ansiedade e encontramos paz.

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Colaborador

Michele Nascimento / Fotos: Cecilie_Arcurs/Getty Images