Seu povo seria exterminado

A saga da jovem órfã judia que chegou ao trono de uma das nações mais poderosas da Antiguidade depois de um concurso de beleza vira minissérie e estreia neste mês no Univer Vídeo

Imagem de capa - Seu povo seria exterminado

Ela ficou órfã quando ainda era criança, foi criada por um primo e forçada a participar de um concurso de beleza formado por um harém de jovens virgens, evento em que a nova rainha do império seria escolhida. Apesar de parecer uma simples história de princesa, não se trata disso. A história de Ester, que tem um livro homônimo na Bíblia, será retratada em 30 capítulos na minissérie A Rainha da Pérsia, que estreia neste mês na plataforma Univer Vídeo. Em entrevista exclusiva à Folha Universal, a escritora Cristiane Cardoso fala da nova produção que, segundo ela, está repleta de romance, drama, reviravoltas, ação, suspense e até uma pitada de terror. Confira as informações seguir.

Folha Universal – Qual é o diferencial da minissérie A Rainha da Pérsia em relação às produções que enfocam o livro de Ester?

Cristiane – Procuramos adicioná-la aos relatos históricos da época, que são muitos por sinal. Levamos em consideração todo o contexto da vida de uma judia temente a Deus, em um império persa, casada com um rei que tinha uma cultura completamente diferente da de Israel. Destacamos bem o antissemitismo, que coincidentemente está tão em alta atualmente, além de incluirmos partes bíblicas que não estão somente no livro de Ester. A minissérie saiu da história que todo mundo conhece e abrangeu todo o contexto em que essa história aconteceu e, assim, a entendemos melhor.

FU – Qual é a principal mensagem da minissérie?

Cristiane – É que a força da mulher não está no que ouvimos por aí, como impor o nosso jeito, no autoritarismo, na beleza física e muito menos na rebeldia e no rancor contra a figura masculina, mas na sua retidão de espírito, que se submete à justiça de Deus, mesmo quando ela aparenta demorar para chegar. A sabedoria, a doçura e a humildade da mulher sempre fizeram e sempre farão toda a diferença no mundo, especialmente na vida do homem.

FU – Quais temas do livro de Ester que, apesar de passados tantos anos, se relacionam com a atualidade e serão abordados?

Cristiane – O casamento e seus dilemas, a cultura errônea que perdura desde a época de Caim, que ser homem é ter muitas mulheres, que a capacidade da mulher não está no poder que ela exerce sobre as pessoas e o preconceito que insiste em minar e separar os povos até hoje.

FU – Quais personagens bíblicos, além dos citados no livro de Ester, serão mostrados?

Cristiane – Neemias e Esdras estarão na trama porque são do mesmo período e têm, como Ester, muita importância na história da nação de Israel.

FU – Quais os principais acontecimentos que, apesar de não serem relatados no livro de Ester, compõem a trama?

Cristiane – A guerra contra os espartanos, as rebeliões no reino persa, o assassinato do herdeiro do rei, mas o mais intrigante é o que a história não relata, embora sejam informações extremamente relevantes, como o fato de a Bíblia mudar só os nomes de Xerxes e Améstris, enquanto os dos demais reis, como Ciro e Artaxerxes, são mantidos, além de que, historicamente, Ester é completamente ignorada da história do reino persa, assim como a morte do rei, e é de se questionar o porquê disso.

FU – Qual é a diferença da Ester que será mostrada na minissérie em relação
às anteriores?

Cristiane – Nos filmes, sempre vemos uma Ester quase perfeita, sem erros e quase divina, mas, em A Rainha da Pérsia, veremos uma Ester mais humana, que tem falhas, mas que nem por isso deixa de ser uma mulher totalmente especial tanto para o seu povo quanto para nós, que a vemos como referência para a nossa vida.

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Colaborador

Núbia Onara / Fotos: LEANDRO MÁRCIO / Cedida