Como evitar doenças respiratórias nesta época do ano?
Conheça as medidas de prevenção contra os vírus que comprometem o sistema respiratório e podem até levar à morte
As variações climáticas e de temperatura registradas em grande parte do Brasil nesta época do ano e a proximidade do inverno podem afetar a saúde respiratória da população. O último Boletim Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no final de maio, apontou a prevalência, entre os casos positivos para vírus respiratórios, de vírus sincicial respiratório (56%), de influenza A (25,8%), Sars-CoV-2/covid-19 (4,5%) e influenza B (0,4%). Os percentuais para óbitos causados pelos vírus foram de 47,6% para influenza A, 26,6% para Sars-CoV-2/covid-19, 17,6% para vírus sincicial respiratório e 0,3% para influenza B. É possível se proteger dessas e outras doenças respiratórias que ocorrem neste período?
Para Rene Penna Chaves Neto, pneumologista, coordenador do departamento de pneumologia da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), no interior de São Paulo, o tempo mais frio e seco tem contribuído para a disseminação de doenças respiratórias por conta das aglomerações e exposições a agentes infecciosos de transmissão por gotículas das vias aéreas. “Pacientes pneumopatas, cardiopatas e com doenças e/ou tratamentos que comprometam sua imunidade estão sob maior risco. Crianças e idosos também sempre são alvos frequentes dessas complicações sazonais”, diz.
Segundo ele, a alta circulação desses vírus ao mesmo tempo pode ser responsável pelo aumento na procura por tratamento nos hospitais. “Todos esses agentes virais causam processo inflamatório pulmonar, broncoespasmo e mais intensamente pneumonias com piora da função pulmonar, podendo ser necessária reposição de oxigenioterapia e até intubação traqueal nas fases agudas da infecção”, avalia.
Chaves Neto afirma que o vírus influenza apresenta três subtipos: “infl uenza A, com os subtipos H1N1 e H3N2; os vírus da infl uenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais. Já o tipo C causa apenas infecções respiratórias brandas. Inicialmente, os sintomas da covid-19 podem ser confundidos com resfriados e gripe por influenza, porém, a partir de 2020, o vírus Sars CoV-2 apresentou grande potencial para acometer o tecido pulmonar, com queda da saturação de oxigênio e necessidade de reposição de oxigênio e suporte avançado de medicina. As formas atuais de covid-19 apresentam uma patogenia mais branda, com menos mortalidade”.
O médico reconhece que o vírus sincicial respiratório (VSR) também tem causado problemas e ressalta que “é um vírus de RNA que causa quadros respiratórios em todas as faixas etárias, mas é mais comum em crianças e recém-nascidos. As medidas de prevenção do vírus sincicial são as mesmas adotadas para evitar a infecção pelo coronavírus ou por influenza. Alguns adultos, principalmente os imunodeprimidos ou com doenças pulmonares, também podem ter complicações quando se infectam com o VSR, especialmente idosos com mais de 65 anos ou adultos com doença crônica ou cardíaca”, alerta. Em abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a primeira vacina no País contra o VSR para imunização de adultos com 60 anos ou mais.
Cuidados
De acordo com o médico, para fugir das doenças respiratórias, é indicado evitar aglomerações e ter outros cuidados: “lavar as mãos frequentemente, evitar proximidade do rosto de pessoas com tosse ou sintomas gripais e ajustar a umidade relativa do ar e sua temperatura são medidas importantes. além de manter a imunização atualizada contra os agentes virais e bacterianos e o uso correto e regular das medicações de uso contínuo por portadores de pneumopatias crônicas”.
Hidratação e boa alimentação também são fatores que auxiliam tanto na prevenção das doenças quanto na recuperação de pacientes. “Durante uma infecção ou exacerbação de doença respiratória crônica, um dos sintomas é o aumento da frequência respiratória (taquipneia), o que causa grande perda de líquidos pela evaporação do ar expirado. Portanto uma excelente reidratação e alimentação saudável são essenciais para uma boa evolução das infecções das vias aéreas.”
Ele ainda recomenda bom senso no uso de máscaras. “Qualquer pessoa com sintomas gripais é fonte potencial de transmissão. E, caso medidas caseiras comuns não surtam melhoras, deve-se procurar o serviço médico para um atendimento específico o mais precocemente possível”, conclui.
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