Vai uma pitada de criatividade?

Mais da metade dos alunos brasileiros de 15 anos têm baixo nível de criatividade. O que podemos aprender com essa informação e o que fazer para modificar esse quadro?

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Pela primeira vez, o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa), um inquérito trienal elaborado com estudantes de 15 anos de todo o mundo, mediu o nível de pensamento criativo dos participantes. Uma das solicitações do estudo do Pisa, que faz parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), foi que os alunos sugerissem soluções originais para problemas propostos. Alunos de Cingapura, Coreia do Sul, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Estônia e Finlândia foram os mais criativos. O Brasil foi muito mal. Mais da metade (54,3%) de nossos alunos têm baixo nível de criatividade para resolver problemas sociais e científicos.

Para a OCDE, “à medida que navegamos pelas complexas mudanças sociais e econômicas do século 21, é crucial que os alunos sejam inovadores e usem o pensamento crítico e criativo de forma proposital. Muitos empregos, especialmente aqueles em áreas altamente qualificadas, valorizam o pensamento criativo. De acordo com o relatório Future of Jobs 2023, do Fórum Econômico Mundial, o pensamento criativo é classificado como a segunda competência mais importante para os trabalhadores, atrás apenas do pensamento analítico”. A instituição ainda ressalta que a “criatividade não é uma característica inata, mas uma habilidade que pode ser aperfeiçoada e melhorada”.

Quanto antes, melhor
Fernanda Simões, pedagoga especializada em jogos e brincadeiras da Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social (Abads), recomenda que o ideal é que a criatividade “seja estimulada ainda na infância”. Já para Anna Paula Jorge Jardim, psicóloga, psicopedagoga, mestre em educação e diretora acadêmica, uma das formas mais sublimes de demonstração da inteligência humana é por meio da capacidade criativa.

Anna Paula sugere a seguinte reflexão: “como provocar as crianças e os adolescentes de gerações atuais a buscarem atividades desafiadoras que os estimulem a desenvolver esse potencial”. E acrescenta que, como qualquer outra atividade cognitiva, “é necessário alimentar o potencial criativo do ser humano constantemente.”

Ela propõe que se observe “como é legítima a criatividade das crianças quando, por exemplo, ganham um brinquedo e logo inventam outras funções e atribuições que não as originais. Quem nunca presenciou uma criança descendo de maneira inusitada em um escorregador ou usando uma simples caixa de papelão e criando inúmeros brinquedos e brincadeiras? Estamos falando da capacidade criativa que, desde a mais tenra idade, já está presente em nossas vidas. Estímulos adequados por parte dos pais e educadores são fundamentais para desenvolvê-la.”

Confira nos quadros ao lado o que mais pode ser considerado para incentivar a criatividade delas.

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Colaborador

Flávia Francellino / Ilustração e Arte: Edi Edson