Qual é o papel dos cursos livres para os profissionais?
Com curta duração, essa modalidade tem ganhado muitos adeptos, mas é preciso ser criterioso para aprender com bons instrutores
A morte recente de um empresário de 27 anos após a realização de um procedimento estético denominado “peeling de fenol” chamou a atenção para a importância da formação adequada de profissionais, principalmente daqueles na área da saúde, como a estética. A mulher responsável pela intervenção não era formada na área e passou a oferecer o serviço de forma irresponsável após iniciar um curso livre sobre o tema. Diante desse cenário, surgem questões como: qual é o papel de um curso livre? E qual é a diferença entre essa modalidade e um curso de formação superior?
Neia Dutra, coordenadora do Univer Ensino, plataforma que oferece ambas as modalidades, explica que elas têm objetivos diferentes. “Os cursos livres permitem que as pessoas explorem interesses pessoais e profissionais específicos que podem não ser abordados em uma educação formal. Isso pode resultar no desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos aplicáveis tanto à vida pessoal quanto à carreira”, afirma.
Quando se trata de mercado de trabalho, os cursos livres podem ser uma oportunidade para aprimorar conhecimentos específicos na área de atuação. Um profissional formado em Recursos Humanos, por exemplo, pode optar por um curso livre focado em técnicas avançadas de recrutamento. Dessa forma, os cursos livres funcionam como um complemento, oferecendo especialização e atualização contínua.
Existem ainda outras motivações para escolher esse tipo de curso. Por ser de curta duração, muitas pessoas investem nessa modalidade para aperfeiçoar hobbies, como pintura, escrita ou culinária. Há ainda quem busque conhecimentos para o desenvolvimento pessoal. “Eles promovem o conceito de aprendizado ao longo da vida, incentivando as pessoas a continuarem adquirindo novos conhecimentos e habilidades, independentemente da idade ou do estágio da carreira”, diz Neia.
Fique atento
A internet revolucionou o acesso ao conhecimento e facilitou a produção de conteúdo on-line, o que resultou, entre outras coisas, em um vasto mercado de cursos e e-books. Muitas vezes, entretanto, esses materiais são criados com foco apenas nos ganhos financeiros de influenciadores digitais, sem a devida preocupação com a qualidade ou a necessidade dos alunos. Portanto, é fundamental que os interessados em participar dessas atividades sejam criteriosos na escolha.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), os cursos livres podem ser “ofertados por pessoas físicas ou jurídicas de qualquer natureza, com finalidades diversas, que não precisam ser autorizados ou reconhecidos pelos órgãos de regulação dos sistemas de ensino federal, estadual ou municipal”. Essa modalidade pode oferecer ao aluno um certificado de participação, mas o diploma propriamente dito só é conquistado após a conclusão de uma graduação ou de um curso técnico.
Técnico ou superior?
As modalidades de ensino diferem em diversos aspectos. Os cursos técnicos, por exemplo, “são programas de nível médio com o propósito de capacitar o aluno proporcionando conhecimentos teóricos e práticos nas diversas atividades do setor produtivo”, pontua o Ministério da Educação. Nesse caso o curso precisa do reconhecimento do MEC, que garante a validade da formação, e tem duração que pode variar de um a três anos.
Já a graduação é considerada um curso de nível superior, que proporciona formação acadêmica mais profunda em determinada área de conhecimento e tem formação que leva de quatro a cinco anos. “Para obter uma formação completa, que geralmente inclui um currículo estruturado e reconhecido pelo mercado de trabalho, o caminho mais indicado é a graduação, pois ela oferece uma formação mais abrangente e aprofundada na área de estudo, além de ser um requisito comum para muitas profissões regulamentadas e oportunidades de carreiras mais avançadas”, explica Neia Dutra.
No caso da estética, assunto abordado no início da reportagem, nem todos sabem que a área conta com um curso superior. “Estudamos muito para entregar o melhor resultado e ativos para cada patologia, como acne, melasma, cicatriz, além de entender quais ativos não podem interagir, saber contraindicações de procedimentos e, acima de tudo, saber trabalhar com intercorrências que muitas vezes o paciente chega”, explica Gabriela Soares Sato, formada em estética e cosmetologia com pós-graduação em nutrição ortomolecular. “A estética está diretamente ligada à saúde, então a formação nos capacita a olhar o caso de cada cliente de forma individual e identificar sua real necessidade”, conclui.
Vale ressaltar ainda que, independentemente da modalidade de curso, cada profissional deve desempenhar a sua atividade com responsabilidade, a fim de garantir a qualidade de seus serviços e o bem-estar dos clientes.