Luto: como curar a dor da perda?
Agarradas às lembranças do passado, muitas pessoas paralisaram suas vidas. Saiba como seguir em frente
Naturalmente, o ser humano não gosta de perder. A perda provoca uma sensação de separação que, em muitos casos, é dolorosa e se manifesta seja pela ausência de um ente querido, seja pela perda de um trabalho, de um relacionamento, de uma empresa, de um sonho ou até mesmo de uma amputação corporal. Essa dor pode se manifestar fisicamente, mas geralmente permanece no íntimo de quem se sente lesado, levando ao luto.
A psicóloga Cássia Nunes Alves explica que “o luto é um processo natural decorrente do rompimento de um vínculo significativo existente na vida do ser humano, representado por uma perda, como a morte, o rompimento de uma relação ou conexões”. Nesse período, o indivíduo pode manifestar uma série de sentimentos, entre eles choque, apatia, tristeza, culpa e desamparo.
Segundo ela, o luto é um processo de readaptação da realidade, dividido em cinco fases: “a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação”. A negação é caracterizada pela rejeição à perda, que pode levar à fase seguinte, que é a raiva. Esse sentimento pode influenciar o comportamento do enlutado, que vê a realidade como uma injustiça. Já a fase da barganha é marcada pela vontade de fazer alguma coisa que reverta aquela perda. Em seguida, a consciência da realidade leva à depressão, que é o momento de tristeza pela perda. E por último ocorre a aceitação, que não é sinônimo de esquecer, mas, sim, de seguir em frente.
Ferida aberta
O luto pode variar em razão de fatores como a personalidade do enlutado, suas experiências de perdas anteriores, as circunstâncias da perda e a existência de uma rede de apoio. É importante que o luto seja vivido de forma completa até a aceitação, caso contrário a dor passará a ser uma companhia constante. “A pessoa que está com o luto mal curado experimenta a morte na própria vida, ela se torna uma morta-viva”, explicou o Bispo Renato Cardoso no programa Inteligência e Fé.
Na prática, esconder a dor não resolve o problema; é preciso encará-la para que a esperança e o conforto ganhem espaço na alma. Vale destacar que nem sempre a pessoa que passou pela experiência da perda tem a consciência de que vive em um ciclo marcado pelo luto mal curado, mas alguns sinais podem ajudar a identificar essa situação, como o sentimento de solidão mesmo tendo com quem contar e o ato de levar a vida de forma automática, sem motivação alguma. “Um terceiro sinal é o ressentimento contra Deus por Ele ter permitido a perda. Há o pensamento: ‘Ele sabia o quanto isso era importante para mim, mas Ele permitiu’. Então a pessoa fica com mágoa de Deus e muitas até se tornam ateias por causa disso. Muitos que se dizem ateus hoje em dia são indivíduos que ficaram ressentidos com Deus por causa de uma perda que eles nunca entenderam”, disse o Bispo.
A instabilidade emocional, alucinações com a pessoa que se foi e a obsessão por ter de volta o que foi perdido também são sinais de um luto mal curado. Identificar esses pontos e reconhecer que ainda há uma ferida aberta são os primeiros passos rumo à cura completa.
Como seguir em frente?
A verdade é que é impossível passar pela vida sem ter nenhum tipo de perda. “Nada é para sempre, tudo tem um prazo de validade. E quando a pessoa entende isso fica mais fácil ela passar pela fase do luto de uma forma que venha a causar menos danos”, explica a psicóloga.
Embora não haja estatísticas específicas sobre o tema, um artigo publicado em 2021 na revista Estudos e Pesquisas em Psicologia – do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) –, analisou a condição dos pais que perderam seus filhos ainda na infância e concluiu que a fé é benéfica para a superação da perda. O estudo aponta que “a religiosidade/espiritualidade podem servir como um apoio significativo, oferecendo uma forma de dar sentido à perda”.
Reconhecendo essa necessidade humana, Deus enviou à Terra Seu Espírito, conhecido também como Espírito Santo e Consolador, como explicou o Bispo Renato. “O Espírito Santo nos ajuda a ver as situações sob uma nova perspectiva, alivia a dor no coração, nos reanima e nos fortalece para seguir em frente, preservando as boas memórias do passado e aliviando a tristeza. Ele proporciona uma cura profunda para o luto”, afirmou.
No entanto, o papel do ser humano é reagir diante da dor. Para isso, é necessário ser sincero consigo e com Deus, perdoar a si mesmo, livrar-se da culpa e tirar o coração das coisas do passado. “Algumas pessoas se agarram à dor porque pensam que estão agarradas ao que perderam, mas elas estão se enganando com a dor. É preciso dizer adeus à dor para que o Espírito Santo possa tirá-la por completo”, finalizou o Bispo.
Saiba mais:
Leia as demais matérias dessa e de outras edições da Folha Universal, clicando aqui. Folha Universal, informações para a vida!