Fuja da pornografia

Descubra os danos que ninguém conta que esse vício causa

Imagem de capa - Fuja da pornografia

Recentemente, um influencer com mais de 11 milhões de seguidores no Instagram admitiu que é viciado em pornografia. Ele contou que teve uma recaída após quase um ano e meio sem consumir esse tipo de conteúdo e que durante a abstinência se sentia mais produtivo e equilibrado. Em contrapartida, ao voltar a consumir pornografia, ele revelou que sentiu como se “tivesse aberto uma porta para um buraco negro de emoções ruins”.

O vício em pornografia, assim como outros tipos de dependência, envolve o consumo compulsivo e excessivo, que foge ao controle da pessoa, e está relacionado a vários problemas.

No Brasil, o consumo de pornografia começa ainda na adolescência, aos 12 anos, segundo um estudo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), por meio do Instituto de Psiquiatria (IPq). Já uma pesquisa da Universidade de Montreal, no Canadá, publicada na revista Addiction e que envolveu 82 mil pessoas em 42 países, incluindo mulheres, mostrou que o uso problemático de pornografia provoca graves impactos negativos, como a perda de emprego e a sensação de sofrimento significativo.

Problemas físicos, sociais e emocionais

A dependência em pornografia pode prejudicar diferentes áreas da vida e causar impactos emocionais, sociais e físicos. “O consumo frequente de pornografia pode alterar o funcionamento do cérebro, de maneira semelhante ao de outros vícios, como drogas e álcool. Isso ocorre porque a pornografia ativa os sistemas de recompensa, levando a um aumento na liberação de dopamina, o que pode resultar em uma necessidade crescente de consumir conteúdos mais intensos ou explícitos para obter a mesma sensação de prazer. Essa busca constante por estímulos pode levar à desregulação emocional, à ansiedade, à depressão e até mesmo ao desenvolvimento de compulsões e vícios”, diz a psicóloga Aline Esteves, em entrevista à Folha Universal.

Em termos emocionais, Aline explica que o vício pode gerar sentimentos de culpa, vergonha e baixa autoestima, além de agravar problemas como ansiedade e depressão. Nos relacionamentos, o consumo de pornografia pode causar distanciamento emocional e desconexão com o parceiro, resultando muitas vezes em conflitos e até no fim do relacionamento. “A pornografia frequentemente apresenta uma visão distorcida e irrealista do sexo e das relações humanas. Isso pode criar expectativas irreais sobre como o sexo deve ser e como os parceiros devem se comportar, o que pode resultar em insatisfação sexual e dificuldades para se conectar emocionalmente com o parceiro. Além disso, pode levar à objetificação das pessoas, tratando-as como meros objetos de prazer”, afirma.

No campo social, o vício pode levar ao isolamento, pois a pessoa pode evitar interações para continuar consumindo pornografia em segredo, o que afeta amizades e a vida profissional. Já na saúde física, ela pode causar problemas como disfunções sexuais e falta de cuidado com o
bem-estar geral. “Em alguns casos, o consumo frequente de pornografia pode levar à disfunção erétil ou dificuldades em atingir o orgasmo durante o sexo real, especialmente se o cérebro da pessoa se acostumou a ser estimulado apenas por imagens virtuais”, alerta.

Aline aponta que reconhecer a dependência e buscar tratamento com profissionais de saúde são passos corajosos e importantes para ter uma vida equilibrada e saudável. Entre os sinais desse problema estão a perda de controle, a obsessão pelo tema, os prejuízos nas relações pessoais e profissionais e a necessidade de ver conteúdos cada vez mais explícitos. “Procurar apoio não é um sinal de fraqueza, mas de força e determinação. Há muitos recursos disponíveis, desde psicoterapia a grupos de suporte, que podem ajudar”, finaliza.

Pode até configurar crime

Ao receber pornografia em um grupo de amigos, como no WhatsApp, a primeira atitude pode ser expressar desconforto e comunicar que esse tipo de conteúdo é inadequado. Outra opção é sair do grupo, já que permanecer nele pode demonstrar tolerância à pornografia.

E o que uma pessoa deve fazer se receber conteúdo ilegal, que contenha imagens de menores de idade e outros abusos? Nesse caso, é preciso tomar medidas imediatas. “Esse tipo de material não deve ser compartilhado sob nenhuma circunstância. Fazer isso pode configurar crime”, diz o advogado criminalista Anderson Almeida. Além disso, é preciso fazer uma denúncia. “O conteúdo deve ser denunciado às autoridades competentes, como a polícia ou a SaferNet no Brasil. Ignorar ou não denunciar esse tipo de material pode ser considerado conivência e a pessoa pode ser investigada e até apontada como cúmplice, dependendo do caso”.

Abismo

Além dos males comprovados pela ciência, a pornografia é pecado do ponto de vista da fé e cria um abismo entre a pessoa e Deus. Infelizmente, ela atinge até cristãos. Durante uma reunião na Universal, o Bispo Renato Cardoso mostrou por que muitos continuam com esse vício. Ele contou que, certa vez, foi procurado por um rapaz que estava na igreja havia 20 anos, mas era dependente de pornografia. O Bispo entregou seu celular ao jovem e pediu que ele abrisse um site pornográfico, proposta que foi recusada sob a justificativa de que eles estavam na Casa de Deus. O Bispo, então, respondeu: “esse é o seu problema: você não tem consciência de que Deus também está com você lá no seu quarto, no banheiro, quando você está fazendo essas coisas”. Se você quer ajuda espiritual para se livrar desse vício, procure o Tratamento para a Cura dos Vícios, que ocorre aos domingos, na Universal.

Saiba mais:

Leia as demais matérias dessa e de outras edições da Folha Universal, clicando aquiFolha Universal, informações para a vida!

imagem do author
Colaborador

Kelly Lopes / Fotos: AlexLMX e kevron2001/GettyImages