Discurso do primeiro-ministro de Israel na ONU chama atenção e Brasil não comparece
Entenda os desdobramentos da 79ª Assembleia Geral da ONU, que teve início na terça-feira (24)
O discurso feito pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, marcou a 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), nesta sexta-feira (27), onde houve protestos e abandono do plenário.
Entenda o que aconteceu:
Antes mesmo de começar o discurso, Benjamin Netanyahu enfrentou protestos com vaias e abandono do plenário por muitas delegações, levando o presidente da sessão a intervir pedindo ordem e silêncio. Inclusive, a delegação brasileira nem sequer esteve presente.
Durante sua fala, Netanyahu declarou que o conflito só pode acabar se o Hamas se render, entregar as armas e liberar os reféns. Ele expressou desejo de uma reconciliação histórica entre árabes e judeus, mas afirmou que, enquanto o Hezbollah continuar com ataques, Israel terá de se defender. Netanyahu também reforçou que Israel pode atingir qualquer ponto no Irã, caso seja necessário.
O primeiro-ministro argumentou que Israel defende não só seu povo, mas o mundo contra ameaças que colocam em risco a paz global. Vale destacar ainda que Israel é a única democracia no Oriente Médio.
- “Não estamos só nos defendendo. Também estamos defendendo vocês, nosso modelo de vida”, disse ele, que também rebateu críticas feitas na Assembleia, afirmando que decidiu participar após ouvir “mentiras” sobre Israel.
- “Israel busca a paz, torce pela paz, e vai tornar a fazer a paz. No entanto, enfrentamos um inimigo selvagem e precisamos combatê-lo”, declarou ele, enfatizando que Israel está vencendo.
Ao encerrar, Netanyahu citou uma passagem na Bíblia, comparando a situação atual de Israel à escolha enfrentada por Moisés entre bênçãos e maldições.
- “Ano passado, eu disse aqui que enfrentamos a mesma escolha atemporal que Moisés colocou diante do povo de Israel há milhares de anos, quando estávamos prestes a entrar na terra prometida. Moisés nos disse que nossas ações determinarão se deixaremos às gerações futuras uma bênção ou uma maldição, e essa é a escolha que enfrentamos hoje, a maldição da agressão incessante do Irã, ou a bênção de uma reconciliação histórica entre árabes e judeus”, afirmou.
O que você precisa saber:
- A delegação brasileira não participou do discurso de Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral da ONU, nesta sexta-feira (27), como resposta à ausência de aplausos da delegação israelense durante o discurso do presidente Lula dias antes. Em sua fala, Lula condenou ações de Israel, mencionando genocídio na Faixa de Gaza e no Líbano, o que gerou uma recepção negativa do representante israelense.
- Lula também saudou a delegação palestina e compartilhou um encontro com Mahmoud Abbas, que o agradeceu pelo apoio. Além disso, o presidente brasileiro havia retirado o embaixador do Brasil em Israel no início do ano, transferindo-o para outra função em Genebra, refletindo o distanciamento diplomático entre os dois países.
- No entanto, seu discurso foi ignorado ou minimizado por boa parte da imprensa internacional, inclusive pelos principais jornais americanos, como o New York Times e Wall Street Journal, que não o mencionaram.
Outros discursos:
- Por outro lado, outros discursos tiveram destaque e ganharam notoriedade na mídia, como o do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, e do presidente da Argentina, Javier Milei. Veja:
- O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, destacou com orgulho na Assembleia Geral da ONU as notáveis melhorias na segurança de seu país, que agora serve como exemplo para o mundo. Ele questionou como El Salvador conseguiu se reerguer tão rapidamente enquanto outras nações enfrentam crescentes desafios de segurança. Bukele ressaltou que, enquanto cidades de países desenvolvidos protegem seus bens atrás de portas de vidro, El Salvador se tornou mais seguro. Suas políticas firmes contra as gangues restauraram a paz nas ruas, transformando o país em um modelo de recuperação e estabilidade, inclusive tendo conquistado o apoio de conservadores dos EUA.
- Já Javier Milei , em sua estreia na Assembleia Geral da ONU, o presidente argentino criticou duramente a organização, acusando-a de se tornar um “leviatã” ao adotar a Agenda 2030 para impor uma agenda ideológica aos países-membros e de ser incapaz de resolver os grandes problemas globais. Seu discurso atraiu destaque internacional, com o Wall Street Journal, Financial Times e Clarín dedicando reportagens ao libertário, com o jornal americano colocando Milei na capa antes mesmo de sua fala.
- Também, a premiê italiana Giorgia Meloni defendeu que os palestinos precisam de uma nova liderança para promover o processo de paz. Ela também reforçou o apoio da Itália ao direito dos palestinos de terem seu próprio Estado, desde que liderado por dirigentes comprometidos com o diálogo e a estabilização do Oriente Médio. Além disso, Meloni pediu um cessar-fogo imediato em Gaza e a libertação dos reféns israelenses do Hamas, e criticou fortemente a repressão do governo de Nicolás Maduro na Venezuela, destacando o exílio de opositores políticos.
- Mesmo seguindo o posicionamento esquerdista, o presidente do Chile, Gabriel Boric, criticou a falta de uma posição conjunta dos países progressistas em relação às violações de direitos humanos em nações como Venezuela, Nicarágua e Rússia, durante um evento organizado por Lula e Pedro Sánchez à margem da Assembleia Geral da ONU. Ele destacou que os países devem adotar uma postura única, sem “dois pesos e duas medidas”, condenando essas violações com base em princípios e não em ideologias ou interesses.
- Boric também relembrou seu desentendimento com Lula em maio, quando criticou a fala do brasileiro de que haveria uma “narrativa” contra Nicolás Maduro. Boric reafirmou que as violações de direitos humanos na Venezuela são uma realidade, e que os países não podem ignorá-las, independentemente da ideologia política dos governantes.