Agenda globalista. Um engodo que perde força

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Futuro. Eis uma palavra que sempre está envolta em mistérios e, ao mesmo tempo, é usada sem medo por aqueles que querem mostrar a benevolência de suas ações e planos no presente. Ela tem ainda mais peso quando se diz “futuro da Humanidade”. E o que está por vir? É o que líderes de 193 países debateram no mês de setembro durante a Cúpula do Futuro, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Antes de prosseguir, precisamos lembrar que a ONU foi fundada em 24 de outubro de 1945 com o objetivo de garantir a paz e a segurança mundial. Uma nobre intenção que foi recebida pelos Estados-nação como um lampejo de esperança em um mundo que tinha acabado de sofrer com duas guerras mundiais. Não é possível citar todo o histórico da ONU. Então, vamos avançar para 2015, quando foi apresentada a Agenda 2030 com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que englobam 169 metas em diferentes áreas que abririam caminho para que em 2021 fosse apresentada a Nossa Agenda Comum, um relatório que abordava quatro áreas e previa 12 compromissos em resposta aos Estados-nação que pediram recomendações sobre como enfrentar os desafios atuais e futuros. Tal relatório solicitava a criação da Cúpula do Futuro, que saiu do papel há algumas semanas e em que os países-membros da ONU se uniram para adotar o Pacto para o Futuro, um documento que propõe 56 ações e inclui o Pacto Digital Global e a Declaração sobre as Gerações Futuras – além de prolongar o prazo da Agenda 2030, tornando-a a Agenda 2045.

Há muitos detalhes que podem ser debatidos sobre o assunto, mas, dentre os discursos, há dois que precisamos comentar. O primeiro foi o do presidente do Brasil, Lula da Silva (PT), que defende a Agenda e ações mais ambiciosas e ousadas. Ele alegou que “os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornar nosso maior fracasso coletivo. No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo”. Um avanço irrisório diante de um prazo inicial de 15 anos, aliás, de acordo com o Relatório Luz 2023, até agora, apenas 1,77% dos objetivos avançaram satisfatoriamente, enquanto 60,35% estão em retrocesso. Ainda bem! Quer saber por quê?

Apesar de a ONU ter sido fundada com uma nobre missão, ao longo das quase oito décadas de existência, ela, agora, quase impõe que todos os países e, consequentemente, os seres humanos, vivam dentro de um molde preeestabelecido, o qual é sutilmente apresentado nas entrelinhas do emaranhado de objetivos, metas e recomendações que se acumulam. Diante disso o presidente da Argentina, Javier Milei, usou seu discurso para lembrar que “a Agenda 2030, embora bem-intencionada nas suas metas, nada mais é do que um programa de governo supranacional de natureza socialista que pretende resolver problemas da modernidade com soluções que ameaçam a soberania dos Estados-nação e violam o direito à vida, à liberdade e à propriedade das pessoas (…). O coletivismo e o posicionamento moral da Agenda Woke* colidiram com a realidade e já não têm soluções críveis para oferecer aos problemas reais do mundo. Na verdade, nunca as tiveram. Se a Agenda 2030 falhou, como reconhecem os próprios promotores, a resposta deveria ser nos perguntarmos se não era um programa mal concebido, aceitar essa realidade e mudar o rumo. Não podemos persistir no erro redobrando a aposta numa agenda que fracassou, sempre com as mesmas ideias da esquerda. Eles desenham um modelo de acordo com o que o ser humano deveria ser segundo eles e, quando os indivíduos agem livremente de outra forma, não há solução melhor do que restringir, reprimir e cortar sua liberdade”. Ele, então, anunciou o rompimento argentino com a tal Agenda 2030/45, que classificou de globalista.

Essa Agenda e demais documentos e prazos apresentados pela ONU focam em ações globais que devem ser adotadas pelos países-membros sem levar em consideração as particularidades de cada nação. Sim. Os problemas sociais, ambientais e econômicos que o mundo enfrenta ultrapassam as fronteiras, mas a ONU quer abraçar uma responsabilidade que não compete a ela (você se lembra que o objetivo dela é garantir a paz e a segurança mundial?). Cada país tem seu representante devidamente eleito justamente para que alguém que conhece as singularidades de cada problema possa encontrar uma solução respeitando a história de sua nação e de sua gente. Afinal, se a Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê nossa liberdade, ela deve ser respeitada enquanto encontramos soluções para os problemas atuais e construímos um futuro digno para as próximas gerações sem imposições de um molde político e ideológico, um engodo** que perde força. Ainda bem!

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* Expressão de origem norte-americana usada para se referir À aplicação de narrativas progressistas em diversos tipos de conteúdo, seja em filmes, seja em séries, outros meios de entretenimento
e até em discursos políticos e sociais

** algo que induz ao engano, ao erro

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