Queda da taxa de fertilidade é uma tendência na maior parte do mundo

Estima-se que mais de 97% dos países e territórios terão natalidade baixa para sustentar o tamanho da população até 2100

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Entre os papéis que a sociedade, costumeiramente, cria expectativa sobre a mulher está o de ter filhos. Normalmente, nos núcleos familiares, de amizades e até mesmo profissionais, a maternidade é um tema que entra em pauta. Bem como todos os aspectos sociais e comportamentais que envolvem essa decisão pessoal da mulher — independentemente da motivação — em ser mãe ou não.

Diante deste contexto, vale destacar aqui uma tendência que alguns estudos vêm apontando: a queda da taxa de fertilidade em todo o mundo.

Na América Latina e no Caribe:

Recentemente, um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou que, em 2024, a América Latina e o Caribe registraram a maior queda nos índices de fertilidade do mundo: 68% em comparação com os anos 1950, quando os índices eram similares aos da África.

A média de filhos por mulher na região da América Latina e do Caribe é de 1,8. Sendo que, no geral, os países precisam manter uma taxa de fertilidade total de 2,1 para sustentar a substituição geracional da população a longo prazo.

Vale destacar que um dos aspectos que ajudaram a puxar a média para baixo foi a queda no índice de gravidez na fase da adolescência.

O continente ainda apresenta a segunda maior taxa de maternidade precoce do mundo. Contudo, a ONU apontou um declínio acentuado. Em 2010, para cada mil meninas, de 15 a 19 anos, havia 73,1 filhos. Neste ano, o número caiu para 50,5.

No Brasil, atualmente, a taxa é de 1,93. Ainda é previsto que em 2050 caia para 1,53 e, em 2100, vá para 1,30.

Um declínio natural da população:

A maior parte do mundo está em transição a um declínio natural da população.

Em abril deste ano, outra pesquisa — publicada na revista científica The Lancet — indicou que, até 2050, mais de três quartos dos países não terão taxas de fertilidades altas suficientes para sustentar o tamanho da população. Até 2100, esse número aumentará para 97% dos países.

Segundo o estudo, a taxa de fertilidade total global caiu para mais da metade nos últimos 70 anos. Em 1950, essa taxa era de cerca de cinco filhos para cada mulher. Em 2021, passou para 2,2 filhos por mulher.

Pesquisadores que participaram deste estudo observaram que, em muitos aspectos, a queda nas taxas de fertilidade reflete um contexto de sucesso onde há uma contracepção melhor e mais disponível, mulheres que optam por adiar ou ter menos filhos, bem como mais oportunidade de educação e emprego.

Reorganização das economias e das sociedades:

Em contrapartida, na África Subsaariana, as taxas de fertilidade permanecem elevadas, com quatro filhos por mulher em 2021, quase o dobro da média global. No Chade, a taxa total é a maior do mundo, com sete nascimentos por mulher.

O que leva os pesquisadores a crerem também que essas tendências futuras de fertilidade e uma consequente divisão demográfica no mundo poderá ter enormes consequências para as economias e as sociedades.

Por um lado, países de baixo rendimento, com taxas de fertilidade elevadas e aumento populacional. Por outro, países de rendimento médio e alto, com as taxas de fertilidade em declínio e novos desafios de crescimento econômico.

Este cenário reconfigurará a economia global e exigirá reorganizar as sociedades.

A análise prevê que a fertilidade global diminuirá ainda mais, atingindo uma taxa de fertilidade total de cerca de 1,8 em 2050 (taxa esta que já é a registrada atualmente na América Latina e no Caribe) e 1,6 em 2100.

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Redação / Fotos: iStock