Kidults: quando os brinquedos da infância comprometem a vida adulta

O fenômeno do “adulto-criança” revela um desequilíbrio entre lazer e responsabilidade e também afeta os relacionamentos familiares e prejudica o amadurecimento

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Avida adulta exige cumprir responsabilidades, mas muitos homens têm encontrado formas de prolongar a infância, comportamento que, segundo especialistas, pode comprometer relacionamentos e prioridades familiares. O termo kidult – junção de kid (criança) e adult (adulto) – define esse fenômeno crescente em adultos, especialmente os do sexo masculino, que investem tempo e dinheiro em brinquedos, videogames e entretenimentos que remetem à infância.

Vários estudos mostram que os kidults consomem 25% do mercado global de brinquedos, que entre 2023 e 2028 deve movimentar mais de R$ 460 bilhões no mundo. Esses adultos-crianças estão gastando muito na compra de jogos de tabuleiro, colecionáveis e itens de franquias como Star Wars e Marvel. Durante a pandemia, esse hábito foi intensificado e usado como uma fuga do estresse e das pressões da vida adulta, mas esse comportamento, aparentemente inofensivo, traz implicações práticas e espirituais.

Muitos homens dedicam horas ao videogame ou investem em hobbies caros, enquanto suas responsabilidades familiares e profissionais ficam em segundo plano. No contexto familiar, a falta de atenção e dedicação pode gerar conflitos graves. Como explica o Bispo Renato Cardoso: “o homem não vê isso como um problema no casamento. Para ele, o que a esposa fala é apenas expressão de uma opinião diferente. Ela reclama da falta de atenção, mas ele prioriza o lazer. Enquanto isso, as tensões aumentam até que um dia explodem”.

A Bíblia orienta claramente em Coríntios 13.11: “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino”. Isso não significa que o homem deva ser carrancudo ou abrir mão do lazer, mas que deve amadurecer e colocar suas prioridades em ordem.

É válido reservar um tempo para relaxar, mas ele não deve ser maior do que o dedicado à esposa, aos filhos ou ao próprio desenvolvimento pessoal, profissional e espiritual. Evidentemente, o dinheiro gasto em jogos e brinquedos (se é que gastar nisso é a melhor decisão) não pode se sobrepor ao pagamento das contas.

Além disso, há homens que, mais do que relaxar, buscam nos brinquedos uma forma de aliviar a ansiedade. Eles estão ignorando que a ansiedade é o medo antecipado do futuro e que a única forma de vencê-la definitivamente é a fé. Se ele crer que Deus cuidará de seu futuro, não haverá mais medo do qual fugir.

Portanto o primeiro desafio para os homens é manter o equilíbrio espiritual. E, a partir daí, equilibrar lazer e responsabilidades.

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Colaborador

Redação / Foto: Bowie15/GettyImages