Os desafios de adaptação dos jovens no mercado de trabalho
A Geração Z nasceu conectada e, apesar de ter um espírito inovador, ainda enfrenta dificuldades para se adequar ao ambiente profissional
O mercado de trabalho mundial tem vivido um verdadeiro choque de gerações. Em várias empresas, é possível encontrar profissionais chamados de Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964), da Geração X (1965 a 1980), Millennials (1981 a 1996) e, recentemente, da Geração Z (1997 a 2012). Cada grupo tem características únicas que, quando bem integradas, levam ao crescimento das companhias. No entanto a chegada da Geração Z ao ambiente corporativo tem gerado desgaste em muitos gestores.
Um estudo realizado em agosto de 2024 pela plataforma Intelligent.com ouviu 966 líderes empresariais nos Estados Unidos e revelou que 75% das empresas achavam o desempenho dos
recém-formados contratados no ano passado insatisfatório. Além disso, 1 em cada 6 recrutadores afirmou que hesita em contratar profissionais da Geração Z. Já o relatório Tendências de Gestão de Pessoas, divulgado no ano passado revelou que 68% das empresas têm dificuldade para lidar com a Geração Z.
Esse cenário é preocupante e levanta um questionamento: é só implicância ou realmente os jovens têm perspectivas diferentes do mercado de trabalho?
Conhecendo a Geração Z
Entre os principais diferenciais dos integrantes da Geração Z é que eles são nativos digitais, ou seja, nasceram com o avanço da tecnologia e esse quadro favoreceu o desenvolvimento de outras habilidades, como a agilidade em aprender. Além disso, muito mais do que o salário, eles gostam de trabalhar por um propósito e estimam a qualidade de vida. “Eles valorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e não têm medo de mudar de empresa se não encontrarem um ambiente alinhado aos seus valores. Além disso, são multitarefas e têm facilidade com tecnologia, o que pode ser uma vantagem em um mercado cada vez mais digital”, cita Carla Martins, especialista em gestão e marketing e vice-presidente do Serac, hub de soluções corporativas.
Apesar de tantos pontos positivos, o dia a dia de trabalho da Geração Z pode ser impactado por seu estilo mais despojado, o que bate de frente com a rotina mais engessada de muitas companhias. “A dificuldade de lidar com hierarquias tradicionais, a expectativa por feedbacks imediatos e a aversão a ambientes corporativos rígidos podem ser desafios. Além disso, a alta exposição ao digital pode afetar as habilidades de comunicação interpessoal e o foco em tarefas de longo prazo”, diz Carla.
Ganhando destaque
Mesmo com o cenário atual aparentemente desfavorável, não é interessante generalizar. É possível aproveitar os pontos positivos dessa geração e buscar se aperfeiçoar para atender às demandas atuais, sem perder o espírito jovial e inovador que ela traz na bagagem. Carla explica o que as empresas esperam dos recém-formados atualmente: “Além das competências técnicas, espera-se deles inteligência emocional, capacidade de resolver problemas, adaptabilidade e habilidades de comunicação. A capacidade de aprender rapidamente, colaborar em equipes diversas e ter uma visão crítica também são muito valorizadas”.
É importante ressaltar que se adaptar à realidade do mercado de trabalho não significa necessariamente se moldar a um padrão preestabelecido, mas indica que, com paciência e diálogo, todas as gerações podem conviver muito bem juntas no mundo corporativo, aprendendo e ensinando. “O desafio não é apenas da Geração Z, as empresas também precisam evoluir para criar ambientes que estimulem a inovação, a diversidade e a colaboração. A liderança deve ser adaptativa e o foco em gestão de pessoas é essencial para extrair o melhor potencial de cada geração”, conclui.
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