Menino defende amigo vítima de bullying

Como você reage em situações como esta?

Imagem de capa - Menino defende amigo vítima de bullying

Como você reage em relação ao mal que é causado a alguém? Concorda? Discorda? Fica sensibilizado? Você se revolta, mas não faz nada para apoiar quem foi oprimido? Ou aprova quem praticou o ato opressor? Você busca ajuda para tentar encontrar uma solução ou apenas segue sua vida como se nada tivesse acontecido? Uma história curta que recentemente viralizou na internet sobre mensagens trocadas entre pai e filho, moradores de Marília, no interior de São Paulo, pode nos ajudar a decidir como agir quando questões desse tipo acontecem em nossa vida.

Os dois trocaram mensagens no WhatsApp quando o menino se deparou com um caso de bullying em uma festa de aniversário de um colega de escola. Na conversa com o pai, o menino contou que defendeu um amigo que foi chamado de “gordo” e “preto” por outras crianças. Ele também relatou para o pai que os adultos que estavam na festa foram avisados sobre o que estava acontecendo, mas não fizeram nada para repreender quem estava praticando o bullying. Ao contrário, deram risada. A mensagem terminou com o menino pedindo ao pai que fosse buscá-los na festa para que fossem embora.

Papel dos pais
A psicóloga Karin Cristina da Silva, que atua na área clínica e é professora de educação especial, comenta este caso. Ela diz que o racismo e o preconceito estão impregnados na sociedade brasileira. “Neste caso, houve desrespeito por parte dos pais que deveriam ter dado o exemplo. Penso que casos de desrespeito não devem ser tolerados e é necessário fazer um trabalho de desconstrução de valores negativos, o que começa pelos próprios pais e depois pela escola”, analisa.

Segundo ela, os pais desempenham um papel essencial na criação de uma sociedade igualitária ao educarem seus filhos para que não sejam perpetuadores de preconceitos. “Quando as questões de igualdade e respeito estão claras para o adulto, isso é passado naturalmente para a criança. Ela absorve e incorpora os exemplos que vêm de casa. Se o que ela observa é o respeito em relação a todo ser humano, vai
reproduzir isso.”

O pai do menino concordou com a opinião da psicóloga ao comentar o caso no Facebook: “Extremamente triste com a situação, mas, por outro lado, feliz pela atitude do meu filho em não se juntar aos outros meninos. Mas fica a reflexão: nenhuma criança nasce preconceituosa e muito menos agressiva, ou seja, ela aprende isso de alguma forma e na maioria das vezes é em casa, com base na educação que os pais dão e principalmente no comportamento deles. Então, pensem bem no tipo de exemplo que vocês pais dão a seus filhos”.

A psicóloga ainda completa que embora não exista fórmula mágica para exterminar casos de discriminação é preciso denunciá-los. “Os direitos são iguais para todos, independentemente de raça, cor ou religião. Casos de discriminação contra a criança devem ser denunciados no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. Há diversas leis que protegem contra a discriminação e preveem punições para o agressor”, orienta.

O próximo
O caso deste menino nos mostra na prática a atitude mais certa. A ação simples dele é a tradução completa do que o Senhor Jesus ensina: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. (Mateus 22. 37-40). Então, se devemos amar o próximo, como deixar passar a oportunidade de ajudá-lo quando ela se apresenta para nós?

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: Getty Images