O prejuízo de não ser pontual

Se atrasar para compromissos é uma grande falta de respeito ao próximo e tem um impacto negativo mais amplo do que muitos imaginam

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“Quem não é pontual desperdiça o tempo dos outros como se fosse o dele”, diz um antigo ditado. A frase é completamente certa, aliás.

Quem ajuda a entender esse péssimo costume é o psicólogo Bruno Pontual. Ele destaca que o tempo de cada pessoa é dividido em três: o tempo cronológico, o tempo subjetivo e o tempo social.

O especialista detalha cada um deles: “o tempo cronológico é o do relógio, o do calendário, e ele não muda. Sessenta segundos são realmente 60 segundos. Nem um a mais nem um a menos. Esse tempo determina a nossa rotina, que se encaixa nele”.

Em seguida, há o tempo subjetivo. “Ele não obedece ao cronológico e é nele que as pessoas vivenciam seus sentimentos, suas emoções. Por exemplo, você está com alguém de quem gosta e não vê o tempo passar. Nesse momento de prazer, perde o controle da ordem cronológica”, detalha o psicólogo.

E o tempo social? Pontual cita o psicólogo norte-americano Robert Levine, que diz em seu livro Uma Geografia do Tempo que as pessoas se comportam em relação a ele de formas diferentes, baseadas na cultura na qual vivem. “Os anglo-saxões, por exemplo, têm um enorme respeito pelo tempo social e cronológico, enquanto nas culturas latinas ele não é tão respeitado, prevalecendo, então o subjetivo e o psicológico.”

Levine menciona o Brasil no livro, conta Pontual: “ele deu aulas numa universidade daqui, na qual os alunos chegavam atrasados em cerca de meia hora. Como aquilo acontecia, se o horário era bem claro? Ele ficou espantado não só com aqueles alunos, mas também com os brasileiros em geral, para os quais o atraso parece ser uma regra, algo institucionalizado”.

Preço alto para todos
Segundo Pontual, no Brasil as pessoas marcam compromissos já esperando um certo atraso, diferentemente da popuação de alguns países. “Os anglo-saxões não toleram o atraso e o veem como falta de respeito para com o próximo e a sociedade”, considera. Talvez esse seja um forte indicador de algumas culturas serem mais desenvolvidas social e economicamente.

Vale a reflexão: o país cujo povo pensa na coletividade certamente progride, enquanto aquele cujos habitantes pensam só em seus interesses individuais tem os problemas roubando o tempo do dia a dia e os índices sociais indo de mal a pior. Será apenas coincidência?

É importante lembrar que a pontualidade é a alma da gentileza. Além da óbvia falta de respeito para com o outro, ser impontual mancha a própria imagem. Quem promoveria um funcionário que sempre chega atrasado e não segue prazos, por exemplo? “Fui meio rebelde quanto ao tempo em minha juventude, mas, conforme fui amadurecendo, vi que a pontualidade conta bastante, passa uma ideia de respeito, compromisso, consideração com as pessoas, além de promover uma boa imagem para você mesmo, acima de tudo nos compromissos profissionais”, relata Pontual.

Além de estar associada à responsabilidade e ao respeito, a pontualidade está relacionada à ordem e à disciplina. Portanto ela também deve ser uma das características dos disciplinados na Fé.

É claro que imprevistos acontecem no dia a dia, mas para saber lidar com eles é preciso também ter disciplina para que eles não deixem de ser apenas imprevistos e virem rotina.

Sendo assim, chegar na hora exata a um determinado compromisso deve se tornar um hábito. Para que isso aconteça deve-se exercitar continuamente algumas atitudes, que, feitas com disposição, tornam-se naturais e contribuem para a sua boa reputação, de acordo com Pontual. Com esse sobrenome, dá para discutir com ele?

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Getty Images