“O celular é o novo cigarro: se fico entediada, dou uma olhada nele”
Entenda como os aplicativos viciam e o mal que isso faz
A socióloga e ciberantropóloga norte-americana Amber Case deu entrevista ao jornal espanhol El País explicando como os smartphones se transformaram em um vício tão grande quanto as drogas.
“A tecnologia não é ruim, mas seu uso está nos desconectando e escravizando”, declarou ela. “Chegamos a olhar o celular entre 1.000 a 2.000 vezes por dia. Temos que começar por redefinir nossa relação com a tecnologia: é uma ferramenta muito útil, mas tem que nos tornar livres. O celular é o novo cigarro: se fico entediada, dou uma olhada nele”.
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“E eles querem que você os use pelo maior tempo possível, porque é assim que você gera dados que os fazem ganhar dinheiro”, afirmou a jornalista espanhola Marta Peirano ao jornal local BBC. “Todos os aplicativos existentes são baseados no design mais viciante de que se tem notícia. Uma espécie de caça-níquel que faz o sistema produzir o maior número possível de pequenos eventos inesperados no menor tempo possível. Na indústria de jogos, isso é chamado de frequência de eventos. Quanto maior a frequência, mais rápido você fica viciado, pois é uma sequência de dopamina”.
Como esse vício faz mal
Amber Case explicou que “os humanos estão deixando coisas importantes demais nas mãos da tecnologia. A capacidade de memorizar, de recordar, de nos comunicarmos, de estabelecer empatia”.
Cada nova ferramenta facilitadora diminui um pouco a capacidade do cérebro. Você já se sentiu “estranho” ao escrever um texto à mão? Ou se sentiu incapaz de fazer uma conta sem usar a calculadora? Isso acontece porque, como afirma Case, o cérebro sofre com a conexão constante. “A sensação de estar conectado é como uma miragem perigosa. Você se sente só, mas sente que faz parte de um coletivo, por isso não dedica tempo a você mesma. E, quando finalmente você tem tempo para você, se sente péssima, porque lhe faltam experiências autênticas. Por estarmos conectados com outros o tempo todo, nos esquecemos de que nós também contamos e que merecemos tempo em silêncio, conectando com nós mesmos”.
A proteção
Para não se tornar mais uma vítima da indústria milionária dos aplicativos, não é preciso abandonar a tecnologia. Mas aprender a dominá-la.
“Resolvemos o problema dando-nos espaços para pensar e vivendo experiências reais. Estamos conscientes da quantidade de alertas que nos cercam? Silencie o telefone, desative as notificações. Ponha o celular no modo avião e decida você mesmo quando quer interagir com ele. Recupere o despertador! Carregue um jornal com você, anote o que você faz, as pessoas com quem cruza, o que lhe chama atenção”, conclui Case.
Se você tiver dificuldade em realizar alguma dessas práticas, atente-se para o fato de que, provavelmente, já está viciado. Busque ajuda! Conheça o Tratamento Para a Cura dos Vícios.