Maior do que qualquer epidemia

Como muitos estão se valendo da força da Fé para atravessar um dos períodos mais difíceis da história recente do mundo 

Imagem de capa - Maior do que qualquer epidemia

A realidade em mais da metade dos países do mundo é bem diferente da habitual. Alguns deles estão em quarentena total ou parcial por causa da pandemia do novo coronavírus que assola o planeta. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), já são cerca de 2,7 milhões de casos oficialmente notificados de pessoas contaminadas e mais de 185 mil mortos em razão da Covid-19 no mundo. O Brasil tinha mais de 60 mil infectados oficialmente e cerca de 4 mil mortes até o fechamento desta edição.  Contudo os índices de doentes começam a cair, como na China, de onde a enfermidade se disseminou.

Em meio a tantas perdas surgem dados positivos: segundo a Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, a poluição atmosférica em nível mundial teve uma redução sem precedentes desde que começou a ser monitorada e é um terço menor do que no mesmo período do ano passado. Isso ocorreu por causa da diminuição de emissão de poluentes causada, entre outros fatores, por veículos movidos a combustíveis fósseis que deixaram de circular na quarentena.

Por falar em poluição, só em São Paulo, cidade que mais polui o ar no Brasil pelo elevado número de veículos, o ar está 50% menos poluído, conforme os índices da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Além disso, nas rodovias paulistas houve 42% menos acidentes em relação ao que é normalmente registrado entre março e abril dos anos anteriores e 31% de mortes a menos.

Reaprendizado
Dentre esses números negativos e positivos, a Humanidade está aprendendo a se conhecer melhor. Famílias que não tinham o costume de passar tempo junto puderam estreitar laços. Muitas passaram a questionar se é preciso mesmo tantos carros e motos circulando e sujando a atmosfera. Algumas acharam meios de prover seus lares trabalhando em regime de home office ou aproveitando a oportunidade para abrir negócios alternativos.  Mas e espiritualmente? Como tem sido essa descoberta – ou redescoberta? Em tempos menos duros é fácil se afastar de Deus, mas, nessa época de maior isolamento, a reflexão é necessária. Enquanto alguns construíram uma base muito sólida com a fé desde o começo, outros se angustiaram, mas ao reavaliar a sua fé, restabeleceram a comunhão com o Altíssimo.

Para quem vê de fora, falar de se cuidar espiritualmente pode parecer algo sem grande importância, mas a verdade é que, se o espírito vai mal, tudo vai mal. O Bispo Edir Macedo escreveu em seu blog que “a alegria das conquistas materiais tem causado verdadeira sensação de bem-estar. O relacionamento com Deus parece estar em dia. O fiel sente-se mais animado, mais estimulado na fé e até propenso a fazer a Obra de Deus, mas quando as tribulações começam a dar sinais, a alegria dá lugar à tristeza, a euforia esfria e a fé dá vez às dúvidas e lamentos. A disposição de servir a Deus se apaga”.

O que vem em seguida, segundo o Bispo, é que “sua confissão de fé é julgada. A cruz e o mundo ficam aguardando para onde ela vai pender. E é justamente aí que se define o tipo de fé que a pessoa tem. Deus não nos tem dado fé apenas para o sucesso espiritual e material, mas também para os supostos insucessos. No mundo da energia sobrenatural, tudo coopera para o bem, tanto os ganhos quanto as perdas. Afinal de contas, quem vive na dependência do Espírito Santo já morreu para este mundo. As lutas e dissabores enfrentados na Terra fazem parte do aprendizado do viver a vida pela fé.” Isso tudo tem muito a ver com o atual momento da Humanidade.

Deus como alicerce desde o começo 
A secretária Jakelyne Kressin, (foto abaixo) de Alvorada, no Rio Grande do Sul, tem 48 anos e está na fé há 37. Todo o seu caminho na fé a ajudou a se fortalecer para os tempos difíceis de agora e ela colhe os frutos espirituais de atitudes tomadas sempre obedecendo a Deus.

Atender ao convite para ir à Universal ainda jovem foi o divisor de águas em sua vida. “Apesar de não vir de um lar que já praticasse os princípios da fé, eu escolhi isso. Desde a pré-adolescência, aprendi que o Altíssimo quer que construamos uma vida e uma família com base em Sua Palavra. Assim planejei e ofereci sacrifícios a Deus para que isso acontecesse, o que se concretizou. Hoje sou casada, mãe de dois filhos e sempre busquei educá-los e aconselhá-los primeiramente sendo um exemplo no sentido de estar perto e ser amiga.”

O que parece somente mais um relato de uma história familiar centrada em Deus é uma base muito importante perante o que tem acontecido ao mundo. “Hoje, em tempos de crise e de isolamento social, minha família está alicerçada e preparada para enfrentar junta os obstáculos, fortalecendo-nos uns aos outros”, diz com firmeza Jakelyne. Apesar dos desafios, ela e seus familiares influenciam muitos à sua volta com a luz divina colhida dia após dia, que é quando a vida acontece e merece atenção, rendendo bons frutos.

Momento para aprender 
Enquanto famílias centradas em Deus como a de Jakelyne têm um porto seguro em meio à crise gerada pela pandemia mundial, com filhos longe de maus hábitos e um casamento que serve de inspiração a eles e aos seus futuros cônjuges, outras podem ter a sensação de que as coisas estão desmoronando, mas se reafirmam na fé.

O pintor Rodrigo Inacio Loiola, (foto abaixo) de 39 anos, de São Paulo, capital, conta como a visão espiritual da realidade acabou influenciando os outros aspectos da sua vida. Normalmente, ele mantém a fé em dia indo ao Templo de Salomão e, neste período, não deixou de exercitá-la em casa, apesar das dificuldades iniciais. “Confesso que no começo me preocupei com as contas.  Os serviços diminuiram até parar, mas os boletos continuavam a chegar e as compras precisavam ser feitas.”

Isso pode abalar a fé de alguém que não cuida dela adequadamente, mas, em uma reunião on-line, Rodrigo ficou bem atento a algo que o Bispo Renato Cardoso disse: pedir inspiração ao Espírito Santo para uma ideia no campo profissional. “Ele disse que Deus pode criar uma situação para evoluirmos na fé. Deixei o medo de não poder sustentar minha família de lado e pus o foco na solução. E fui mesmo inspirado pelo Espírito”, conta.

“Ficou claro que eu tinha que investir num jeito básico e eficiente e marketing, explica. “Mandei imprimir cartões de visita e folhetos com meus contatos e especialidades e distribuí pelas caixas de correio de casas, prédios e empresas. A cada dia escolho uma região e a cubro toda, seguindo completamente as recomendações de higiene e proteção para quem precisa sair de casa para trabalhar, como uso de máscara e com álcool em gel sempre à mão”.

Seu retorno foi mais rápido do que ele esperava. “Em uma semana fui contratado para dois trabalhos. Só com eles já obtive oito vezes o que investi no material de divulgação. E o terceiro trabalho já está em negociação como resultado desse marketing.”

Para Rodrigo, o aprendizado espiritual que veio da situação é a maior bênção. “Em vez de me desesperar e seguir as emoções, fiz o recomendado nas reuniões on-line e usei a Fé, me aproximando mais de Deus. Assisto às reuniões pela internet, jejuo, oro, dou meu dízimo, faço ofertas e não deixo de lado as primícias que ofereço a Deus. Minha vida espiritual não ficou prejudicada.”

O despertar para o que é certo ocorreu na reunião que Rodrigo viu pelo computador: “coloquei em prática o que o Senhor Jesus disse em Mateus 6.31-33: ‘Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas’”.

Priorizando o Altíssimo, além de não precisar mais se preocupar com seu sustento, Rodrigo pôde ajudar a abençoar outros. “Ajudo a arrecadar alimentos para quem ainda não tem condições de trabalhar como eu. Colaboro com a distribuição feita pela Universal e passei a cuidar, por telefone, de pessoas que precisam de uma palavra de fé e encorajamento.” Fora da época da quarentena, ele é voluntário no grupo Universal nos Presídios e não vê a hora de voltar a apoiar os detentos que precisam de Deus. 

Mas a ajuda não foi dada só fora de casa: “minha filha estava sem trabalhar e acompanha as aulas da faculdade em casa, mas estava preocupada com dinheiro. Conversamos e ela demonstrou vontade de fazer e entregar doces caseiros. Fiz um investimento inicial e ela está em plena produção, pois tem recebido vários pedidos. Ela ainda não é da fé como eu, mas a vejo curiosa pelos efeitos dela na prática, já que está no meio deles”. Rodrigo investiu mais do que dinheiro, ele investiu na vida espiritual da família.

Reflexão, mas com ação 
Assim como Rodrigo, a gaúcha Vitória Colpes, (foto abaixo) de 19 anos, estagiária em Técnicas de Administração, moradora de Porto Alegre, não descuidou da fé e ainda ajuda muitas pessoas, com a firmeza do Espírito Santo citada pelo Bispo Macedo. “Com os olhos físicos não enxergamos uma saída, mas os olhos espirituais nos revelam que Jesus está conosco e ficamos em paz. Esse período da pandemia pelo novo coronavírus que estamos vivendo pegou a população de surpresa, mas os que são da fé não se desesperam. Pelo contrário, na fraqueza encontramos forças para passar por tudo e ficarmos firmes com Jesus.”

Ela soube ver algo bom no isolamento: “nesses dias de quarentena, vivi experiências gloriosas com Deus. Foram desertos que me fizeram olhar única e exclusivamente para o Senhor Jesus e amadurecer muito. Comecei pelo autoconhecimento: olhar dentro de mim e mudar o que é preciso. Me apeguei mais à Palavra, me abstive de qualquer informação nociva à minha Fé e me mantive firme”.

Vitória diz que para ela claro que “o Senhor Jesus é a força em meio à guerra, a paz em meio ao deserto, a certeza de que tudo isso passa e de que não estamos sozinhos. Tem sido um momento de fundamental importância e reflexão a respeito do cuidado com a minha Salvação e de levar o alerta para que outros priorizarem o mais importante: a vida eterna”.

“A saudade de estar entre o povo e de participar assiduamente das reuniões é enorme”, revela. “Agora estamos tendo a oportunidade de estar presencialmente com um número reduzido de pessoas na Universal, mas não se compara com estarmos com toda a nossa família da fé pessoalmente e podermos abraçar uns aos outros. Nesse momento percebemos com muito mais clareza o quanto a nossa dependência está no Espírito Santo. De fato, quem O ama não se imagina um minuto longe do fogo abrasador do Altar.”

Vitória é uma das pessoas que não deixaram a linha de frente de ajuda aos mais necessitados financeira e espiritualmente. Ela é voluntária da Universal na distribuição de alimentos, material de higiene e carinho à população carente. Seguindo as medidas de proteção indicadas pelas autoridades, ela visita comunidades em situação precária na região metropolitana de Porto Alegre.

Para ela, essa paz em meio à guerra, como bem lembrou, terá consequências: “com certeza, quando tudo isso passar, quem aproveitou para se aproximar bem mais de Deus voltará ainda mais forte e maduro, olhando as situações de maneira diferente, muito mais espiritual”. 

A sua dificuldade e a dos outros 
Marcia Thais Oliveira, (foto abaixo) de 32 anos, trabalhava até meses atrás como auxiliar administrativo na capital gaúcha, onde mora, mas não está trabalhando no momento. Nem por isso deixa de arregaçar as mangas – e não só por si mesma.

“Realizamos semanalmente um núcleo de oração da Universal em uma comunidade aqui da cidade. Não podemos realizá-lo por causa do isolamento social recomendado pelo governo, mas nos vimos diante de uma triste realidade: se temos vivido dias difíceis ultimamente, há outros que já viviam com bem pouco e, com essa situação da quarentena, estão em condições ainda piores”.

Já que os encontros todas as semanas na comunidade não aconteciam mais com regularidade, algo maior foi idealizado para a Universal estar mais perto daquelas pessoas, relata Marcia: “decidimos realizar visitas às famílias que semanalmente estavam conosco no núcleo de oração, conversamos com cada uma delas para saber quais eram suas necessidades e se estavam com algum problema de saúde por conta do vírus. Reunimos os obreiros e jovens que também auxiliam nesse trabalho, um dos voluntários doou algumas cestas básicas e entregamos às famílias”.

Ela conta que eles fazem algo ainda mais necessário atualmente: “além do alimento físico, levamos também a Palavra de fé, importante para que aquelas almas permaneçam firmes mesmo diante desse caos mundial que vivemos. Passamos dias difíceis, enfrentamos nossas lutas pessoais, mas não podemos nos abater diante dessas dificuldades. Quando prestamos atenção ao nosso redor, vemos que há pessoas em situação muito mais difícil do que a nossa. Temos a fé pra nos levantar e seguir em frente. Elas, muitas vezes, não têm nada. E ver um sorriso no rosto, o olhar feliz, um gesto de gratidão são a nossa maior recompensa”.

Jakelyne influenciou seus filhos a serem pessoas melhores num mundo cheio de armadilhas para os jovens. Rodrigo empreendeu diante de uma crise mundial. Vitória e Marcia foram bem além de seus próprios egos quando tudo dizia para se isolarem. Os quatro seguiram algo que o Bispo Macedo aconselhou no livro O Pão Nosso Para 365 Dias: “ainda que em meio às turbulências, fixe sua atenção nesse conselho: esqueça o grito dos problemas à sua volta. Em vez de pensar em todas as dificuldades e impossibilidades da vida, mantenha seus pensamentos ligados em Deus, fixos na Palavra que traz Vida. Todas as coisas serão acrescentadas. Todas. Sem exceção”.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Fotos: Getty images, arquivo pessoal, cedidas e Demetrio Koch