Conheça o capacete desenvolvido pela USP no combate à COVID-19
'Escafandro', como foi batizado pelos pesquisadores, é uma opção menos invasiva no tratamento e pode evitar que paciente use o tubo endotraqueal
Uma equipe multidisciplinar da USP (Universidade de São Paulo) deve concluir até o fim deste mês um capacete que, adaptado ao respirador artificial, dispensa o uso do tubo endotraqueal em pacientes internados nas UTIs por causa do novo coronavírus.
O protótipo está em fase final de desenvolvimento e conta com o trabalho de pesquisadores da Escola Politécnica (Poli), Faculdade de Medicina (FM) e da Faculdade de Odontologia (FO) da USP.
A criação do equipamento, uma alternativa em meio à dificuldade de aquisições de respiradores no mercado mundial, foi um pedido do Governo de São Paulo após conversas com médicos que atuam no combate à pandemia do novo coronavírus na Itália.
“Trata-se de uma opção menos invasiva, já que em muitos casos pode ser uma alternativa para evitar a necessidade de utilização do tubo endotraqueal introduzido no paciente”, descreve o professor Raul Gonzales Lima, coordenador do projeto ao Jornal da USP.
O protótipo está em sua terceira versão. “Vamos aperfeiçoando e melhorando as funções. Desta vez estamos trabalhando para reduzir a complacência no equipamento [espaço que armazena o CO2, sigla do dióxido de carbono], que resulta da movimentação do equipamento de acordo com a entrada e saída do ar.”
“Escafandro”
O equipamento, batizado como “Escafandro” − por parecer a vestimenta usada por mergulhadores −, é composto de uma cúpula redonda de acrílico, uma membrana de látex que se ajusta ao pescoço do paciente, uma almofada inflável sobre os ombros, e filtros e válvulas de acesso. “O acrílico é um material translúcido que pode ser higienizado até mesmo com bactericidas”, diz Gonzales.
O capacete possui dois tubos que são ligados ao respirador artificial que funcionam como entrada e saída de ar. O sistema precisa ser conectado a um respirador artificial que faça com que o ar que entra tenha concentração e pressão controlados para melhorar a oxigenação sanguínea.
“Outra vantagem do equipamento é que ele impede a contaminação no ambiente de uma UTI, já que o ar é filtrado. Assim, possíveis partículas da COVID-19 não serão dispersadas no ambiente hospitalar, e isso resultará em mais segurança aos que atuam diretamente com esses pacientes”, explica o pesquisador. “Além disso, como a estrutura permite a higienização poderá ser reutilizada para outros pacientes depois de descontaminada, reduzindo custos e descartes.”
De acordo com Gonzales, os próximos passos do projeto consistem em aperfeiçoar a complacência e avaliar o uso de outros materiais. Após essas correções, que devem terminar nesta semana, o Escafandro passará para os testes clínicos.
A produção do equipamento, diz Gonzales, poderá ser rápida e em larga escala, pois utiliza materiais baratos e pode ser fabricado no mercado nacional.