Imunidade coletiva para a COVID-19 pode estar mais próxima

De acordo com estudo, há a probabilidade de que essa imunidade chegue quando 34% da população for contaminada. Entenda

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O Brasil pode estar mais próximo de alcançar a imunidade coletiva contra a COVID-19 do que se pensava até agora. De acordo com um estudo publicado na revista especializada Science, há a probabilidade de que essa imunidade chegue quando 34% da população for contaminada.

Até o momento, acreditava-se que seria necessário ter 60% da população de um local infectada para que o vírus fosse incapaz de continuar circulando. Entretanto, isso aconteceria se a comunidade fosse homogênea. Ou seja: se todas as pessoas possuíssem a mesma saúde física e espalhasse o vírus para o mesmo número de pessoas.

Evidentemente, cada ser humano é único e tem relações sociais independentes. A sociedade não é homogênea. É isso que o estudo realizado por pesquisadores britânicos e suecos destaca. Os cientistas desenvolveram um plano matemático para ter uma perspectiva sobre como o vírus atuaria em sociedades heterogêneas.

Foram considerados dois tipos principais de heterogeneidade:

1- As pessoas têm idades diferentes

Os cientistas simularam uma população com seis faixas etárias diferentes. Cada faixa etária teria diferente vida social e, portanto, contato com diferente número de pessoas.

Por exemplo: uma criança de oito anos de idade tem contato com 30 crianças em sua sala de aula, mais 10 funcionários da escola. É diferente de uma pessoa de 65 anos de idade, que encontraria de 10 a 15 pessoas durante o dia.

Mesmo que estejam em quarentena, há diferença: um idoso se preservaria mais e ficaria em casa, encontrando até cinco pessoas na semana. Enquanto alguém de 30 anos precisaria trabalhar fora de casa e encontraria mais pessoas no mesmo período.

Como o número de contatos é diferente, o poder de transmissão do vírus também é diferente.

2- As pessoas têm diferentes vidas sociais

O caso é parecido com o anterior, mas sem considerar a idade.

Suponhamos que haja duas pessoas de 30 anos. Uma delas vai à academia pela manhã, depois vai ao trabalho e no fim do dia tem aulas na faculdade. Tudo utilizando o transporte público. A outra utiliza o próprio carro para ir ao trabalho e, de lá, volta direto para casa.

É provável que a primeira pessoa tenha encontrado mais de cem outras pessoas em um dia. Enquanto a segunda encontrou apenas 20. Evidentemente, o poder de contágio é diferente para cada uma dessas pessoas.

Os resultados

Os cientistas ainda consideraram que não se sabe para quantas pessoas alguém infectado transmite vírus suficiente para infectar outrem. Por isso, foram realizadas duas simulações.

Na primeira, supôs-se que a taxa de transmissão do vírus seja 2,5. Cada centena de pessoas infectada transmite o novo coronavírus para outras 250. Nesse caso, seria preciso que 43% da população fosse contaminada para que o vírus não conseguisse mais encontrar hospedeiros.

A segunda hipótese foi de que cada pessoa contaminada transmite o vírus para outras duas. Nesse caso, a imunidade coletiva chegaria ainda antes, aos 34% de pessoas infectadas. Isso não significa que é bom esperar tantas pessoas serem infectadas. Ainda é preciso prevenir.

Em São Paulo

Todavia, o estudo demonstra que a pandemia pode estar bem perto do fim. Na cidade São Paulo, por exemplo, apesar das medidas tomadas, estima-se que, lamentavelmente, 16% da população da periferia já foi contaminada e está imune ao novo coronavírus.

Na última semana, houve aumento de 15% no número de casos de COVID-19 no estado de São Paulo. Se o contágio na cidade seguir e permanecer no alarmante ritmo do contágio no estado, é possível que a imunidade de rebanho chegue à periferia paulistana em setembro.

Sendo que ainda é necessário prevenir o contágio, o Governo Federal segue atuando para preservar a saúde da população. Há poucos dias, por exemplo, o Presidente Bolsonaro sancionou a lei que exige o uso de máscaras de proteção. Clique aqui e saiba mais sobre a nova lei.

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Colaborador

Andre Batista / Foto: Getty Images