Baixa adesão a vacinas coloca a saúde da população em risco
Entenda por que a imunização é tão importante para evitar a ocorrência e a disseminação de doenças
A cobertura vacinal tem caído no País nos últimos anos. Em 2019, a situação tomou uma proporção alarmante. De acordo com dados preliminares do Ministério da Saúde, pela primeira vez em 25 anos, o Brasil não atingiu a meta de vacinar 95% do público-alvo em nenhuma das 15 vacinas do calendário público.
A BCG, por exemplo, vacina que protege contra a tuberculose e é indicada para os recém-nascidos, foi aplicada apenas em 85,1% dos bebês em 2019, enquanto a meta do governo era imunizar pelo menos 90%. Os baixos índices se repetiram com outras vacinas: apenas 82,6% das crianças foram imunizadas contra a poliomielite e a da hepatite B só alcançou 77,5%, pior taxa de cobertura vacinal desde que foi inserida no Sistema Único de Saúde.
A vacinação protege o indivíduo contra doenças e, uma vez imunizado, ele deixa de ser um transmissor. “Quanto mais gente vacinada em uma população, menores são a circulação, as taxas de transmissão e o risco de infecção, inclusive daqueles que não são vacinados”, explica Mônica Levi, médica pediatra e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
A baixa cobertura vacinal pode provocar o retorno de doenças que antes estavam controladas ou até erradicadas, como aconteceu com o sarampo. Em 2016, o Brasil recebeu um certificado da Organização Mundial da Saúde (OMS) por ter eliminado a doença. Dois anos depois perdeu a certificação por causa de um surto de sarampo que começou em meados de 2018 e dura até hoje. O País, que já ficou um ano sem ter um único caso de sarampo, registrou mais de 44 mil casos confirmados da doença nos últimos três anos, dos quais 15.594 foram só neste ano.
Vários fatores contribuem para a baixa adesão às vacinas. Segundo Mônica Levi, muitos pais não percebem a importância de imunizar as crianças por não terem referências das doenças que foram erradicadas, como a poliomielite, por exemplo, e acabam expondo os filhos a riscos.
Outro fator é a questão do medo dos efeitos colaterais das vacinas. “O tema passou a ter notoriedade maior, agravado pelas fake news, que não ajudam em nada as nossas coberturas vacinais. Embora não tenhamos grupos antivacinistas estruturados aqui no Brasil, a nossa mídia é poluída”, afirma a pediatra, referindo-se a notícias enganosas sobre o tema.
Um dos mitos disseminados contra as vacinas é que elas causam doenças neurológicas ou autoimunes. Mônica Levi explica que não há verdade nessa informação. “A ciência combate com frequência esses mitos. Todos esses eventos são extensamente analisados por peritos do mundo inteiro e por órgãos regulatórios de vários países”, diz. “É muito difícil você tirar o medo depois que ele já está instalado. Então, precisamos melhorar nossa comunicação com a população”, conclui.
DOENÇAS ELIMINADAS
Várias doenças já foram erradicadas no Brasil e milhares de vidas poupadas ao longo dos anos graças à criação das vacinas. É o caso da poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, que teve o último caso registrado no País em 1989. O Brasil possui certificado de eliminação da rubéola e o mundo todo conseguiu erradicar a varíola por meio da vacinação, segundo a OMS, o que demonstra a importância de não negligenciar a saúde.
Na próxima edição, confira mais informações sobre a vacinação no País.