Qual é a mudança que você deseja?
Acabamos de votar pelos que representarão o povo nas prefeituras e Câmaras de Vereadores de todo o País. Em algumas cidades, os eleitores ainda votarão no segundo turno. Muitos vão às urnas com um forte desejo de mudança para a sociedade. Parece que os problemas que enfrentamos todos os dias em cidades de qualquer tamanho, nos Estados, no Brasil e mesmo no mundo não têm fim – em alguns casos parece até que aumentam. No dia da votação, o eleitor aperta o botão da urna esperando que seu candidato mude algo para melhor.
Nas eleições do dia 15 de novembro, o número de abstenções, votos brancos e nulos foi recorde em eleições municipais: mais de 45 milhões de cidadãos invalidaram seus votos, o que é muito, já que o Brasil tem cerca de 148 milhões de eleitores. Para se ter uma ideia, o Estado mais populoso, São Paulo, tem 33,5 milhões de eleitores.
Seria a desesperança o motivo de dezenas de milhões terem jogado seus votos fora ou seria uma questão de falta de foco? Sim, pode ter sido um caso de erro de foco, de pôr nas mãos dos representantes políticos a função de “salvador da pátria”. E, já que a maioria parece que não oferece isso, foi melhor não votar em ninguém? Esse é um erro duplo.
Quando o eleitor vota em um prefeito ou vereador porque deseja uma cidade mais limpa, faz sentido que ele jogue papéis no chão, sacos de lixo no riacho ou pontas de cigarro pela janela do carro? Não é raro ver casas inundadas em períodos de chuva forte principalmente porque muitos cidadãos ainda jogam papeizinhos e materiais plásticos pelas ruas e calçadas e eles entopem os bueiros.
E o que dizer quando uma pessoa reclama do trânsito, mas ela mesma ultrapassa o sinal vermelho, estaciona onde não deve, fecha o carro ao lado, buzina de forma descontrolada, corre feito um louco, bebe antes de dirigir?
Muitos se escandalizam com o noticiário que mostra quantias estratosféricas de dinheiro público desviadas pela corrupção, mas muitos dos “escandalizados” se acham mais espertos quando ficam com o dinheiro que o caixa da padaria deu de troco a mais e não o devolve, não declara seus bens à Receita Federal ou dá um “agrado” ao guarda para não levar uma multa de trânsito ou a um garçom para conseguir uma mesa melhor no restaurante e até para furar a fila de espera.
Também há aquele vizinho que se irrita com o barulho da construção próxima, mas que agita as madrugadas com os amigos falando alto em seu apartamento e liga sua TV e seu som a todo volume, sem se importar com quem mora no seu prédio e precisa acordar cedo para trabalhar ou necessita de repouso no fim de semana depois de uma semana cheia.
Por que o brasileiro espera tanto dos outros o que ele mesmo não faz? A desilusão na política não seria uma desilusão consigo mesmo? A propósito, um político não brota do chão de Brasília ou no jardim de uma prefeitura. Ele vem do próprio povo. E a qualidade desse povo é que determina a qualidade do político que o liderará.
Nos tempos bíblicos, o Senhor Jesus viveu uma situação que demonstra bem essa questão que vivemos. Foi levada a Ele uma mulher flagrada em adultério. Perguntaram a Ele se ela devia ser apedrejada, como ditavam os costumes da época. Ele respondeu: “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” (João 8.7). O Messias calou quem se achava melhor do que a moça e não enxergava as próprias falhas.
Se a conduta de cada pessoa fosse respeitar os direitos do próximo, trabalhar honestamente e evitar a tentação das “facilidades”, a sociedade seria muito melhor. Atitudes simples, como não jogar lixo fora de lixeiras, dirigir de forma segura e devolver um troco a mais; ou grandes, como não trair um cônjuge, evitar os vícios e rejeitar corrupção, ajudariam muito. Colhemos o que plantamos no dia a dia.
De nada adianta votar em presidentes, governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores se o indivíduo primeiro não eleger a si mesmo como um cidadão honesto e agir como tal. Quem sabe assim finalmente veremos – ou melhor, faremos – o Brasil que tanto desejamos.