Mais um caso de morte revela os reais problemas da geração narcisista

Suicídio de influencer acende alerta sobre o perigo de buscar camuflar as emoções nas redes sociais e depender do ego para vencer problemas

Imagem de capa - Mais um caso de morte revela os reais problemas da geração narcisista

O suicídio da influenciadora social norte-americana Dazharia Shaffer, de 18 anos, trouxe muita tristeza para os pais e fãs da jovem. Conhecida nas redes sociais pelo apelido “Dee”, a celebridade tinha mais de 1,4 milhão de seguidores no Tik Tok.

Segundo o que foi noticiado pela revista People e pelo site do canal de TV Fox News, a adolescente também tinha milhares de seguidores no Instagram e no YouTube, e muitas vezes documentava sua vida e realizava os desafios da moda.

“Eu só queria que ela tivesse falado comigo sobre seu estresse e os pensamentos de suicídio. Poderíamos ter trabalhado nisso”, afirmou o pai de Shaffer, Joseph Santiago.

Assim, embora ela transmitisse a imagem de uma jovem feliz e enturmada, seus familiares lamentaram que não puderam ajudá-la. “A depressão é uma irmã real, mas nunca, em um milhão de anos, pensei que ela sofresse disso. Em seus vídeos, ela parecia que tinha tudo sob controle”, comentou um seguidor de Dazharia Shaffer.

O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens, com idades entre 15 e 24 anos. Nem sempre é fácil identificar os sinais de alerta ou saber a melhor forma de falar e apoiar uma criança ou jovem que passa por uma crise de saúde mental. Mas, especialistas reforçam que todo excesso esconde uma falta, ou seja, tudo que foge do equillíbrio pode revelar uma descompensação emocional.

Nem tudo que parece é

Vivemos em um tempo onde, com o crescimento das redes sociais, cada vez mais, as pessoas estão deixando de lado suas personalidades em busca de aceitação. Uma geração que está sendo moldada pela internet, em que parecer ou aparecer é mais importante que ser.

Esse ciclo vicioso de mostrar uma realidade que não se vive para angariar likes têm feito as pessoas desperdiçarem a sua existência e se afundarem em suas questões emocionais.

Eu, eu, eu…

Assim, há dois lados: o que se é na tela, no mundo virtual e o que de verdade e o que se é na vida real, fora da internet. Os neurologistas afirmam que muitas pessoas não conseguem dissociar o verdadeiro eu do personagem criado. E essa perda da razão, é comum no transtorno de personalidade narcisista (TPN).

O narcisismo, portanto, retrata a tendência do indivíduo de alimentar uma paixão por si mesmo. Este termo é também usado para indicar alguém vaidoso ou egoísta.

Infelizmente esse comportamento instalado na sociedade tem pleno espaço para proliferar pois as pessoas estão cada vez mais superficiais, e não apenas nas redes sociais…

Basta observar a necessidade de autopromoção, a busca da fama a qualquer preço, o uso de cirurgias e procedimentos para frear o envelhecimento, o consumismo galopante. Isso sem falar do egoísmo nas relações que se caracteriza quando a pessoa usa outras em benefício de si mesma, se acha superior e faz de tudo (tudo mesmo) para se sobressair…

É aquela que pergunta algo e, quando o outro vai responder nem ouve, logo corta, para falar dela mesma, mostrando que não está nem aí.

Então, quem age dessa forma também é considerado narcisista.

Acredito que, numa era onde muitos mendigam por likes, fazem de tudo por seguidores (até compram, pasmem!), clamando por atenção para alimentar o ego, é extremamente necessário falar sobre isso.

É preciso, como nunca antes, saber diferenciar autoestima de egocentrismo. Enquanto um faz a pessoa florescer o outro leva à uma cegueira sobre si e à solidão.

Para ler mais reflexões, como as do blog ‘Refletindo sobre a notícia’ por Ana Carolina Cury, clique aqui.

imagem do author
Colaborador

ANA CAROLINA CURY | Do R7 / Fotos: Getty Images