Leitura da Bíblia poderá reduzir tempo de pena de detentos
Outros livros também fazem parte da lei que busca reintegrar as pessoas à sociedade
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) acaba de aprovar a Bíblia como um dos livros que podem, por meio de sua leitura, reduzir o tempo de pena dos detentos do estado. Agora a lei deve ser sancionada pelo governador Márcio França. Caso França não sancione, a lei deve entrar em vigor por um ato do presidente da Alesp, Cauê Macris.
De acordo com a nova legislação, a pessoa que ler a Bíblia poderá reduzir a pena em até 264 dias. Isso porque cada obra lida diminui a pena em 4 dias e a Bíblia, como enfatiza o texto, é uma coletânea com 66 livros (39 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento).
Para que o detento obtenha o benefício ele precisa ler a obra e fazer uma resenha que será avaliada por uma comissão. Cada presidiário pode ler, no máximo, doze livros por ano. Ou seja: ele pode escolher ler 12 livros dos 66 que a Bíblia contém ou ler alguns de dentro da Bíblia e outros de fora, como “Dom Casmurro”, de Machado de Assis
Leis semelhantes já existem em outros estados, como o Paraná e o Amazonas. Em Manaus, inclusive, uma das presidiárias acaba de apresentar a análise do livro “As Obras da Carne e os Frutos do Espírito”, escrito pelo Bispo Edir Macedo.
Alessandra Soares, coordenadora do projeto Universal nos Presídios (UNP) das penitenciárias femininas do Amazonas descreve o caso: “A convite da diretora da Unidade Prisional Semiaberto Feminino de Manaus, Doutora Suelly Borges, integrei a Banca de Avaliação do Projeto Remição da Pena pela Leitura. As detentas apresentaram suas resenhas e explanações sobre as obras literárias escolhidas por elas e responderam todas as arguições da banca”.
Como relata Alessandra, a detenta Andreia Pereira Melo (foto ao lado, com Alessandra), de 41 anos, escolheu ler o livro de Edir Macedo e decidiu colocar os ensinamentos da obra em prática na sua vida. Alessandra conta que Andreia “apresentou com clareza e dedicação a importância da leitura do livro do Bispo Edir Macedo”.
Andreia cumpre pena desde 2014 e agora com o respaldo da lei, busca se reintegrar à sociedade. Para isso conta com o apoio do grupo UNP que diariamente atende centenas de penitenciárias no Brasil inteiro. O objetivo do grupo é mostrar ao presidiário que ele é capaz de pagar por seu crime, retornar para a sociedade e construir uma nova vida, digna e dentro da lei.
Beneficiada pelo auxílio do UNP, durante a apresentação de sua resenha, Andreia afirmou: “Esse livro me fez enxergar que a vida que eu vivia na prostituição e bebedices não era a vontade de Deus para mim. Hoje tenho o fruto do Espírito que é o amor e não quero mais voltar para a vida antiga”.
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