Após uma nova operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) na Comunidade São Carlos, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), a tensão tomou conta do local. Todos sentiam-se apreensivos e até mesmo o cabeleireiro local recusou trabalho. Preocupado, mandou uma criança que lhe batia à porta embora sem fazer o corte de cabelo dela.

Um soldado da Polícia Militar que estava no local e viu a cena percebeu que poderia fazer um pouco mais por aquela comunidade. Comovido, ele mesmo cortou os cabelos da criança, gratuitamente. Pouco depois, outros moradores apareceram para o mesmo serviço. Naquele primeiro dia, em uma tarde de setembro, foram nove cortes de cabelo.

Profissional da paz

O soldado Marcus Vinícius Pavão trabalha como policial militar há 3 anos e, atualmente, está na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) instalada na Comunidade São Carlos. Ele conta que o que o motivou a realizar os cortes de cabelo naquele primeiro dia foi perceber que poderia ajudar de alguma maneira os moradores do local e aliviar a tensão que se instala sempre que uma operação como a realizada naquele dia pela polícia acontece.

“O que me motivou simplesmente foi ver a ferramenta que eu tenho e posso usar para fazer o bem”, contou ele em reportagem especial produzida pela Rede Record.

Marcus é cabeleireiro desde os 15 anos de idade, quando começou a trabalhar no salão de beleza de sua irmã. Durante os 10 anos em que exerceu somente essa profissão, participou de diversos cursos de especialização. A qualidade do serviço dele foi tão grande que ele chegou a trabalhar em importantes salões de beleza do Rio.

“Tudo o que tenho ganhei trabalhando com beleza. Sou um profissional de cabelo, sim, e também de Segurança Pública. Se tiver combate, vou para o combate, mas não é só de tiro que o morro vive”, afirmou a um jornal carioca.

A opção por integrar a Polícia Militar veio na busca por uma carreira estável. Como há muito tempo admirava o trabalho da PM, sentiu que ele também poderia contribuir para a melhoria da cidade como agente de segurança pública. Afinal, pai de dois filhos, ele quer ver o Rio de Janeiro cada vez melhor para os mais novos poderem aproveitar a cidade com paz e segurança.

Para alcançar esse objetivo, desde aquele primeiro corte de cabelo, em suas horas vagas ele já realizou outras dezenas, gratuitamente, oferecendo o seu serviço tanto às crianças quanto aos adultos.

“O que motiva a gente é fazer sempre um trabalho melhor possível para atender tanto a comunidade quanto as pessoas que precisam da Polícia Militar.”

Ajudando quem ajuda

Diante da atitude policial, voluntários do grupo Força Jovem Universal (FJU) se reuniram para doar instrumentos utilizados pelos cabeleireiros, como máquina de corte, por exemplo, ao soldado Pavão.

“Muito útil. Tudo aqui é de utilidade máster. Obrigado mesmo a vocês”, agradeceu o soldado. “Isso aqui é de grande valia para a gente, para a comunidade. Esse ato aqui não tem dinheiro que compre, não tem nada que pague isso aqui. Isso aqui é um gesto nobre que pouquíssimas pessoas vão ter a oportunidade de saber e sentir o que é, porque muitas pessoas que podem fazer isso aqui não querem fazer. E a gente com um pouquinho se une para fazer. Obrigado.”

Assista ao vídeo abaixo e veja como foi a visita da Universal à Comunidade São Carlos:

O soldado Pavão conta que tem total apoio do seu comandante e da Polícia Militar também. “Eu tenho feito isso não para engrandecer o meu nome, não para engrandecer o nome da Polícia, mas sim para tentar fazer alguma diferença”, afirma ele.

Você também pode transformar a sua cidade. Junte-se ao Força Jovem Universal e saiba como.