Programa “Satã depois da escola” busca atrair crianças americanas
Com o objetivo de contrapor o ensino cristão, satanistas criam curso infantil
Um grupo de membros do Templo Satânico dos Estados Unidos propôs uma alternativa curricular às escolas locais. Recentemente, Chalice Blythe, diretora nacional do programa intitulado Satã depois da Escola (After School Satan Program, no original), afirmou à BBC Brasil que eles querem questionar a legalidade dos cursos cristãos, uma vez que, desde 2001, a Suprema Corte dos Estados Unidos permite que grupos de diferentes religiões ofereçam cursos extracurriculares a estudantes da rede pública de ensino.
“Se cursos religiosos são permitidos nas escolas, nós queremos espalhar nossos clubes por toda a nação para garantir que múltiplos pontos de vista estejam representados”, disse.
As instituições católicas e evangélicas já estão envolvidas nesse projeto liberado pela Suprema Corte e hoje divulgam cursos denominados Clubes de Boas Notícias, cuja missão é evangelística.
Para atrair o público infantil, o grupo do Templo Satânico criou um vídeo promocional que, narrado por um áudio invertido, contém imagens de crianças, aranhas, símbolos satânicos e bodes com chifres. Nele, as crianças são chamadas para “aprenderem e se divertirem”.
Além desse material, há um livro para colorir que é usado como estratégia de marketing. O Grande Livro de Atividades das Crianças Satanistas custa US$ 10 (cerca de R$ 33) e tem como alvo ensinar os pequenos a desenhar um pentagrama invertido (símbolo que indica o reino de satanás).
E não para por aí. Além dos cursos, o Templo exige direitos iguais aos dos cristãos e quer inaugurar monumentos dedicados a satanás ao lado de estátuas cristãs em locais públicos.
Revolta cristã
Organizações conservadoras têm buscado fazer o que podem para frear essa iniciativa. O fundador do grupo evangélico Liberty Counsel, Mat Staver, disse, em nota, que a razão para a existência do grupo não é religiosa, mas principalmente política.
“Este grupo não é legítimo. A única razão para que ele exista é se opor aos Clubes de Boas Notícias, que ensinam a moral, o desenvolvimento do caráter, o patriotismo e o respeito de um ponto de vista cristão”, pontuou.
Staver seguiu explicando que “as escolas não precisam tolerar grupos que perturbem o ambiente e visam (prejudicar) outros clubes legítimos. Nenhum pai em sã consciência permitiria que seus filhos participassem desse grupo”.
Aprovado?
O ano letivo nos Estados Unidos começa em setembro e ainda não há uma resposta oficial a respeito da permissão de atuação do programa. Em entrevista ao jornal religioso The Christian Post, o advogado constitucionalista John Eidsmoe explicou que é preciso averiguar alguns pontos antes de a decisão ser tomada. “A principal questão constitucional ligada à proposta de curso infantil satanista é entender se o satanismo é uma religião. Não consigo prever como uma Corte decidirá em relação a isso”, finalizou.