Costumes da Bíblia – Os samaritanos
No capítulo 18, da novela Jesus, exibida pela Record TV – de segunda a sexta-feira, às 20h45 -, vimos que havia um grande preconceito dos judeus contra os samaritanos, quando Jesus afirma que André e Filipe teriam de passar pela região da Samaria. No caminho, eles encontram um homem que havia sido atacado por bandidos. Mas para a surpresa de André e Filipe – que são judeus -, um samaritano desconhecido – que também passava por ali – estava cuidando das feridas dele.
O Senhor Jesus, em uma de suas famosas parábolas, tenta mostrar que todos têm um lado bom ao contar sobre um samaritano que socorre um judeu ferido durante uma viagem. A história se tornou tão famosa que, até mesmo entre laicos, a palavra “samaritano” virou sinônimo de alguém que faz o bem até mesmo a desconhecidos. No entanto, por que Jesus usou justamente um homem da Samaria na parábola?
Os samaritanos não eram bem vistos pelos judeus, por uma série de acontecimentos concernentes à história do povo de Israel.
O povo em questão tomou emprestado o nome de Samaria, cidade que foi a capital do reino do Norte de Israel durante os reinados de Onri e Acabe (1 Reis 16). Destruído pelos assírios em 721 antes de Cristo (a.C.), o local teve 27 mil de seus habitantes mais influentes, entre membros do governo e artesãos dos mais renomados, deportados para a Assíria e aos poucos assimilados entre o povo daquele reino. Além disso, Samaria foi reocupada por vários povos mesopotâmicos (2 Reis 17:24).
Os novos ocupantes passaram por um curto período de paz, até os ataques de animais selvagens a moradores aumentar significativa e misteriosamente, causando muitas mortes. O povo acreditava ser uma punição por não adorar o Deus único dos moradores anteriores. Os assírios mandaram voltar do exílio um sacerdote judeu para ensinar sobre sua fé, e um santuário foi estabelecido em Betel (2 reis 17: 25-29). Todavia, os novos governantes em parte aceitaram ao Deus único, em parte continuaram a adorar seus falsos deuses, em um sincretismo perigoso (2 Reis 17:25-34), que não era nada bem visto pelos judeus que não haviam sido levados para o exílio, gerando distanciamento e antipatia.
Em Jerusalém, os samaritanos aceitavam que os judeus orassem, até os babilônios destruírem a cidade. Quando os persas de Ciro sucederam os babilônios, permitiram que os judeus voltassem à cidade e a restaurassem, assim como a sua crença e o Templo, como consta do livro de Jeremias. Alguns samaritanos aceitaram bem a volta dos judeus, enquanto outros não viram o retorno com bons olhos. Entre os simpatizantes, muitos quiseram se juntar aos judeus para a reconstrução do Templo e da fé judaica no local, mas foram recusados (Esdras 4:2-3).
Os samaritanos contrários à volta dos judeus viam a reconstrução de Jerusalém com receio, pois os antigos moradores daquela cidade eram inimigos de Samaria, e fizeram o que puderam para impedir as obras (Neemias4:1-2). A antiga rivalidade entre Norte e Sul voltou com força total. Os samaritanos eram vistos como inimigos políticos e um povo impuro, por seu sincretismo religioso, e poderiam “contaminar” os que regressaram (Neemias 13:23-30).
Tempos depois, um grupo de samaritanos que não podia orar ao Deus Único em Jerusalém, mas que também queria distância dos conflitos, retirou-se para Siquém, onde se estabeleceu e fundou um santuário no monte Gerizim. Descendente daqueles retirantes era a mulher samaritana que o Senhor Jesus encontrou em uma fonte (João 4).
Naquele lugar os samaritanos aceitaram o Pentateuco como seu livro sagrado, adotando os cinco livros de Moisés como direção para a sua fé, que diferia da dos judeus em alguns pontos: embora também aceitassem Deus como Único, acreditavam na volta de Moisés como o Messias.
Havia uma forte inimizade entre os que oravam no Gerizim e os que oravam em Jerusalém. Ainda assim, muitos samaritanos ouviram as palavras do Verdadeiro Messias, embora fosse de origem judaica, assim como os ensinamentos de Seus seguidores, e converteram-se ao cristianismo.