Voto evangélico foi decisivo para vitória de Jair Bolsonaro
Mestre em filosofia aponta por que esse posicionamento refletiu com força no resultado eleitoral
Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os evangélicos representavam 6,6% da população em 1980. Depois de 30 anos, no Censo de 2010, a porcentagem já era de 22,2%. Em 2018, estima-se que esse número seja ainda maior.
Durante o segundo turno, em que Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) disputavam a cadeira da presidência do Brasil, em pesquisa divulgada pelo Datafolha – publicada em 25 de outubro –, 59% de evangélicos declararam o seu voto em Bolsonaro e 26% escolheram Haddad.
Tal representatividade pôde ser comprovada definitivamente em 28 de outubro, com a eleição do novo presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, de 63 anos. Com 100% das urnas apuradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele atingiu 55,13% dos votos válidos, um total de 57.797.456 votos, ao passo que seu adversário, Fernando Haddad, ficou com 44,87%.
A eleição de Bolsonaro repercutiu em diversas partes do mundo. Inclusive, o peso do voto evangélico foi destaque, por exemplo, no jornal diário francês Le Fígaro.
Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Jair Bolsonaro agradeceu a todos os brasileiros pelo apoio, pela consideração, pelas orações e pela confiança, pedindo a Deus que, mais do que inteligência, lhe dê forças para bem conduzir o futuro do Brasi. Em seguida, foi realizada uma oração pelo ex-senador Magno Malta.
Em entrevista ao programa Brasil Notícias, da Rede Aleluia – apresentado pelos jornalistas Ana Carolina Cury e Décio Caramigo no dia 29 de outubro –, André Assi Barreto, mestre em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) , disse que o resultado confirma a tendência das pesquisas e o desejo da população pelo fim da velha política.
“O sentimento antipetista foi, sim, aglutinado na campanha de Jair Bolsonaro, mas a sua vitória também representa a adesão das pessoas a um projeto positivo; eu diria um projeto patriota, então temos um quadro de confirmação de tendências”, pontuou.
A campanha de Bolsonaro foi marcada por muita tensão, desde a facada que ele levou, em 6 de setembro, até os frequentes ataques de ódio aos cristãos. As fake news e os atos de vandalismos contra igrejas evangélicas foram recorrentes.
André explica que um dos erros cruciais do PT foi atacar os evangélicos, que foram essenciais para o resultado eleitoral. “Os evangélicos, sem dúvida, foram cruciais para essa eleição e os rumos que ela tomou. Insisto muito na tese da representatividade dos valores. As pessoas evangélicas tomaram ciência disso e procuraram escolher candidatos harmonizados com esses valores e isso está rumando num sentido bastante positivo de participação, de melhora, de esclarecimento. O voto evangélico foi decisivo para essa eleição”, enfatizou.
Fim ao ciclo político atual
O cientista político Leonardo Barreto ressaltou que Bolsonaro é o primeiro presidente efeito fora da polarização entre PSDB e PT desde 1994.
“A vitória de Bolsonaro põe fim a um ciclo de grande estabilidade política que se iniciou nas eleições de 2014 e culminou no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O presidente eleito terá que contornar velhos hábitos e procedimentos que já estão arraigados dentro da política brasileira”, observou.
O cientista político Edson Rildo e a diretora do Movimento Voto Consciente e educadora política, Rosângela Giembinsky, salientam que a participação popular não termina aqui. Eles orientam os eleitores a acompanharem o trabalho dos eleitos.
“Entendemos que esse caminho se inicia; não é um caminho que termina no voto, mas que começa com o voto, e sinto que as redes sociais e a própria internet vão ajudar muito nisso, então se comunique, fale com a assessoria, esse é o caminho, ou seja, quanto mais pessoas participarem, mais atingiremos a todos”, finalizou Rosângela.
(*) Com entrevistas do programa Brasil Notícias, da Rede Aleluia