Política e religião
Sempre que um pastor fala de política alguém faz o seguinte comentário: não se deve misturar política com religião. Não há, porém, base para essa afirmação. A Bíblia mistura política com religião o tempo todo. Na história da nação de Israel, Deus estava diretamente envolvido em questões do governo. Depois, no exílio, Ele colocou Daniel na política da Babilônia. Agiu do mesmo modo na Pérsia, com Ester, e também com Neemias, que foi governador em Jerusalém durante a reconstrução do muro da cidade. Pelo fato de interferir na vida de todos, a política é um assunto extremamente espiritual.
Muito mais do que uma religião, o cristianismo é um conjunto de valores e princípios, uma filosofia de vida que faz parte da identidade do cristão e ele pode – e deve – participar da vida pública. Ninguém melhor do que o cristão para defender o que julga importante. E não há como saber o que é importante sem entregar tudo a Deus – inclusive as próprias opiniões. É o que muitos têm feito. A igreja apoiou a esquerda muitos anos, pois acreditou na suposta preocupação com os menos favorecidos, mas, pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff, retirou o apoio ao perceber que as acusações contra o PT eram verdadeiras e que seus interesses eram contrários aos de Deus.
No entanto, por estarem tão habituados ao pensamento de esquerda, alguns membros tiveram dificuldade de entender a linha de pensamento da igreja. Ainda que não quisessem criticar, havia o conflito entre a própria opinião e a direção de Deus. A melhor maneira de solucionar esse conflito é ir direto a Deus e submeter a Ele seus pensamentos. Pedir a Ele, com sinceridade, que lhe mostre a verdade. Muito mais do que se agarrar às próprias opiniões ou de querer entender o pensamento da igreja, é importante querer ver como Deus vê e pensar como Ele pensa. Entregar a Ele as suas opiniões e pedir a Ele a direção certa. Ao fazer isso, o Próprio Deus passa a direcionar seu modo de enxergar. A pessoa para de olhar a direita por meio do modo de pensar da esquerda, deixa de ouvir querendo combater e passa a ouvir querendo entender. É como aprender um idioma diferente.
A percepção de mundo do ser humano se estrutura com base nas definições que ele absorve e nas opiniões que constrói. Ninguém tem acesso direto à realidade, ela é acessada por meio da interpretação que cada pessoa faz dela. Opiniões são os óculos que decidimos usar para enxergar a realidade e, por isso, é necessário submetê-las a Deus e pedir que Ele as molde de acordo com o pensamento dEle, porque somente Ele é a Verdade – e ninguém mais.
Porque Deus é a Verdade, somente os “óculos” da Palavra dEle permitem enxergar como as coisas realmente são. Somente ao entregarmos pensamentos e opiniões a Deus será possível entender como o mundo realmente é e o que realmente importa para Ele. Qual dos dois lados está comprometido com os principais valores que manterão a sociedade coesa e em condições de permitir a evangelização nesses últimos dias e qual dos dois lados está buscando outros interesses, com inclinação anticristã (ainda que não admita isso com essas palavras)? Deus pode responder.
O compromisso do cristão não é com a direita, mas com o Evangelho. Entendendo os dois lados, fica claro que a esquerda está fundamentada em princípios contrários aos do Evangelho. Mas, para quem ainda questiona se esse posicionamento ostensivamente à direita que a igreja está assumindo é o certo, melhor do que ouvir argumentos humanos, é colocar no Altar as suas convicções políticas e pedir a Deus que abra seus olhos para o que ELE pensa, para que você entenda a opinião dEle.
Esse é um sacrifício muito difícil de fazer. Colocar um mau comportamento no Altar é fácil, colocar um vício no Altar é fácil, colocar dinheiro no Altar é mais fácil ainda. Mas e colocar uma opinião no Altar? Uma CONVICÇÃO no Altar? É muito mais profundo. É destruir uma fortaleza em sua mente, para construir um Altar para Deus. Exige humildade, entrega e confiança. Mas, como todo sacrifício sincero, gera intimidade com Ele. E, por ser obediência, dá resultado.
“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.” (2 Coríntios 10.4-5).