Identidade de gênero: como o tema afeta o público infanto-juvenil
Caso de jovem que se arrependeu de transição de gênero chama a atenção para os impactos negativos deste tipo de decisão precoce
Que tipo de decisão alguém com 12 anos é capaz de tomar? É verdade que já há certa independência, afinal, é o início da adolescência, mas a verdade é que nem mesmo da própria alimentação uma pessoa nessa fase sabe cuidar. Por exemplo, pais e responsáveis devem ficar de olho para que doces e refrigerantes não substituam alimentos de verdade. Nessa idade, inconsequência e impulsividade são normais em todas as áreas da vida. Por isso, decisões importantes e impactantes devem ser tomadas pelo adulto responsável.
Infelizmente, isso não aconteceu no caso de Chloe Cole. Hoje, a jovem norteamericana tem 18 anos e é uma ex-transgênero que assumiu a missão de alertar o mundo sobre os riscos da transição de gênero do público infanto-juvenil. Chloe tomou contato com conversas sobre identidade de gênero aos 11 anos em plataformas on-line e, aos 12, informou aos pais que teria “nascido no corpo errado e se identificava como menino”.
Diante da revelação, a família foi em busca da ajuda de um terapeuta, que confirmou a identidade masculina da menina. O passo seguinte foi o tratamento de transição. “O terapeuta não se importou com a causalidade nem tentou me fazer sentir confortável em meu próprio corpo. Ele ignorou as preocupações dos meus pais sobre a eficácia dos hormônios, bloqueadores da puberdade e cirurgias”, disse a jovem em um de seus depoimentos públicos.
Mudança de gênero
Chloe passou a usar medicamentos e testosterona aos 13 anos e aos 15 fez a mastectomia dupla (cirurgia para retirada dos seios). “A clínica apresentou aos meus pais a clássica falsa dicotomia em relação às crianças com disforia de gênero: você prefere ter uma filha morta ou um filho vivo?” A afirmação foi de que, deprimida caso a mudança não ocorresse, ela poderia se matar. Chloe conta que, diante disso, seus pais tomaram “uma decisão forçada sob extrema coação”.
Após anos de mudanças em seu corpo, já com mais maturidade, Chloe percebeu o seguinte: “aos 12 anos, uma criança não sabe de fato quem é”.
Por ter voltado a se identificar com o gênero feminino, hoje ela luta contra leis que facilitam o acesso infantil a procedimentos semelhantes aos que foi submetida. Como argumento, ela usa dados que impressionam, como o aumento de 4.000% na quantidade de crianças que, na última década, foram encaminhadas para clínicas especializadas em transição de gênero nos Estados Unidos. Outro dado, este da Universidade da Califórnia, uma das mais prestigiadas do mundo, revela que nos Estados Unidos 20% das pessoas que se identificam como transgênero têm entre 13 e 17 anos, taxa que dobrou nos últimos cinco anos e hoje chega a 300 mil adolescentes.
O que poucos retratam são os índices de arrependimento das transformações realizadas. Um dos raros estudos sobre o tema, elaborado pelo Instituto Fenway e pelo Hospital Geral de Massachusetts, revelou que 13% das pessoas que em algum momento se identificaram com o gênero diferente do biológico decidiram desfazer o procedimento ou “destransicionar”. Os especialistas não são unânimes quanto ao processo de reversão: enquanto alguns afirmam que a alteração não traria prejuízos, outros salientam que os impactos físicos e, principalmente, psicológicos podem se estender por toda a vida.
O tema nas escolas
Chloe teve o primeiro contato com o assunto “mudança de gênero” pela internet. Segundo ela, o apoio recebido nas redes sociais a fez desejar, mesmo que inconscientemente, ter para si um pouco dessa realidade marcada por atenção e incentivo, mas o resultado foi desastroso.
A psicopedagoga Gabriela Souza explica que “a criança é um ser em formação e colocar para ela um tema de compreensão tão complexa pode provocar uma ruptura de tudo o que criança tinha como definido e seguro e quem sabe até trazer para ela insegurança emocional, questionamentos e dúvidas”.
Isso vale, inclusive, para quando o assunto é abordado nas escolas, coisa que parlamentares de esquerda têm defendido, inclusive no Brasil. Gabriela relata que “todos os níveis escolares, inclusive o infantil, estão organizados de maneira sistêmica e evolutiva, acompanhando as capacidades que potencialmente aquele estudante pode alcançar naquela idade. Mas todo conhecimento que a criança adquire vem de algo que ela previamente assimilou. Então, como ensinar ideologia de gênero para uma criança que ainda está em processo de formação cognitiva?”
São os pais que devem abordar o assunto de forma adequada ao desenvolvimento de seus filhos, afinal são quem os conhecem melhor e saberão perceber o momento certo de fazer isso. Aliás, os responsáveis pelas crianças devem estar atentos para que elas não sejam apresentadas ao tema de maneira superficial e tendenciosa, como aconteceu com Chloe. Livros, filmes, desenhos animados, novelas e até brinquedos têm abordado o tema. Quem os produz até diz que defende a inclusão e o combate ao preconceito, mas a verdade é que pouco se preocupa com o bem-estar das crianças, está apenas visando o lucro.
A participação dos pais é de extrema importância para acompanhar o desenvolvimento da criança, verificar o que é ensinado na escola e analisar o entretenimento que elas consomem. Por outro lado, é preciso cobrar das autoridades uma legislação que proteja crianças e adolescentes e não facilite ainda mais o processo de transição de gênero de pessoas que não estão prontas para tomar decisões que impactarão sua vida irreversivelmente. O mínimo que se deve fazer é esperar que essa pessoa se torne adulta e saiba avaliar as consequências de seus atos.
É preciso considerar histórias como a de Chloe para entender os impactos negativos da decisão precoce. Em discurso, ela alertou: “não há segunda chance na infância, então devemos fazer o nosso melhor como adultos para guiar nossos filhos a caminhos que levem a corpos e mentes saudáveis, em vez da depressão e desfiguração”.