A sua vida não precisa terminar para que esta dor acabe
Se você não tem visto mais sentido em sua vida e pensa até em desistir de tudo, entenda como lidar com esses pensamentos e vencê-los definitivamente
A dificuldade de lidar com a depressão, a ansiedade, o transtorno bipolar, a síndrome do pânico e outras doenças psicológicas é grande para milhares de pessoas. Muitas subestimam essas enfermidades e outras tantas não conseguem entender por que elas surgiram ou o motivo para os que são próximos a elas as tenham.
Ao mesmo tempo, existem diversos preconceitos em torno dessas doenças e há quem sofra em silêncio, com medo de admitir que as têm. Quando ficam sem possibilidade de assumir as tarefas mais simples do cotidiano e tentam se isolar do mundo, a sociedade se mostra implacável e as tacha de incapazes, preguiçosas e improdutivas.
Não são poucas as que entram em uma espiral de dor durante vários anos, da qual não conseguem sair, nem buscar ajuda ou, quando o fazem, não alcançam a cura. Por não verem uma solução, a angústia crescente mina sua vontade de viver e elas pensam de forma equivocada que partir deste mundo é a única forma de deixar de ser um peso.
Número crescente de casos
O resultado é que dia a dia o número de suicídios só aumenta e continua sendo uma das principais causas de mortes no mundo. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram dessa forma: de cada 100 mortes, uma foi por suicídio. Entre os jovens de 15 a 29 anos essa foi a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
No Brasil, os números também são elevados. Nas últimas duas décadas, o total de mortes por lesões autoprovocadas (o que inclui o suicídio) duplicou: passou de 7 mil para 14 mil, o que equivale a mais de um óbito por hora, superando os causados por acidentes de moto ou HIV, segundo levantamento recente do Datasus.
Os dados públicos também apontam que a cada 100 mil mulheres 5,4% morrem em razão do suicídio. No caso dos homens, a porcentagem é maior: 12,6%. Já entre policiais militares o crescimento de suicídios foi de 55% entre 2020 e 2021, mostra o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022.
Outro estudo, divulgado no início de julho, realizado em conjunto por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Hospital das Clínicas de São Paulo, Universidade Nacional de Brasília (UnB) e da Universidade do Vale do Sinos (Unisinos), em São Leopoldo (RS), concluiu que o índice de suicídios no Brasil aumentou entre mulheres, idosos e negros durante a pandemia. As maiores taxas foram observadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Só na região Sul, o aumento de casos entre a população negra cresceu 30%.
“Depressão não é frescura”
Não por acaso, neste mês acontece o Setembro Amarelo, campanha nacional para prevenção de suicídio. Criada em 2014 a partir do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, em 10 de setembro, a campanha promove uma série de atividades em parceria com associações e órgãos governamentais para reduzir os números de suicídios.
As campanhas são uma porta para quem busca uma saída. A Universal, por exemplo, também realiza trabalhos permanentes para ajudar a quem sofre com problemas como a depressão e a ansiedade. Para o responsável pelo grupo Depressão Tem Cura (DTC), Pastor Jefferson Garcia, quem pensa em se matar na verdade não quer morrer. “Contudo o mal se aproveita da fraqueza e das debilidades humanas para colocar essas pessoas para baixo. Um relacionamento que acabou, uma separação, brigas na família, desprezo, perdas familiares e abuso sexual provocam a depressão”, avalia.
Para ele, a depressão é como um câncer que vai se espalhando pelo corpo silenciosamente e explica o resultado disso: “quando percebem, essas pessoas já estão sofrendo muito. Diversas relatam que ouvem vozes que falam que tirem a própria vida. É um problema espiritual e da alma que deve ser tratado com seriedade. É muito mais do que algo físico ou emocional. Quando a alma está ferida, o corpo sente. Para que uma pessoa realmente se livre da depressão, ela tem que tratar da alma que, uma vez curada, faz com que a pessoa volte a viver de fato e de verdade”.
Segundo o Pastor, em nenhum momento o suicídio deve ser encarado como solução para qualquer tipo de problema. “A pessoa não vai se livrar da dor porque o problema é da alma e a alma não morre. O que morre é o corpo, mas a alma viverá por toda a eternidade. Quando alguém decide tirar sua vida, seja qual for o motivo, está pecando contra Deus, pois está contrariando totalmente os mandamentos dEle.”
Para quem sofre, o Pastor aconselha que busque ajuda: “a depressão não é frescura, é um problema sério da alma que precisa ser tratado. O grupo Depressão Tem Cura atua em todo o Brasil para ajudar quem sofre. Já são milhares de pessoas que deixaram de ver o mundo em preto e branco e passaram a ver a cor da vida. Quem precisa de auxílio pode nos contatar pelo WhatsApp (11) 3573-3662 ou pelo Instagram @a.depressaotemcura.
“Eu chorava muito pelos cantos e sofria calado”
O motorista de aplicativo Leonardo de Souza Santos, (foto abaixo) de 37 anos, diz que demorou bastante tempo para buscar ajuda. Ele mora no bairro Jardim Noronha, na zona sul da capital paulista, e nasceu em Salvador, na Bahia.
“Minha depressão começou na infância. Eu tinha 3 anos e minha mãe me deu para uma pessoa, mas, um ano depois, essa pessoa faleceu. Fui entregue à minha avó. Cresci sem pai nem mãe. Até hoje não sei quem é meu pai ou se está vivo. Por não ter uma figura paterna para me proteger, cresci sem referência. Eu também sentia um vazio e a falta que ele fazia me trazia muita tristeza.”
Como era distante da mãe, que por ter se mudado para São Paulo o visitava a cada dois ou três anos, ele não conseguia nem sequer chamá-la de mãe. “Eu também tinha síndrome do pânico, passava noites em claro, tinha pesadelos constantes e recorrentes de morte. Por anos, as imagens de velórios que vi na infância me atormentavam. Eu sonhava que caía em um abismo profundo e me faltava o fôlego. Eu acordava como se alguém estivesse apertando a minha garganta. Eu chegava a dar um pulo na cama até conseguir respirar, mas ninguém na minha família sabia de nada.”
Na adolescência, os problemas de Leonardo se intensificaram. “Depois de uma paixão não correspondida, coloquei uma faca contra o peito. Na minha cabeça era uma brincadeira, mas um amigo me impediu na hora. Eu me sentia desvalorizado. Todas as meninas que eu conversava e nem minha mãe me queriam. Eu tinha uma carência e uma revolta tão grandes que decidi fugir para Sergipe quando fizesse 18 anos, mas minha mãe me trouxe para São Paulo. Ela já era da Universal e passei a frequentar a Igreja”.
Ele lembra que na primeira reunião de que participou e viu as pessoas manifestando com espíritos, sentiu seu coração disparar. “Minhas pernas tremeram, fiquei zonzo, mas fui orientado a perdoar tudo em minha vida. Em casa, fui orar e ouvi uma voz maligna dizer: ‘levanta daí’. O quarto estava fechado, eu senti um vento e me arrepiei, mas falei: ‘não vou levantar, pois estou na Presença de Deus’. Eu não falava nada para ninguém, mas para Deus eu falei. Dobrei o joelho e aprendi a orar nesse dia. Foi a minha primeira oração e a primeira noite que dormi em paz”. Leonardo afirma que viveu na solidão a vida toda, sem ter nada, tampouco amor, mas que a partir dali tudo mudou: “quando descobri o amor de Jesus, me entreguei completamente. Fui batizado, fiz jejuns, orei e sete meses depois recebi o Espírito Santo. Não tenho mais complexo de inferioridade e o meu sorriso e a minha alegria se tornaram verdadeiros”.
Ele perdoou tudo o que lhe aconteceu. “Liberando o perdão, já me libertei de muita coisa. Hoje consigo chamar minha mãe de mãe. A depressão é um sentimento que nos mata por dentro, mas, quando Deus entra na nossa vida, Ele preenche todas as lacunas e faz com que a gente não sinta falta de nada. Ele é o mais importante na minha vida”, enfatiza.
“Eu tinha flashes dos abusos que sofri”
A conselheira tutelar Josimary Silva (foto abaixo) tem 44 anos e mora no bairro Grajaú, na zona sul de São Paulo. Ela conta que teve depressão em virtude de abusos que sofreu dos 4 aos 5 anos. “Na época, eu nem entendia o que era e nunca contei nada a ninguém. Minha mãe criou cinco filhos sozinha e quando mudamos do Piauí para cá morávamos em uma casa que não tinha nada. Nós só tínhamos um lençol para nos cobrir. Antes, na época de Natal, sempre recebíamos presentes e daquela vez não ganhamos nada.”
Ela conta que sua mãe hoje é uma pessoa transformada, mas, na época, era muito rígida, nervosa e agressiva. “Eu presenciava os meus irmãos apanhando dela. Na adolescência, eu queria saber quem era o meu pai e, como ela não falava, coloquei na cabeça que eu era fruto de um abuso e passei a odiá-la. Minha mãe relata que eu levantava de madrugada com uma tesoura na mão para matá-la, mas eu não lembro de nada. Eu também tinha flashes dos abusos que sofri e acordava com arranhões no pescoço como se alguém tivesse tentado me sufocar.”
As brigas entre Josimary e sua mãe eram frequentes. “Depois de uma delas, cheguei a passar a faca no meu pescoço e ele ficou marcado. Minha mãe perguntou o que era, eu desconversei e disse que era um arranhão. Eu me vestia de preto, saía para procurar emprego, mas passava o dia no cemitério.” Ela revela o que sentia e o que fazia: “eu não queria mais viver e tentava preencher minha vida com namoros e noitadas. Procurei várias religiões e me afundei mais ainda. Pensei em me matar outras vezes, tentando me jogar de uma ponte. Ouvia uma voz me dizendo: ‘você é um lixo. Sua mãe não gosta de você. Se mata’. Só não me joguei porque uma pessoa passou no local e falou ‘não faça isso’”.
Ela fez três anos de tratamento psicológico, mas não adiantou. Até que viu uma saída: “um dia, vi no programa de TV da Universal o caso de uma pessoa que tinha sofrido abusos e se curou. O pastor lançou um desafio a quem estava sofrendo daquela forma para que fosse à Igreja no dia seguinte e eu fui”.
Ela afirma que ter sido curada daqueles problemas foi uma experiência única. “Na hora da pregação veio uma força e a Palavra já estava fazendo efeito. Deus colocou em mim um amor que eu não recebi antes dos meus pais. Já não importava se minha mãe me amava ou não. Eu sabia que o Senhor Jesus me amava e que Ele era o meu Pai. Eu não precisava saber quem era o meu pai, pois eu tinha o melhor Pai: Jesus”, ressalta.
“Sou a prova de que Deus é real”
Aureliano Pereira do Santos Neto, (foto abaixo) de 27 anos, mora em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo e é professor de matemática e física. “Na infância, meus pais saíam para trabalhar e me deixavam com outras pessoas para que cuidassem de mim. Tinha uma jovem que me torturava com fantoches de mão e eu ficava apavorado, até que uma familiar passou a cuidar de mim, mas ela me estuprava. Na escola, comecei a sofrer racismo e apanhava todo dia. Por causa dessas dificuldades, me tornei o mais atrasado da classe nos estudos.”
Além disso, Aureliano ficava constrangido perto de mulheres e com o decorrer do tempo passou a ter um amigo imaginário chamado Jackson. “Ele me ensinava que toda mulher devia ser estuprada e todo homem devia ser morto. De criança carente passei a ser o que mais estudava e as pessoas tinham dificuldade de lidar e conversar comigo. Com o passar do tempo, me tornei o Jackson: uma espécie de psicopata que também manipulava as pessoas, estudava matemática, física, ocultismo, fazia desenhos de demônios e era viciado em pornografia.”
Quando entrou para a faculdade, Aureliano começou a trabalhar com shows para milhares de pessoas que misturavam ciência e humor. “Eu me tornei arrogante e orgulhoso. As pessoas me aplaudiam, eu ganhava dinheiro e pensava: ‘eu sou o melhor’, mas isso não passava de aparência. Até que fiz uma piada equivocada e acabaram com meu show. Tranquei o meu curso. Eu já tinha sinais de depressão, chorava sem motivo e ficava preso em meu quarto, até que misturei 45 comprimidos de ansiolíticos com antipsicóticos.”
Ele conta que tomou aquela mistura porque queria acabar com a dor que sentia. “Fiquei desacordado por 17 horas e acordei com ódio de ainda estar vivo. Fui internado para tratamento psiquiátrico em uma clínica e passava o tempo todo dopado. Quando saí, depois de um tempo, minha namorada terminou comigo. Comprei uma garrafa de vodca, tomei 100 comprimidos antipsicóticos com a bebida e apaguei antes de terminá-la. Minha família me encontrou e me levou ao hospital. Fiquei três dias em coma.”
Assim que teve alta, Aureliano começou a descontar todas as frustrações na comida e em menos de um ano passou de 72 a 110 quilos. “Meu corpo passou a definhar, comecei a usar bengala para caminhar e não saía mais de casa, até que fui convidado para ir à Universal. Eu sempre achava as pessoas inferiores a mim e questionei o pastor sobre a existência de Deus, até que ele falou que a fé é a certeza das coisas que não se veem. Isso me incomodou e comecei a me interessar e a ‘devorar’ os Evangelhos. Assim, aprendi a usar os remédios de Deus até ter paz”.
Em outubro de 2021, ele entendeu que precisava da Presença de Deus. “Eu era o cara que buscava as respostas somente na ciência. Quando conheci a Deus, quebrei o meu orgulho, refiz tudo dentro de mim e Deus me curou. Sou a prova de que Ele é real. Depois de tudo que passei, não era para eu estar aqui, mas a Palavra de Deus se cumpriu. A morte não é o caminho. A única solução para os nossos problemas é o Senhor Jesus”, conclui.
Enfrente o problema
Em seu blog, o Bispo Edir Macedo, ao falar do suicídio, afirmou que não se resolve um problema fugindo dele. “Se você está passando por alguma situação que tem custado a sua paz e pensamentos sobre dar cabo da sua vida o atormentam, então busque a Deus. Há uma solução! Aí mesmo, onde você está, Deus está pronto para entrar em ação e acabar com esse sofrimento, mas Ele só poderá fazê-lo com a sua permissão. Basta convidá-Lo agora mesmo. E, se Ele existe, como temos crido, Sua resposta ao seu clamor será imediata.”
Não deixe de participar também do evento Vida a Cores, que acontece no próximo domingo, dia 11 de setembro, no Templo de Salomão e em todas as igrejas Universal, a partir das 14h30. Saiba mais no Instagram @eventovidaacores.