O que acontece na Nicarágua serve de alerta para o Brasil
A perseguição religiosa no país se multiplica assustadoramente
Na Nicarágua, país membro da América Latina, uma crise política tem causado severa opressão e perseguição aos cristãos que vivem nesta nação. Cada vez cresce mais o número de igrejas cristãs sendo fechadas, com seus líderes presos, ameaçados e vigiados.
O que você precisa saber:
- A Nicarágua está incluída na 61ª posição na Lista de Países em Observação de 2022 por apresentar um contexto de forte opressão aos cristãos.
- Desde 2018, o governo esquerdista da Nicarágua, comandado pelo presidente Daniel Ortega, realiza prisões e proibições de eventos cristãos, com a alegação de estarem desestabilizando o Estado.
- O presidente Daniel Ortega está há 20 anos no poder, ocasionado por mudanças constitucionais antidemocráticas que permitiram reeleições consecutivas.
- A perseguição religiosa no país se multiplica assustadoramente. De acordo com informações da BBC, uma pesquisa realizada pela Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, na sigla em inglês) e publicada em julho, revelou que a Igreja Católica na Nicarágua sofreu mais de 190 ataques e profanações em menos de quatro anos. Ainda, recentemente, o bispo dom Rolando Álvarez foi preso sob a alegação de “recuperar a normalidade da cidadania e das famílias de Matagalpa”, a cidade-sede da diocese.
- Depois da realização de protestos contra as decisões do governo com relação aos cristãos, em 2018, vários pastores também passaram a ser fortemente vigiados e receberam restrições de deslocamento dentro e fora do país.
- De acordo com a instituição Portas Abertas, que monitora a perseguição contra cristãos em todo o mundo, foram registrados casos de invasão e violência na casa de pastores. Além de famílias terem sido muito afetadas pelas falsas denúncias que pretendem limitar a liberdade dos pastores.
- Até o momento, 22 líderes cristãos foram presos desde 2021. Todos estavam ministrando os cultos no momento da detenção e não tiveram direito a julgamento. Um líder cristão foi sequestrado e está desaparecido desde a semana passada e 12 cristãos foram agredidos fisicamente por causa da perseguição.
Ameaça de novas leis mais severas:
- Recentemente, foi aprovado pelo governo do país, leis que impactam as ONGs e centros de educação. Diante disso, várias instituições cristãs foram interditadas por causa dessa lei.
- Além disso, o Estado também aumentou a pressão contra os “inimigos do governo”. Ainda com informações da Portas Abertas, Ortega e sua esposa, Rosário Murillo, que ocupa o cargo de vice-presidente há dois mandatos, suspeitam de todas as pessoas ou organizações vinculadas aos protestos de 2018.
- Universidades, ONGs e outras instituições que manifestaram algum tipo de insatisfação com as medidas políticas do casal foram fechadas.
- “As mudanças estão acontecendo rapidamente por causa das entidades do governo que têm sido enviadas pelo presidente para executar leis que penalizam e prendem pessoas suspeitas de oposição. ONGs cristãs que funcionavam há anos no país foram fechadas e as igrejas enfrentam o desafio de manter os documentos atualizados, pois qualquer deslize resulta na igreja fechada e suspensão dos cultos”, afirmou um pastor local.
O que analisar:
Diante de eleições próximas, os brasileiros devem ficar em alerta e se atentar a quem dará o seu voto de confiança para governar a nação. Pois a realidade vivida nos países vizinhos mostra a necessidade de avaliar o caminho a seguir ao escolher quem serão seus representantes, principalmente aquele que tem mais poder, a saber: o presidente da
República. Desta forma, é importante lembrar que este terá em mãos a capacidade de sancionar ou vetar leis que interferem no cotidiano de todos os cidadãos, inclusive os cristãos.
Em nota, a Unigrejas (União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos) apontou que esse tipo de governo autoritário e ditatorial é uma tendência no mundo, inclusive na América Latina.
Ainda em artigo publicado na Gazeta do Povo, os advogados e especialistas em Liberdade Religiosa, Thiago Vieira e Jean Regina apontaram que o que garante a estrutura do Estado e da democracia é justamente a liberdade religiosa.
“Se as pessoas tiverem assegurados os seus direitos de crer, não crer e de viverem suas vidas conforme suas crenças e dogmas, o princípio basilar da dignidade da pessoa humana estará entronizado (…). Quando o crédulo e o incréu podem viver suas vidas nos moldes de suas consciências, eles estudam, empreendem e trabalham com mais afinco e participam da vida da cidade com maior interesse. Por outro lado, quando são perseguidos por suas escolhas de consciência, vivem retraídos, com medo de serem ‘descobertos’. O impacto em sua dignidade é óbvio. A cidadania deixa de ser efetiva, pois ser cidadão é ser livre, ter acesso ao trabalho e ter a possibilidade de escolher seus representantes e governantes”, alertaram.
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