Mães que disseram ter seus filhos roubados para adoções ilegais na Universal serão investigadas
Uma delas já confessou ter mentido durante reportagens exibidas pela TVI. Jornalista que fez as denúncias caluniosas também será processada
Em maio deste ano, o Ministério Público de Portugal arquivou o inquérito que investigava supostas adoções ilegais, envolvendo Bispos e Pastores da Universal durante a década de 1990. A investigação começou após uma série de reportagens exibidas pela emissora de televisão, TVI.
Contudo, a farsa exibida em 2017, articulada pelo ex-Bispo da Universal, Alfredo Paulo, continua percorrendo o judiciário português.
Desta vez, o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), do Ministério Público do país, abriu um inquérito para investigar duas mães biológicas que foram fontes para as matérias exibidas pela emissora. Fatima e Ana Mafalda agora serão investigadas pelo crime de falsas declarações.
Durante a série de reportagens, Fatima e Ana Mafalda fizeram declarações contra a Universal. Fatima afirmava que seus filhos tinham sido roubados para adoções ilegais, no lar mantido pela Universal, em 1990. Ela relatava categoricamente não ter assinado qualquer papel que viabilizasse as adoções. Afirmando, então, que os papéis apresentados na defesa não passavam de falsificações.
Todavia, o Laboratório de Polícia Científica Judiciária realizou perícias nos documentos, comparando as assinaturas com a caligrafia das mães e chegou à conclusão de que seja muito provável que a assinatura seja realmente de Fatima.
Ana Mafalda, por sua vez, também teve sua farsa revelada. A polícia científica foi ainda mais incisiva ao declarar ser muitíssimo provável que as assinaturas presentes nos documentos sejam de Ana.
Mentiras e mais mentiras
Nas reportagens, Fatima afirmava não ter assinado nenhum documento para liberação de seus filhos para adoção. Contudo, no início deste ano, ela decidiu contar a verdade.
Ela esclareceu que suas declarações mentirosas foram todas instruídas pela jornalista Alexandra Borges, da TVI. Tanto na reportagem quanto em qualquer ação judicial, Fatima teria que afirmar não ter dado autorização para adoção.
Além disso, a jornalista, com fome de emplacar uma grande reportagem, mesmo se tratando de uma tremenda fake news, ainda disse à mãe que poderia ajudá-la a restabelecer contato com os filhos. Para isso, a mãe deveria ajudar, incondicionalmente, o trabalho da jornalista.
A verdade, no entanto, apareceu. Em entrevista ao jornal português Expresso, Fatima declarou ter confessado suas mentiras às autoridades. “Fartei-me, cansei-me de mentir. Houve um dia que fui chamada ao tribunal, cheguei lá e contei tudo. Na televisão, disse que aquela não era a minha assinatura, que alguém a tinha falsificado, mas eu olho e é igualzinha a minha”, disse Fatima ao jornal.
Ademais, ela ainda afirmou não se recordar de ter assinado os papéis. “Eu assumo que estava agarrada à droga, e na prostituição para pagar o vício, e que nem sequer me lembro de ter assinado os papéis em que dei meus filhos”.
Jornalista da TVI responde por denúncia caluniosa
O caso apresentado pela TVI deu origem a dezenas de processos. A maioria em curso. Todavia, o mais importante, que investigava uma suposta rede de adoções ilegais na Universal, foi arquivado pelo Ministério Público.
Mais uma vez, as mentiras de Alfredo Paulo são desmascaradas. O ex-bispo da Universal, desligado da instituição por má conduta, foi exposto ao ridículo. A maldade e o desrespeito contra uma instituição que, há mais de 40 anos, tem se dedicado à pregação do evangelho e feito um trabalho social por mais de 100 países, não prevaleceram.
A Universal também já processou a TVI e deve avançar com uma queixa contra a jornalista Alexandra Borges (foto ao lado). Uma emissora com mais de 20 anos já deveria saber que não se deve brincar com a reputação de ninguém. Seja uma instituição ou um cidadão comum.
O que mais impressiona é que, sem titubear, uma emissora tenha feito falsas denúncias sem, ao menos, se inteirar dos fatos reais. O jornalismo é uma das profissões mais importantes para a sociedade. Contudo, ele, que tem a função de informar a população, tem sido ridicularizado por situações como esta.
Exibir uma série de mentiras é uma forma de subestimar a inteligência de quem o assiste. Espera-se que com tantos processos e arquivamentos, em que a verdade sempre é exposta, a emissora e todas as pessoas envolvidas aprendam que não se deve brincar com a reputação de uma instituição e, sobretudo, achar que a justiça deixará que passem impunes.
Assista abaixo o vídeo completo da reportagem, transmitido pela rede de TV SIC: