1977: o ano em que tudo começou

As adversidades do contexto político e econômico da época não impediram que a Universal viesse à existência

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A Igreja Universal do Reino de Deus foi fundada em 9 de julho de 1977, numa manhã de sábado (para saber mais sobre essa história, clique aqui). Aquele foi o momento escolhido para a inauguração das reuniões no antigo galpão da famosa funerária localizada na Avenida Suburbana, nº 7.248, no bairro da Abolição, na capital do Rio de Janeiro.

No primeiro volume de sua biografia “Nada a Perder”, o bispo Edir Macedo relembra aquele momento especial: “Carros estacionavam, vaivém de pedestres nas calçadas, ônibus desembarcando gente nos pontos mais próximos. Era o primeiro culto da Igreja Universal do Reino de Deus. Acordei cedo, coloquei meu melhor terno, organizei a Bíblia e parti para primeira reunião do meu novo ministério. Estava eufórico e feliz. Deus havia atendido minhas súplicas. O culto foi de libertação, curas e pregação dos ensinamentos para a conquista da Vida Eterna.”

Apesar de ser um período feliz para um trabalho espiritual que transformaria, 40 anos mais tarde, a vida de pessoas nos cinco continentes do Planeta, para o contexto brasileiro foi uma época de certa instabilidade social.

Política

O Brasil ainda vivia o Governo dos militares, iniciado em 1964, que tinha como presidente, naquele momento, o general Ernesto Geisel. Apesar de trazer consigo o contexto de centralização do poder, Geisel havia anunciado uma lenta e conservadora abertura política. Ao mesmo tempo, a oposição, o partido MDB, começava a crescer entre a população. Em seu livro “História do Brasil”, o historiador e cientista político Boris Fausto esclarece que naquele período houve um constante desentendimento entre o Governo e a oposição, sendo que por meio de avanços e recuos a abertura política foi acontecendo. Além disso, movimentos sociais, principalmente os que provinham do sindicalismo, começaram a se desenvolver, gerando uma certa agitação social.

Economia

Em 1973, a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) aumentou o preço dos barris desse produto. A medida foi uma espécie de represália dos países árabes, maioria entre os membros da OPEP, contra os Estados Unidos (EUA) que havia apoiado Israel na guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). Isso afetou, consequentemente, o preço dos combustíveis, que ficaram mais caros.

Essa decisão da OPEP promoveu uma crise mundial. O Brasil, por outro lado, naquele momento inicial, vivia o que ficou conhecido como “Milagre Econômico”, que representava uma economia forte. Porém, essa situação positiva não resistiu por muito tempo e na segunda metade da década de 1970 o País sentiu os efeitos da crise. Em 1977, a inflação acumulada chegou a 46,27%. Ainda como observa Fausto em seu livro sobre o Brasil, basicamente, a busca nacional por autossuficiência, o endividamento em moeda estrangeira e um cenário internacional desfavorável criaram uma economia fraca.

Atitude de fé

Apesar do contexto brasileiro da década de 1970 não favorecer a um empreendimento arriscado – como foi a fundação da Igreja Universal -, o bispo Macedo focava-se apenas no trabalho evangelístico que deveria ser desenvolvido a partir daquele momento.

Quando o imóvel daquela antiga funerária foi encontrado, o bispo relembra, no primeiro volume de “Nada a Perder”, que ganhou um voto de confiança de Eugênia Macedo Bezerra, sua mãe, que colocou como garantia, no contrato de aluguel do imóvel, o único apartamento que tinha.

“Com o aluguel firmado, passaria a dedicar meu tempo integralmente à nova Igreja. Estava definido, enfim, a pedir demissão. Era preciso, no entanto, renunciar a um salário razoável e à estabilidade de 16 anos de funcionalismo público. Para famílias humildes como a nossa, o trabalho de servidor do Estado representava a garantia de uma vida livre do fantasma do desemprego. Comecei de baixo. Galguei degrau por degrau, de contínuo até o posto de chefe da tesouraria. Essa carreira me garantiu benefícios como maior tempo de férias, constantes licenças-prêmio e aumentos salariais periódicos. Ganhei do Estado um diploma de bons serviços prestados quando completei dez anos de loteria. Mas, como determinei a Deus, dois anos antes, no dia do nascimento de Viviane, eu finalmente largaria tudo para pregar o Evangelho. Os socos de raiva na cama tinham materializado minha revolta de fé”, recorda o bispo.

Por meio de um trecho do segundo volume de “Nada a Perder”, é possível compreender a visão do bispo Macedo sobre essa maravilhosa obra ainda na época da antiga funerária, em que ele afirmou para os pastores: “Essa é a Igreja Universal. Hoje somos um pontinho, mas amanhã seremos esse grande círculo. Vocês podem acreditar nas minhas palavras. Isso vai acontecer! (…) Assim como aconteceu na história da aquisição de emissoras de televisão e rádio, a expansão fora do comum da Igreja Universal do Reino de Deus pelo Brasil e o mundo foi determinada quando sequer havia 20 pessoas no coreto ou nos cultos da antiga funerária.”

É interessante notar que essa perspectiva ainda é ensinada nos encontros da Universal, nos dias de hoje. Não devemos nos focar em crises econômicas e cenários externos desanimadores, mas, sim, devemos nos entregar para Deus, porque nada é maior do que o poder dEle.

“Eu buscava transmitir isso para todos ao meu redor, de maneira clara e enfática. Era essa fé que tinha me feito renunciar, contra tudo e contra todos, à segurança e aos benefícios de um emprego público para me dedicar ao altar. Que havia me feito vencer o derrotismo em outras denominações evangélicas, cujos líderes não acreditavam em mim. Que havia me feito vencer a doença em Viviane, minha filha tão querida. Que havia me feito ultrapassar os limites do coreto e encontrar uma antiga funerária. Que havia me conduzido a um encontro com Deus ao batismo com o Espírito Santo. À paixão pelas almas a um novo sentido de vida. Que havia me feito chegar onde nunca havia chegado. Eu não tinha nada a perder”, conclui em sua biografia.

Universal: 40 anos

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Colaborador

Por Daniel Cruz / Fotos: Reprodução