A ansiedade é uma questão de saúde mental e financeira
Em seu livro Mentes Ansiosas, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva afirma que a ansiedade é inerente a todo ser humano, pois faz parte do nosso mecanismo de sobrevivência, como o medo. Porém, além desse aspecto inato à nossa natureza, ela enfatiza que podemos desenvolver outro tipo de ansiedade, por conta dos “valores culturais aos quais somos submetidos desde muito cedo”.
Essa segunda condição, além de não contribuir para nossa autoproteção, pode acarretar uma série de problemas de ordem psicossomática, física, química, psicológica e até mesmo financeira.
Em outro best-seller da autora, Mentes Consumistas, ela afirma que “nunca antes na história da Humanidade, os seres humanos tiveram tanto acesso a bens materiais. Nunca também tivemos tantas pessoas insatisfeitas, ansiosas e compulsivas por comida, drogas, compras, jogos, sexo, etc.”
Entre as mais variadas compulsões, a oniomania, ou transtorno de compra compulsiva (TCC), talvez seja a mais difícil de ser reconhecida como algo que precisa de tratamento, pois nossa sociedade incentiva e até glamouriza o ato de comprar.
A ansiedade, porém, é extremamente nociva para as finanças quando move as pessoas a comprarem pela emoção para aliviar suas preocupações e irritabilidade constantes, ainda que adquiram coisas que não possam pagar.
Como destaca Ana Beatriz, a causa desse tipo de ansiedade são os “valores culturais” que permeiam o mundo moderno, os quais são constantemente potencializados pela publicidade que, por sua vez, investe pesado em provocar ainda mais esse comportamento com frases como “é só hoje!”, “a hora é agora!”, “você merece!”, “você não pode perder!”, “parcelinhas que cabem no seu bolso” e por aí vai.
Embora as lojas façam liquidações todos os dias e saibamos que ninguém perderá nada ao deixar de comprar coisas desnecessárias e que não há mais lugar para “parcelinhas” no bolso de milhões de brasileiros, a publicidade convence muita gente a gastar o que não tem em coisas de que não precisa.
A ansiedade é capaz de neutralizar o raciocínio, fazer as pessoas agirem feito crianças e acreditarem que comprar é nada mais do que passar um cartão, como se a fatura jamais fosse entregue.
É preciso revermos nosso conceito de consumo e que venhamos a agir de modo mais racional em relação ao nosso próprio dinheiro, sem permitir que as emoções sejam gatilhos para nossas ações.
Nesta época de alto consumo, reflita antes de gastar valores que podem fazer falta futuramente. Quando estiver diante de uma vitrine, raciocine, pese prós e contras e não se deixe levar pelos sentimentos. O seu bolso vai agradecer.