A mágoa pode abrir as portas para o mal

Ressentimentos acumulados desde a infância levaram Kelly Cavalvante a ouvir vozes e a viver perturbada. Saiba como ela extirpou o mal de sua vida

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A mágoa e a ira podem ser a porta de entrada para graves problemas espirituais, como alerta o livro Efésios (4. 26-27): “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Entretanto nem todos conhecem a Palavra de Deus para se proteger contra os desígnios do mal.

Durante toda a sua infância e parte da adolescência, a alagoana Kelly Cavalcante nutriu amargura em seu coração. Ela foi abandonada pelos pais nos primeiros anos de vida. “Eles se separaram e me desprezaram.Minha mãe não quis cuidar de mim. Eu cheguei a ouvir, quando era pequena, que seria colocada em um orfanato. Fui morar com a minha avó e ela me criou. Com a rejeição, eu guardei comigo a mágoa e sempre tinha pensamentos de que ninguém teve amor por mim”, lembra.

Afastada dos pais, Kelly passou a dar atenção aos pensamentos negativos que rondavam sua cabeça. Sem nenhum freio, a mágoa e o ressentimento foram crescendo aos poucos. A perturbação se tornou cada vez mais real. “Eu comecei a ver vultos e a ouvir vozes que chamavam o meu nome. Cheguei a abrir a porta de casa algumas vezes pensando que era alguém, mas nunca tinha ninguém. Eram os demônios”, acredita. “No início eu tinha medo, mas depois aquilo começou a ser algo normal.”

Confusa, Kelly acrescenta que passou a sentir um profundo vazio. Ela sabia que faltava algo em sua vida. “Eu tentei preencher o vazio com amizades, com bebidas alcoólicas e com entretenimento, mas continuava sempre no mesmo ponto”, detalha.

A situação de Kelly ficou pior quando ela passou a dar ouvidos a um pensamento ainda mais perigoso: “comecei a pensar em tirar minha própria vida e essa ideia de suicídio sempre voltava. Às vezes, eu pegava uma faca, mas comecei a ouvir um pensamento de que aquilo não era certo. Acho que foi Deus falando comigo.”

Apesar de não concretizar suas ideias mais aterradoras, Kelly começou a se isolar cada vez mais da avó e dos familiares. “Eu era uma pessoa desmotivada e minha vida estava estagnada. Achava que nada iria dar certo.”

Convite
Em 2012, Kelly recebeu um convite inusitado: “um obreiro da Universal me convidou para uma reunião. Eu nunca tinha ouvido falar da Igreja e ele não conhecia os meus problemas.”

Ela não sabia o que esperar quando cruzou pela primeira vez as portas das Universal. Kelly começava a traçar um novo rumo para a sua história. “Naquele dia, eu senti uma paz que nunca tinha sentido. Tive a certeza de que Deus resolveria meus problemas.”

Ela conta que a primeira boa impressão lhe deu forças para buscar uma mudança. “Decidi me dedicar às reuniões de libertação. No início, foi difícil e cheguei a pensar em desistir e largar a fé. Minha avó não aceitava que eu fosse à Igreja e ela até trancava a porta para que eu não saísse.”

Libertação
Kelly revela que teve uma experiência inesquecível em 2013: “na época, eu já fazia evangelização, levava pessoas à Igreja, mas ainda não tinha passado por uma mudança completa. Então comecei a buscar o Espírito Santo. Até que em um domingo de manhã eu ouvi o rádio e, quando o Bispo Macedo determinou o batismo com o Espírito Santo, eu fui preenchida. Lembro que, quando abri os olhos, era como se eu estivesse em outro mundo. Minha maneira de pensar mudou e tive a sensação de que meu coração tinha mudado”, diz.

Desde aquele dia, as vozes e os vultos cessaram. Kelly se sentiu livre e tomou algumas atitudes para eliminar de vez o mal que a acompanhava: “eu perdoei meus pais, me reaproximei deles e me livrei dos ressentimentos. Tirei um peso de mim. Hoje tenho amor por eles e não guardo nenhuma mágoa.”

Kelly, por fim, tinha descoberto os caminhos da Palavra de Deus. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.” (Hebreus 12.14-15). Ao extirpar as raízes da amargura, ela conseguiu fechar as portas para o mal. No mesmo ano, Kelly se tornou obreira e tem se dedicado a levar os ensinamentos bíblicos a outras pessoas. “A libertação mudou a minha vida”, garante a jovem, que tem 23 anos.

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Colaborador

Rê Campbell / Foto: Getty images e cedida