A mentira é uma das maiores injustiças que se pode cometer em relação a alguém, mas, principalmente, contra si mesmo. Mesmo se a pessoa desmentir, o estrago já terá sido feito. Esse pensamento explica bem o que quatro atletas norte-americanos causaram durante os Jogos Olímpicos no Brasil.

O nadador Ryan Lochte (foto ao lado) e mais três companheiros da equipe de natação dos Estados Unidos – James Feigen, Gunnar Bentz e Jack Conger – saíram de uma festa na madrugada do dia 14 de agosto e pegaram um táxi rumo à Vila dos Atletas, na Barra da Tijuca. Segundo eles, ainda no carro, foram assaltados por homens armados que se identificaram como policiais, e que teriam exigido dinheiro e outros pertences pessoais deles.

Poucos dias depois, porém, após investigação policial e testemunhos conflitantes de cada um dos atletas, foi descoberto que a história fora inventada para encobrir uma confusão na qual eles haviam se envolvido naquela madrugada, num posto de gasolina, com atos de vandalismo no local.

“Você é a sua palavra”

Os nadadores mentiram para encobrir uma situação inconveniente que eles mesmos haviam criado.

Para o escritor e apresentador Renato Cardoso, a mentira é como um sintoma de algo que não deveria estar sendo feito. “Se você precisa dar uma escapada para fazê-lo, depois mentir sobre o que estava fazendo, apagar os rastros para ninguém descobrir e treme só de pensar se alguém um dia souber, é porque você não deveria estar fazendo aquilo. Acorde”, escreveu Renato, recentemente, em postagem na sua página do Facebook.

A mentira é um prego martelado na consciência, pois ela sempre deixa suspeitas, rastros e inquietação para quem mentiu. Então, por que tentar enganar o outro quando se pode dizer a verdade?

“A palavra como promessa, como garantia, é uma característica principal de uma pessoa. A sua palavra mostra quem você é. Você é a sua palavra. Ser de palavra é ser de caráter. A palavra mostra o caráter, o tipo de pessoa que você é. Quando eu honro a minha palavra, eu honro a quem eu a prometi”, comentou também Renato Cardoso, no blog dele.

Assuma o seu erro

O prejuízo para o nadador Ryan Lochte após a verdade vir à tona já é de 1 milhão de dólares (mais de 3 milhões de reais) em perda de patrocínio. Contudo, a maior perda dele não foi monetária, mas sim de credibilidade pessoal e profissional.

Uma semana depois do ocorrido, o atleta pediu desculpas públicas pelo episódio ocorrido durante a Olimpíada na cidade do Rio de Janeiro. Ele disse estar envergonhado, arrependido, assumiu ter exagerado na versão que contou em depoimento à polícia brasileira e admitiu que poderia ter sido “mais cuidadoso e sincero”.

Para Renato Cardoso, a melhor opção sempre é dizer a verdade, mesmo que isso seja muito difícil, humilhante e até assustador. “Se sangra o seu orgulho, isso faz bem para você. Dizer ‘eu estava errado’ pode na verdade até melhorar a sua reputação. Hoje em dia, as pessoas preferem sinceridade e honestidade a perfeição”, afirma ele.

Mesmo que as pessoas demorem a voltar a crer em você, o mais importante é você assumir o seu erro e entender as consequências dele, para também não correr mais o risco de repeti-lo.

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