Ajuda chega à comunidade surda
Voluntários utilizam máscaras especiais para conseguir dialogar em Libras com deficientes auditivos
Presente em 14 Estados brasileiros, o programa social EVG Libras – mantido pela Igreja Universal do Reino de Deus – presta assistência à comunidade surda e aos seus familiares. Desde o início da pandemia, os voluntários intensificaram o trabalho de amparo social e emocional a esse segmento que, com o isolamento, ficou ainda mais excluído da sociedade.
A voluntária Tuane Tercio conta que o programa social tem recebido diversos pedidos de ajuda de pessoas da comunidade surda que foram afetadas. “Lembro de um homem surdo, pai de dois filhos pequenos, com o aluguel atrasado, sem emprego e sem ter como alimentar os filhos. Ficamos sabendo da situação dele e levamos cestas básicas para a família, além de uma palavra de ânimo e esperança.”
O surdo oralizado Antônio César, de 47 anos, relatou que em março teve um acidente vascular cerebral (AVC). Com a determinação para ficar em casa em razão da pandemia, a situação ficou ainda mais difícil. “Eu fui vendo que a comida de casa foi acabando. O que eu ia fazer? Fiquei muito preocupado, porque, na situação que eu estava, não tinha o que fazer”, afirmou.
“Quando os voluntários do EVG Libras souberam da minha situação, eles entraram em contato comigo e me ajudaram. Eles trouxeram cesta básica e eu fiquei muito feliz, porque estava com a geladeira e o armário vazios, mas a ajuda chegou até mim.”
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, existem cerca de 10 milhões de surdos, o que equivale a 5% da população.
A EVG Libras tem atendido aos pedidos de ajuda da comunidade surda nos Estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Fortaleza, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Libras com máscara
Recentemente, o EVG Libras visitou o bairro Terra Firme, em Belém do Pará, para doar cestas básicas a famílias nas quais algum integrante é deficiente auditivo.
Os voluntários intérpretes de Libras, que é a Língua Brasileira de Sinais, fizeram as visitas utilizando máscaras inclusivas – com visor transparente na altura dos lábios – para conseguir se comunicar com os surdos.
Com a obrigatoriedade do uso de máscaras para prevenção do novo coronavírus, a comunicação foi muito afetada, já que as máscaras usadas cobrem a boca, impedindo leitura labial e a interpretação das reações.
“Esse trabalho é essencial, pois não existem muitos intérpretes. O EVG Libras promove a inclusão social e sempre busca capacitar novos voluntários para atender essa necessidade”, explica o responsável pela ação, Maurício Carraro.