“Além dos vícios, eu enfrentava a depressão e ouvia vozes”

Maria Eliene Ferreira passou 24 anos envolvida com as drogas e as usou até durante a gravidez. Depois do assassinato de um amigo por criminosos, ela finalmente decidiu mudar de vida

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A copeira Maria Eliene Ferreira, de 53 anos, conta que durante a infância recebeu muito amor, carinho e apoio. Na juventude, porém, ela conheceu pessoas que a estimularam a ter “comportamentos errados”, contrários aos que ela aprendia em casa. “Aos 15 anos, eu me mudei para Belo Horizonte e pensei que tudo seria melhor, mas foi o início do meu declínio. Passei a usar bebidas alcoólicas e conheci as drogas. Comecei com a maconha”, diz.

O que era para ser apenas “diversão” logo se tornou uma necessidade diária: “usei quase todos os tipos de entorpecentes na tentativa de preencher um vazio grande que sentia na minha alma, inclusive cocaína e cogumelo alucinógeno”.

Aos 16 anos, Maria Eliene se envolveu com um traficante. Ela tinha a expectativa de ser amada, mas era desprezada pelo parceiro. “Ele tinha várias mulheres e o relacionamento era abusivo. Ele fazia constantes ameaças, caso eu o deixasse. Tudo piorou quando eu engravidei”, recorda.
Maria Eliene ressalta que, apesar de ter um filho em seu ventre, continuou a consumir substâncias químicas, pois tentava fugir da sua realidade e dos problemas internos que enfrentava. “Além dos vícios, eu enfrentava a depressão, ouvia vozes me chamando e via vultos. Meus dias eram angustiantes, principalmente quando a noite chegava, quando eu era tomada pela insônia”, relata.

Para ela, os vícios não roubaram apenas sua paz e sua alegria, mas também seu filho, que morreu com um ano de vida, vítima de uma infecção bacteriana.

“Tribunal do crime”
O tempo passou e ela continuou usando drogas, até que um de seus amigos foi assassinado pelo chamado “tribunal do crime”, que é uma espécie de rito em que membros do crime organizado julgam desafetos ou pessoas que descumprem regras da organização. “Eu tinha muito vínculo com meu amigo e ver que seu fim foi daquela forma me deixou desesperada. Eu passei a ‘vê-lo’ depois de sua morte. O acontecimento me perturbou, pois entendi que aquele também poderia ser meu fim”, explica.

Desesperada com a morte do amigo, após quase 24 anos de uso contínuo de drogas, ela aceitou o convite de uma tia para ir à Universal, pois não aguentava mais viver naquela situação. “Cheguei à igreja com vergonha, pois não estava com roupas adequadas, mas, ainda assim, fui muito bem recebida. Após a primeira reunião eu já percebi a diferença. Era como se tivessem tirado um fardo de cima de mim”, revela.

Ela conta que passou a ter noites de sono tranquilo. Ao entregar sua vida a Deus, Maria Eliene se libertou dos vícios, dos medos e do vazio interno. “Com essa decisão, eu recebi o Espírito Santo, que transformou completamente meu interior e minha vida. Hoje sou casada e tenho uma família abençoada, paz e alegria. Agora, uso o meu passado para mostrar o poder de transformação de Deus”, conclui.

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Colaborador

Camila Teodoro / Foto: Cedidas