Alimentos ultraprocessados: veneno em forma de comida
Eles são responsáveis pelo aumento dos índices de colesterol, diabetes e hipertensão. Saiba como associar agilidade e comida saudável
As principais causas de morte no Brasil e no mundo são as doenças cardiovasculares e a chance de desenvolver uma delas aumenta em razão dos níveis de colesterol no sangue. Estar com o “colesterol alto” signifiva, justamente, ter grande quantidade de gordura na corrente sanguínea. E o resultado do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (2020), realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revelou que o consumo de alimentos ultraprocessados está diretamente associado ao excesso de gordura no sangue, além da hipertensão arterial.
Os alimentos ultraprocessados envolvem diversas etapas de processamento pela indústria, com pouco ou nenhum ingrediente natural, excesso de gordura, sal e conservantes. “O produto fica na prateleira por meses, por isso contém muitas substâncias para mantê-lo adequado para o consumo por mais tempo. Ele atrapalha a saúde e afeta inclusive as bactérias boas, presentes na flora intestinal”, explica a nutricionista Hellen Spessato.
Ultraprocessados viciam?
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Yale (Estados Unidos) afirma que sim. “Eles desregulam nossa sensação de saciedade, porque a gordura presente não gera satisfação; ela cria a vontade de comer ainda mais”, explica a nutricionista Tassiana Rozon.
Hellen Spessato acrescenta que os alimentos podem ser vistos como uma fonte de prazer, por ativarem o sistema de recompensa no cérebro: “há a questão do hábito de se premiar com doses, por exemplo. Mas a indústria também inclui ingredientes que realçam o sabor dos alimentos, como a gordura trans”.
Assim, ultraprocessados são hiperpalatáveis, ou seja: desenvolvidos para gerar uma reação muito forte no paladar. O consumo desses alimentos em excesso pode inflamar as papilas gustativas da língua, fazendo o organismo deixar de reconhecer sabores “menos potentes”.
Por isso, quando a pessoa ingere frutas ou legumes, acha que “não têm gosto”. Na verdade, o paladar dela é que está viciado em ultrassensações.
Esses alimentos são tão perigosos que “na última revisão do Guia Alimentar (2020), foram proibidos para crianças com menos de três anos. Isso porque podem prejudicar o desenvolvimento”, diz Tassiana. A grande quantidade de calorias nos ultraprocessados pode gerar obesidade, diabetes e outras doenças já na infância.
É “fitness” mesmo?
Com o crescente interesse em produtos “fitness”, a indústria passou a oferecer opções que parecem boas, mas não são. Ou opções que são diferentes, mas não são melhores. “Ninguém explica o que muda no alimento. A pessoa olha e acredita que pode comer a vontade, sem saber que o produto continua com a mesma fórmula industrializada”, relata Hellen Spessato.