Amor, amor meu, existe alguém mais amável do que eu?
Amar é o maior de todos os Mandamentos que encontramos nas Sagradas Escrituras, mas o desequilíbrio de muitas pessoas faz com que o amor seja justamente a razão do abismo entre elas e Deus
A mitologia grega conta que Narciso tinha uma beleza tão exuberante que, ao ver seu reflexo na água, apaixonou-se por si mesmo e, incapaz de fazer algo além de amar-se, acabou morrendo. Esse mito deu origem ao termo “narcisismo”, que, para a Medicina, é um transtorno de personalidade que tem, como sinais, o comportamento egocêntrico e manipulador, a necessidade de reconhecimento e admiração e a preocupação excessiva com a aparência e o sucesso.
Chamar alguém de narcisista é comum hoje em dia e em muitos casos é correto. Contudo nesta era em que o exibicionismo é tão intenso, principalmente por conta da tecnologia, é preciso fazer um alerta.
Apenas amor…
Quando questionado sobre o primeiro de todos os Mandamentos, o Senhor Jesus respondeu: “… Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Marcos 12.29-31).
A premissa do cristianismo é justamente amar a Deus acima de todas as coisas e amar o próximo é uma forma de demonstrar esse amor para com Ele (Mateus 25.34-40), mas o amor ao próximo tem como condição amar a si mesmo e é aqui que reside a sutil cilada na qual muitos têm caído.
Você pode estar sendo narcisista!
Isso mesmo. Infelizmente, essa é a realidade de muitas pessoas. Há quem vá à igreja com frequência apenas para mostrar aos outros que considera que é importante ir à Casa de Deus e até para ser elogiado, em vez de ir para aprender a Palavra. Há quem possua um título eclesiástico para vangloriar a si mesmo e não pelo real desejo de servir a Deus e ao próximo. Há quem dê oferta, devolva o dízimo e evangelize só para mostrar que é fiel e caridoso, mas não necessariamente por estar disposto a obedecer os Mandamentos. Há quem poste reflexões nas redes sociais para conseguir curtidas e comentários, mas não com a intenção de propagar o Evangelho. Há quem pose para foto orando e a expõe na internet, mas suas orações giram em torno de si mesmo, de seus sonhos e de seus lamentos e talvez nunca tenha agradecido ao Senhor ou louvado-O intencionalmente.
Talvez você diga “não é bem assim, minhas intenções são boas”, mas olhemos de novo para Jesus. Ao ser chamado de “Bom Mestre” por um príncipe, Ele retrucou “por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus” (Lucas 18.19). Se Ele, que foi enviado ao mundo para ser o Perfeito Sacrifício, não era bom, podemos ser realmente bons?
Como amar corretamente?
Em Atos 8.21-22 lemos: “… o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração”.
Somos seres corrompidos pelo pecado, egoístas, arrogantes, orgulhosos, desobedientes e a raiz desse “narcisismo espiritual” nasce do mal que há em cada um de nós. O fim disso é o sofrimento e a morte eterna.
É impossível amar a Deus acima de todas as coisas se você ama a si mesmo mais do que tudo e se até aquilo que faz em Nome dEle é, na verdade, visando um benefício próprio, como a Salvação de sua alma. Aliás, é importante lembrar que a Salvação é concedida pela graça de Deus, graças ao Perfeito Sacrifício apresentado na cruz. Não é por méritos, tampouco por obras. A Salvação é única e exclusivamente pela graça e misericórdia dEle, que nos impele a agir em obediência, humildade, retidão, reconhecendo-O como Senhor e Salvador e “… não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis” (Colossenses 3.22-24).
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