Análise: Evangélicos são novo alvo da esquerda
Não é necessário estudar muito sobre o assunto para constatar que a fé evangélica sempre foi desmerecida no Brasil. Fanáticos, bitolados, “zé-povinho” ou simplesmente crentes foram, e ainda são, formas usadas para descrever pejorativamente quem crê nos Evangelhos e segue os ensinamentos de Jesus Cristo. Mas isso não é nada diante das inúmeras perseguições que os evangélicos enfrentam há muito tempo.
Para além da ridicularização e das injúrias estão as difamações, as calúnias e toda sorte de acusações que, em muitos casos, foram criadas apenas para fins de exploração por parte de veículos de comunicação inescrupulosos em matérias tendenciosas e descaradamente mentirosas. O resultado é quase sempre o mesmo: depois de muita briga jurídica são obrigados a conceder direitos de resposta que nunca chegam aos pés dos alardes promovidos sempre com endereço certo.
Há algumas décadas, com o crescimento do número de evangélicos, os poderosos começaram a perceber que a perda do controle de seus rebanhos era real. Afinal de contas, os evangélicos têm propósito, trabalham para o bem de todos e pregam uma fé que, para usar uma palavra popular, empodera as pessoas. Cristãos evangélicos aprendem que são capazes de mudar sua história, qualquer que seja ela, que têm direitos como qualquer outro cidadão, que têm capacidade para ser prósperos, que podem estar em todos os segmentos da sociedade, inclusive na política, e que, com Deus, podem conquistar tudo o que desejam. Esse é o verdadeiro empoderamento, logo, ele assusta.
Mas os ataques ferozes que objetivaram a divisão dos evangélicos para que se mantivessem na qualificação de “zé-povinho” causaram o efeito contrário e hoje o número de fiéis é superior ao que era há 30 ou 40 anos. É uma realidade indigesta para muitos que, atualmente, os evangélicos estejam em todas as camadas da sociedade, prósperos e reconhecendo e exercendo bem os seus papéis. Diante disso, a esquerda percebeu que era preciso mudar a estratégia.
Dessa forma, a “lacração” está tentando entrar pelas portas das igrejas com movimentos que querem trazer para esse ambiente de fé inteligente pensamentos mesquinhos, políticas identitárias e a velha estratégia de confundir, dividir e, então, conquistar. Essa parece ser a função da Frente Evangélica pelo Estado de Direito que, em entrevista a um site esquerdista, afirmou que a “fé evangélica é, sobretudo, uma fé de mulheres negras, pobres e periféricas” e que a bancada evangélica [na política] não “nos representa”.
A esquerda sempre busca desempenhar o mesmo papel: sequestrar a voz de todos, mostrando-se como representante oficial de todos.
Essa é uma tentativa de apropriação da fé de milhões de pessoas para definir que apenas mulheres negras e pobres são evangélicas de verdade. Ela quer impor a divisão de raças dentro das igrejas, locais onde tal divisão nunca existiu. Se há ambientes verdadeiramente plurais e tolerantes neste país são justamente as igrejas evangélicas, nas quais sempre houve uma diversidade orgânica. Negros, brancos, asiáticos, indígenas, sejam mendigos ou milionários, com ou sem estudo, todos sentam lado a lado, ouvem os mesmos ensinamentos e professam a mesma fé. E é essa unidade que a esquerda tenta destruir há muito tempo.
O que ela não sabe é que a verdadeira resistência não está com ela, mas com aqueles que ao longo de muito tempo têm ciência de que são vistos como ameaça aos interesses de muita gente, mas persistem em manter seus valores e crenças. Portanto aqui vai um recado aos fabricantes de toda sorte de caos: ainda estamos aqui e estaremos por muito tempo.
Patrícia Lages é jornalista