A ngústia, aperto no peito, taquicardia, falta de ar e dificuldade de concentração. Esses são apenas cinco sintomas, entre tantos outros, que caracterizam a ansiedade. O transtorno passou a ser discutido como uma das consequências da pandemia de Covid-19, mas já afeta os brasileiros há mais tempo. Desde 2017, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking de pessoas ansiosas em relação a outros países do mundo e, em 2019, quase 19 milhões de brasileiros já conviviam com o problema.

Infelizmente, os números não param de crescer. No último ano, houve um aumento de casos. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) publicaram um artigo no qual afirmam que 80% da população se sentia mais ansiosa, sendo que 63% dos entrevistados apresentavam sintomas físicos. Na mesma linha, um estudo do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) apontou que os casos de ansiedade aumentaram em 71% e que as mulheres foram as mais afetadas.

Há alguns anos, crianças e adolescentes também começaram a apresentar o problema. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mesmo antes da pandemia, cerca de 11% de integrantes desse grupo já sofriam com o transtorno.

Gatilhos perigosos
O excesso de atividades, de informações, de exigências e até de tempo gasto diante das telas está relacionado ao aumento no número de pessoas angustiadas com o amanhã, mas uma situação tem sido bastante evidente nos últimos tempos: a expectativa gerada durante a busca incansável por conquistas. Isso acontece quando uma pessoa tenta conquistar algo mas se frustra por não conseguir. Então, ela cria expectativas que geram preocupações com o amanhã. E, pouco a pouco, ela pode desenvolver o distúrbio. “É transtorno de ansiedade quando algo traz algum prejuízo para a vida da pessoa ou apresenta também reações fisiológicas”, explica a psicóloga Francinete Paulo.

Os gatilhos dependem de como cada pessoa lida com os eventos do dia a dia. “Não existe um motivo específico para a ansiedade”, diz a psicóloga, mas ela alerta que “quando não se presta atenção às causas, ela pode evoluir para a síndrome do pânico ou para a fobia social”.

Mudança de foco
No momento de uma crise de ansiedade, a recomendação é mudar o foco e respirar. “É necessário parar o que está fazendo e deixar aquela sensação ir embora. Normalmente, ela vem depois de um evento que trouxe desconforto.

Então, é preciso relaxar o corpo, mesmo sentindo palpitação ou um nó na garganta, esperar e depois rever o que desencadeou a crise”, diz a psicóloga. É importante ressaltar que não se deve recorrer à automedicação. Os medicamentos indicados para o tratamento causam dependência.

Combate à ansiedade
Como se blindar da ansiedade? É fato que quem sofre com o problema quer ajuda e essa conclusão também foi constatada por meio de um relatório do Google, que apontou que, só no primeiro semestre de 2020, aumentou em 191% a busca na web pelo termo “ansiedade”, seguido das frases “como lidar” e “como controlar”.

Mas, para combater a raiz do problema, há uma orientação dada há dois mil anos pelo Senhor Jesus em Mateus 6.31-34: “Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;

Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.”

Em uma reunião no Templo de Salomão, em São Paulo, o Bispo Renato Cardoso enfatizou que muitas pessoas tomam decisões precipitadas porque estão preocupadas com o futuro, que é incerto, e que, com base na passagem bíblica acima, “Deus nos ensina a viver o dia de hoje, o agora. (…) Toda hora, você vive só o agora, porque o futuro e o passado são só conceitos”.

Ele destacou que a vida tem seus desafios, mas que o ser humano não pode se entregar aos sentimentos. “Jesus falou: ‘Buscai primeiro o Reino de Deus’, ou seja, há uma coisa muito mais importante do que você resolver o problema do seu filho, da sua dívida, do seu familiar: é você estar em paz com Deus e ter sua Salvação”.

Sendo assim, é preciso estabelecer novas prioridades: “se você vive com Deus em primeiro lugar, toda a sua forma de ser e de agir será diferente. (…) Deus então garantirá que as coisas que você tanto se preocupa sejam acrescentadas em sua vida. O que você precisa, quando você menos esperar, Deus vai dando a você”, salientou.

Infância prejudicada
Alanis Vitória do Prado Silva, (foto abaixo) de 18 anos, fez parte da estatística de adolescentes com transtorno de ansiedade. Aos 11 anos, as brigas e as situações vividas em casa a levaram a buscar refúgio nas amizades e, por não ter ainda a personalidade definida, ela se deixou levar pelo que os supostos amigos tinham a lhe oferecer.

“Conheci as bebidas, experimentei drogas, fumei cigarro e passei a ficar com meninos. Isso se refletiu no meu comportamento em casa, pois me tornei uma filha rebelde. Eu ‘cabulava’ aula, mentia e escondia as coisas da minha família, que começou a perder o domínio sobre mim”, relata.

Por fora, Alanis tinha uma vida agitada, cheia de novidades e com uma dose de independência, mas o problema dela se intensificava quando a noite caía. “Quando eu ia dormir, sentia uma incerteza em relação ao futuro. Eu pensava que eu nunca seria alguém na vida”, conta. Outra situação a atormentava durante as madrugadas: apesar de muito jovem, Alanis já tinha um relacionamento com um rapaz mais velho, que a traía. “Essa situação gerou muita frustração. Eu me comparava muito com outras pessoas e me sentia inferior e surgiram os complexos”.

Além da ansiedade se manifestar nos pensamentos de Alanis, ela se manifestava também em seu corpo: “eu passava a madrugada chorando, meu coração ficava acelerado, meu peito doía e eu tremia muito. Na verdade, eu tinha um medo intenso do amanhã”. Durante muito tempo, Alanis tentou esconder o que vivia, mas os sintomas de que algo não estava bem passaram a ser mais visíveis: “algumas vezes, na aula, eu pedia para a professora para sair, porque eu não me sentia bem. Eu tremia da cabeça aos pés”.

As crises de ansiedade passaram a acontecer diariamente e com mais intensidade. “Eu, que era acostumada a sair com meus amigos, já não tinha mais ânimo para isso. Então, comecei a ficar só no quarto. Eu faltava muito na escola e minha mãe dizia que eu não tinha condições de estudar. Foi aí que deixei as aulas por algumas semanas”, destaca.

“Nessa época, além da ansiedade, eu já tinha desenvolvido depressão, síndrome do pânico e me automutilava”.

Diante desse quadro, a mãe de Alanis, que já conhecia o trabalho realizado pela Universal, recorreu à Fé. Alanis conta como reagiu à iniciativa de sua mãe: “eu não demonstrei interesse no início, mas, aos poucos, fui com ela e passei a querer saber mais sobre Deus. Então, conheci a Força Jovem Universal (FJU) e lá me falavam do que eu realmente sofria. Decidi obedecer em tudo e vi o resultado”, afirma.

Alanis entregou a ansiedade a Deus: “me batizei nas águas, me libertei de mim mesma e da dependência dos amigos e busquei o meu Encontro com Deus no Altar. Conforme fui mudando, as coisas foram se transformando também”.

Ela diz como está atualmente: “estou livre da ansiedade, da depressão e de tudo o que me fazia mal. Antes, eu tinha medo porque a minha vida estava nas minhas mãos, mas, quando a entreguei a Deus, não tive mais motivos para temer. Hoje sei o que é ser feliz de verdade”, finaliza.

“Minha mente era um turbilhão”
Os primeiros sintomas de ansiedade também surgiram na adolescência de Michael Medeiros, (foto abaixo) hoje com 34 anos. “Na época, eu sentia medo em algumas situações e tinha picos de ansiedade, mas pelo fato de ser algo sutil, eu não dava muita importância”, relembra. Segundo ele, a situação tomou maior proporção depois do fim de um relacionamento: “quando meu namoro acabou, todos os sentimentos de insegurança e preocupação excessiva com o futuro ‘explodiram’ dentro de mim e eu piorei”.

Michael conta que, para conter seu sofrimento, ocupava o seu tempo com inúmeras atividades: “eu trabalhava muito, deixava de folgar e ainda fazia faculdade. Eu dormia tarde e levantava cedo para tentar suprir o vazio que sentia”. Ele diz que, apesar disso, quando chegava em casa era inundado pelo medo do futuro. “A minha mente era um turbilhão.

Eu tinha medo de não conseguir me relacionar e achava que não encontraria alguém”, argumenta.

O corpo de Michael demonstrava o acúmulo de sentimentos e pensamentos negativos por meio de tremores. “Eu tremia desde a adolescência, mas, com o fim do namoro, a situação piorou. Além disso, eu sentia um forte aperto no peito.”

Passando noites sem dormir adequadamente e se sobrecarregando para não pensar nos problemas, as outras áreas da vida de Michael foram afetadas: “eu já não trabalhava direito e não tinha concentração para estudar. Os sintomas nos primeiros meses depois do término foram ainda mais intensos. Eu acordava todos os dias passando mal e com pensamentos negativos”.

Ele cita que nesse período recebia o apoio dos pais e dos amigos, mas que era limitado. Apesar de todos quererem o bem dele, eles não podiam livrá-lo de fato do transtorno. “Minha mãe me levou ao psiquiatra, que me prescreveu um tratamento à base de ansiolítico, mas eu consumia bebidas alcoólicas com o remédio. A bebida se transformava em uma bomba, eu saía de mim e me tornava outra pessoa”, completa.

A fase mais crítica do transtorno de ansiedade durou cinco meses e depois Michael continuou a conviver com ele: “passei quatro anos sofrendo. Eu colocava a cabeça no travesseiro e me perguntava o motivo daquilo ter acontecido comigo”. Foi nessa situação que ele conheceu sua esposa, Karine, que o convidou para ir à Universal.

Depois de algum tempo de resistência, ele assistiu à programação da igreja na TV e decidiu participar de uma reunião. “Cheguei ao Templo de Salomão e comecei a chorar muito, mas estava decidido. Então, fui até o Altar e entreguei minha vida a Deus.” Com o passar do tempo, Michael entendeu a importância de ter o Espírito Santo: “a minha experiência com Deus transformou o meu eu. Quando eu entendi que Ele era a resposta para tudo na minha vida, vi a mudança”.

Hoje, já são cinco anos na Presença de Deus. “Eu tenho um casamento e um trabalho abençoados. Tanto as crises de ansiedade como meus medos ficaram para trás. Mesmo que eu passe por lutas, tenho paz e sei que Deus está comigo”, conclui.

Ela tinha a sensação de que iria morrer
Foi também o trauma de um relacionamento malsucedido que virou de cabeça para baixo a vida de Sirlene Cristina de Fátima Campos, de 43 anos (foto abaixo). “Eu estava noiva e descobri que a pessoa com quem me relacionava estava envolvida com o tráfico. Foi um choque para mim porque já estava tudo pronto para o casamento. Essa situação, somada à preocupação com a faculdade e com a minha vida financeira, causou o transtorno”, diz.

No início, sem saber do que realmente se tratava, Sirlene foi a diversos médicos e todos afirmavam que eram os problemas dela que afetavam sua saúde mental. “Eu sempre imaginava como seriam o meu casamento, a faculdade e o meu futuro e, quando todo esse sonho desmoronou com o fim do noivado, fiquei sem chão e não sabia mais o que fazer”, destaca.

O que acontecia externamente era ruim, mas o maior problema estava em seu interior: “eu carregava um tipo de desespero e tinha uma sensação de morte. Por isso, não conseguia dormir. Algumas vezes eu tinha medo de tomar remédio e passar mal e outras eu queria tomá-lo para me acalmar. Era uma verdadeira confusão na minha mente.” O corpo de Sirlene expressava tudo isso por meio de taquicardia. “Eu ia ao hospital passando mal, mas a avaliação médica era de que não se tratava de nada físico.”

Os episódios de crise atrapalhavam a vida de Sirlene, já que ela tinha que sair do trabalho para ir ao hospital. “Isso me deixava ainda pior porque eu estava acostumada a cumprir meu horário certinho e tinha que largar tudo para ir ao médico e fazer exames. Eu ficava ainda mais ansiosa e cheguei a ter estafa”, revela.

Além da área profissional, outras também foram afetadas: “eu não tinha paciência com ninguém. Quando eu percebia, já estava me exaltando e, por isso, não conseguia mais me relacionar nem com familiares e amigos”.

A volta por cima de Sirlene aconteceu quando ela decidiu frequentar as reuniões da Universal e colocar em prática o que vinha do Altar. “Eu comecei a fazer correntes e a lutar contra meus pensamentos. Eu trocava os ruins por aqueles que me aproximavam de Deus. Então, fiquei mais tranquila e assim me libertei totalmente da ansiedade.

Aprendi a colocar nEle os meus medos.
Hoje sou casada e minha vida profissional é completamente diferente. Meu dia a dia é supercorrido, mas nada disso tira minha paz, meu sono e minha tranquilidade. Inclusive, hoje eu ajudo outras pessoas que têm os transtornos que tive e superei”, encerra.

Priorizar e confiar
Como mostrado nas histórias dos entrevistados, não existe fórmula mágica para aprender a lidar com as situações do dia a dia. É preciso investir no relacionamento com o Altíssimo e desenvolver a Fé, pois, dessa forma, é possível combater a insegurança com o futuro, como está escrito em 1 Pedro 5.6-7: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.”

A Palavra de Deus convida a todos que querem ter uma vida de paz a se colocarem abaixo dEle e O obedecerem. É preciso também lembrar que tudo acontece no tempo dEle. Portanto não queira acelerar o processo. Apenas confie em Deus.