Aprenda a se perdoar

Não é possível anular o passado, mas você não precisa revivê-lo, porque o perdão anula a culpa

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Quando uma pessoa erra, ela acaba se sentindo culpada. “Por que eu fiz isso?” ou “onde eu estava com a cabeça?” são questionamentos que surgem e que se não forem resolvidos acabam virando um peso que a impede de se levantar. É como se todos os olhos se tornassem holofotes e se voltassem para ela. Muitas pensam até que as coisas nunca mais serão como antes.

Por isso, perdoar a si mesmo talvez seja um dos maiores desafios a serem enfrentados. Muitos não se perdoam porque só conseguem enxergar os seus defeitos e não dão a si mesmos uma nova chance. No entanto o perdão vem do próprio Deus.

Em seu blog, o Bispo Edir Macedo aborda isso: “muitos não têm a mínima ideia da importância do perdão. Associam-no a algo corriqueiro que o tempo pode fazer apagar. Se fosse tão simples assim, com certeza, o Senhor Jesus não o colocaria como obrigatório no livro de Mateus capítulo 6, versos 14 e 15: ‘Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas’”.

Mas se Deus que é Justo Juiz perdoa, quem é você para não se perdoar? Parece uma pergunta forte, mas será que queremos ser mais do que o próprio Deus?

O Bispo Sidnei Marques (foto a dir.), responsável pelo trabalho da Universal no Estado do Ceará, ressalta que a dificuldade de se perdoar vem da ausência de fé em Deus e do fato da pessoa não ter se entregado totalmente ao Senhor Jesus. “O apóstolo Paulo nos ensina que nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus. Quando uma pessoa vive uma vida errada mas se arrepende, é preciso que olhe para a frente. Até porque se ela se arrependeu dos seus pecados e os confessou a Deus, Ele a perdoa e já não se lembra mais. ‘Diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados’, como está em Jeremias 31, verso 34.”

Ele explica que o maior campo de batalha espiritual acontece na nossa mente: “o diabo trabalha com pensamentos contrários aos de Deus e o ser humano fica entre o que vem de Deus e o que vem do diabo, mas é ele quem escolhe a palavra que vai aceitar. O ser humano é dotado de inteligência para optar pelo melhor. Por isso, quando o mal tentar colocar um pensamento ruim e condenatório, combata essa dúvida se apoiando na Palavra de Deus”.

Deus vai querer me ouvir?
Com o uso da inteligência e ao intensificar sua comunhão com Deus, Luis Willian Pires, de 27 anos (foto a esq.), se perdoou. Ele era usuário de drogas e viveu sete anos no crime. Aos 13 anos ele passou a conviver com más companhias e provou álcool e depois cocaína. “Lembro que gostei desde a primeira vez que usei. Me senti corajoso, forte e com uma sensação de bem-estar.”

Willian já trabalhava para ajudar no sustento da família, mas foi demitido porque foi pego roubando para sustentar o vício. Ele recebeu uma proposta para trabalhar na boca-de-fumo, como “aviãozinho” (entregador de drogas) e não demorou muito para que passasse a traficar no bairro onde morava. Não contente com o fato de ganhar dinheiro com o tráfico, ele passou a fazer assaltos.

A mãe de Willian frequentava as reuniões da Universal, mas parecia que as coisas só pioravam. “Fui preso 17 vezes, somando as detenções em delegacias e na Fundação Casa. Lembro que minha mãe saía da Igreja para ir me buscar na delegacia.”

Ele se recorda que aquela vida começou a ficar fora de controle. “Eu já tinha travado uma guerra com a polícia, com traficantes de facções rivais e até com vizinhos. Acabei entrando em uma briga com um morador e infelizmente a confusão resultou em um homicídio.” Na época com 17 anos, Willian ficou foragido por quase dois meses, até ser encontrado e encaminhado para a Fundação Casa de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo.

É possível mudar
Willian conheceu a Universal enquanto estava preso. “Eu não gostava de igrejas nem de ouvir falar de Jesus, mas foi em um evento que a Igreja fez que ouvi o testemunho de um jovem que havia saído da vida do crime e se entregado a Deus. Naquele dia, decidi entregar a minha vida também, mas pensava que não havia mais perdão para mim. Me perguntava se, pelo fato de eu ter tirado a vida de uma pessoa, Deus iria realmente me aceitar. Quantas vezes, ainda dentro da Fundação Casa, eu ia orar e às vezes travava durante minhas orações e a pergunta era a mesma: ‘será que Deus vai ouvir um homicida?’”

Após um ano e quatro meses, Willian recebeu a liberdade e continuou frequentando a Igreja. “Me lembro que, embora tudo parecesse estar bem, no meu íntimo eu sentia um peso. Às vezes ficava com vergonha de falar com as pessoas sobre o meu passado, mas descobri que eu mesmo não havia me perdoado. Foi aí que resolvi me perdoar e foi como se eu tivesse tirado um fardo das costas. Me senti livre! Hoje eu penso que o passado é como a roupa que não cabe mais em seu corpo: só serve para ser jogada fora. Você se lembra dela, mas ela não cabe mais em você. Não é possível apagar o passado, mas não precisamos revivê-lo, porque o perdão anula a culpa.”

Há nove anos Willian está livre e permanece na fé. Hoje ele ajuda outras pessoas que estão na mesma condição que ele esteve. Ele e a esposa, Amanda, de 26 anos, fazem a Obra de Deus na cidade de Maceió, em Alagoas.

Eles não se perdoavam
A empresária Camila Schmidt, de 34 anos (foto acima), sentiu na pele a culpa por seus erros. Ela viveu por muitos anos na prostituição, mas mudou de atitude e acreditou que poderia recomeçar sua vida. Então, Camila reencontrou um amor de infância, o gestor ambiental Moises Augusto Schmidt, de 33 anos (foto acima). Eles passaram a se envolver, mas, por vergonha e por não ter se perdoado pelo que fez, ela não contou ao companheiro a vida que levava antes. Ela não acreditava no perdão de Deus, muito menos no perdão de alguém. “Eu me sentia suja, achava que iria carregar sempre aquele peso, que as pessoas não confiariam mais em mim e, por isso, não falava do meu passado para ninguém.”

Porém Moises descobriu por terceiros e passou a julgá-la, apesar dele também cometer erros e ter vícios, como conta: “sempre fui rebelde e impulsivo. Comecei a beber cedo e a usar drogas como crack, cocaína e
lança-perfume. Eu usava de tudo.” Mas Moises passou a ter mágoa da companheira a ponto de maltratá-la. Ele chegou a quebrar o dedo do pé dela em uma briga. Moises lembra que a julgava, mas que também se acusava: “eu não queria fazer aquilo, mas não sabia como mudar”.

Por causa de tudo isso, ela decidiu ir à Universal. Camila lembra que chegou descrente, mas, participando das reuniões e buscando por si e pelo companheiro, a situação foi mudando. A mudança só começou de fato quando ela entendeu que não existe pecado grande ou pequeno e que todos que se arrependem verdadeiramente recebem o perdão de Deus.

Recomeço
“Eu precisei perdoar a todos que me magoaram para depois me perdoar e assim receber o perdão de Deus.” Após dois anos na Universal, Camila conseguiu que o marido também conhecesse essa fé. Moises entendeu que não poderia julgar a esposa se ele mesmo vivia de uma maneira errada. “Eu também era promíscuo e vivia no vício. Ao reconhecer isso, consegui perdoá-la e me perdoar.” Moises está há quase um ano na presença de Deus.

O casal enfatiza que tudo mudou quando se entregaram de verdade a Deus. “Eu orei, jejuei, acordei de madrugada, nada nem ninguém me impedia de permanecer na fé”, finaliza Camila. Hoje eles são pais da pequena Mya, de 3 anos, e juntos são exemplo para todos que os conheceram antes e depois da fé. A história deles mostra que o perdão é capaz de libertar e transformar a família.

Infância marcada
Já a auxiliar de serviços gerais Dirley Adna Concita Silva, de 51 anos (foto a dir.), demorou para se perdoar. Ela relata que cresceu sem referência familiar e se via como uma pessoa imprestável. Por causa da falta de estrutura, Dirley se tornou uma adolescente indisciplinada e fugiu de casa para viver sua vida.

Aos 15 anos, ela se apaixonou por um rapaz que prometeu cuidar dela, mas não foi bem assim que as coisas aconteceram. Dirley foi violentada por ele e mais quatro amigos. “Confiei nele, pois achava que era o grande amor da minha vida.”

Depois disso, ela foi abandonada, se envolveu no mundo das drogas e tentou tirar a própria vida, se automutilando. Em busca de uma solução, Dirley passou a frequentar algumas religiões, mas tudo só piorava. Com isso, ela entrou para o mundo da prostituição e passou a se envolver em relacionamentos com pessoas que levavam a vida no crime. Se tornou o que é conhecido como “mulher de bandido”.

Ela tinha mágoa do pai pelo que vivia e não se perdoava por ter chegado naquela situação. “Meu sofrimento não me deixava enxergar que não valia a pena guardar mágoas e a cada dia eu me afundava ainda mais.”

Querendo uma mudança, Dirley conheceu o trabalho da Universal. “Eu não gostava da Igreja, mas na Universal recebi os cuidados dos pastores e obreiros que me ajudaram a entender que eu poderia recomeçar.”

Aos poucos, Dirley foi percebendo que precisava se perdoar se quisesse prosseguir na fé. “Quando temos mágoa e não conseguimos nos perdoar, nada ao nosso redor progride. Ficamos presos ao que passou. É horrível. Isso nos torna pessoas sentimentais”, ressalta ela, que percebia que faltava algo para mudar sua vida completamente.

“Um dia eu parei para pensar. Será que valeria a pena eu guardar mágoa do meu pai? Foi aí que eu consegui me libertar da mágoa. Fui até ele e lhe pedi perdão e o mais importante me perdoei”. Ela está há 11 anos está na Igreja e diz que hoje tem uma vida que jamais imaginou que fosse possível. “Tirei um peso de dentro de mim. Hoje o passado serve só como lição de vida”.

Por meio do Projeto Raabe, ela ajuda outras mulheres que estiveram na mesma situação. Esse projeto da Universal apoia mulheres e oferece um suporte emocional e espiritual por meio de aconselhamentos e cursos om o intuito de resgatar a autoestima e incentivar a autoconfiança e o amor-próprio.

Assim como essas pessoas, você, leitor, pode se perdoar. Faça uma oração agora aí mesmo onde você está. Esvazie seu coração desse peso, confesse tudo e aceite o perdão de Deus. Perdoe quem lhe feriu e se perdoe também. Em seguida, volte para os braços dEle.

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Colaborador

Maiara Máximo / Fotos: Fotolia, Demetrio Koch e Tatiane Mazeika Oliveira